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Grupo de dança GRUA ensaia uma retomada das ruas, um recomeço, na performance itinerante ‘Aquilo que deixamos para depois’

Em São Paulo – Entre os dias 17 e 20 de janeiro, o grupo de dança GRUA apresenta a performance itinerante Aquilo que deixamos para depois, contemplado pelo 29º Programa Municipal de Fomento à Dança Para a Cidade de São Paulo. Partindo da Praça Roosevelt em direção a espaços do entorno, o grupo constrói dali seu percurso de atuação.

As apresentações acontecem três vezes ao dia, totalizando doze sessões, que são o resultado de um processo que teve duas etapas iniciadas durante a crise sanitária. A primeira foi a residência artística de três meses, na Casa do Povo (Bom Retiro), em parceria com o grupo Mexa, e a segunda voltou-se para a criação dessa performance.

(Foto: Leandro Moraes)

Durante o processo de residência, que ainda irá se desdobrar em um material audiovisual, os trabalhos foram feitos em duos ou trios devido à recomendação de distanciamento social. Lá, foram experimentadas trocas artísticas com proposições dramatúrgicas de João Turchi e do Grua, e com o acompanhamento e as provocações da dramaturgista do corpo Rosa Hercoles.

A busca por conexões com corpos plurais e diversos está expressa por meio da participação das artistas convidadas Taty Dell Campobello e Luisa Brunah (atrizes e performers), que participaram de todas as etapas do projeto e cujas atuações afetam e reconfiguram as escolhas artísticas do grupo ao proporem modos e materialidades distintas, provocando novos atravessamentos no processo de formalização desta performance.

O encontro com o Mexa mobilizou questões inevitáveis para seguir pensando acerca das intervenções artísticas urbanas. Reflexões como os estereótipos, a intolerância, a misoginia, o racismo estrutural, a masculinidade tóxica, o crescimento da desigualdade social e a perda de direitos, entre outros, pedem mais do que nunca uma revisão acurada e um destaque em todos os campos de conhecimento, e a arte tem um papel central nessa discussão. E é este jogo de perspectivas, criado a partir dessa realidade caótica e desigual, que potencialmente interessa ao GRUA. Assim como, “a possibilidade de criar rupturas entre as lógicas estabelecidas nas práticas do grupo”, segundo Willy Helm, um dos diretores do grupo.

Aquilo que Deixamos Para Depois também reforça rumos distintos, pensados pelo grupo nos últimos anos, sobretudo, na performance Se7e, criada em 2018. “Lá nós nos interessávamos pelas questões relativas aos privilégios e dos valores culturais associados à masculinidade, sempre a partir de um diálogo artístico e de uma composição cênica em tempo real, por meio do improviso. Em Aquilo que Deixamos Para Depois, nos aproximamos mais ainda destas questões , em decorrência dos nossos cruzamentos com o Mexa”, conta Helm.

Desde o início do processo criativo, o grupo investiu no repertório de cada artista, visando a descoberta de outras possibilidades dentro do jogo de improviso. “Desta forma, reunimos, coletivamente, imagens e propostas de ação, no sentido de conectá-las e organizá-las para performance. Pensamos em roteiros como condutores do jogo de improviso, não como algo fechado, mas, sim, como um procedimento que poderia ser reconfigurado durante as apresentações”, comenta.

GRUA — Gentlemen de Rua, grupo composto por artistas que trazem em seu nome e proposta, desde 2002, um pensamento direcionado para a exploração de possíveis relações com a cidade. Artistas que experienciam o espaço urbano como observadores, acompanhando os acontecimentos em seu entorno, propondo uma dança torrencial a partir de suas ações, feita de nexos de conexão com o lugar. O refinado jogo de percepção e escuta desenvolvido pelo grupo alcança tamanho sinergismo que estruturam um modo de improvisar com características próprias de cooperação, de intervenção, de conexão com os lugares e de ressignificação dos paradigmas do humano urbano.

SINOPSE

Ainda atravessado pela crise sanitária, o trabalho aponta para o desejo do grupo de descobrir novos modos de existência na cidade, tornando os corpos passantes cúmplices de uma investigação que desnuda questões presentes na história do grupo. Aquilo que Deixamos Para Depois ensaia uma retomada das ruas, um recomeço, diante de um processo que busca problematizar aquilo que o grupo entendia por corpo e cidade.

FICHA TÉCNICA

Coordenação do projeto: Jorge Garcia, Osmar Zampieri e Willy Helm

Direção Grua: Jorge Garcia, Osmar Zampieri e Willy Helm

Grueiros: Emiliano Manso Aka Alexandre Magno, Fernando Martins, Roberto

Alencar, Jerônimo Bittencourt, Jonatan Vasconcelos, Vinícius Francês, Jorge Garcia e Willy Helm.

Artistas Convidadas: Luiza Brunah e Taty Dell Campobello.

Dramaturgista: Rosa Hercoles.

Trilha: Fernando Martins.

Filme Performance: Osmar Zampieri.

GRUA digital: Danusa Carvalho e Lud Picosque.

Figurino e acessórios: João Pimenta, Luiza Brunah e Taty Dell Campobello.

Produção: Lud Picosque / Corpo Rastreado.

Design Gráfico: Renê Loui

Mídias Sociais: Portal MUD.

Fotografia: Leandro Moraes.

Aquilo que Deixamos Para Depois

17 e 18 de janeiro, segunda e terça-feira, às 16h, 18h e 20h

19 e 20 de janeiro, quarta e quinta-feira, às 9h, 11h e 13h

Local: Praça Roosevelt

Gratuito | Capacidade Indeterminada | 60 Minutos | Livre

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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