Obedecendo os protocolos contra o Covid19, o Subsolo – Laboratório de Arte convida o público para ver as exposições individuais de cinco artistas visuais: Regina Dutra, Afrânio Montemurro, Antiopy Lyroudias, Salete Lottermann, Tiago César e uma performance do também artista visual Eduardo Verderame. A abertura acontece no dia 6 de novembro de 2021, sábado, entre as 11h e 18h, e a performance às 16h, na Rua Proença, 1000, em Campinas (SP). A partir de agora, o espaço cultural, que tem à frente o curador Andrés I. M. Hernández e o produtor cultural Danilo Garcia, inova ao incorporar o formato de curadorias compartilhadas com outros curadores e artistas visuais.
“Regina Dutra no Subsolo” é uma retrospectiva da carreira da artista que prioriza os processos cerâmicos, a pintura, o desenho, a escultura, as instalações e os ecoprints. Dutra chega ao espaço cultural através da pesquisa de Hernández para o livro Transgressões Cerâmicas, lançado em maio deste ano. “Foi uma surpresa muito grande encontrar uma artista com uma pesquisa tão profunda na cerâmica, e de quem eu ainda não tinha ouvido falar. Na nossa primeira conversa tive o prazer de conhecer suas obras e perceber a força de sua pesquisa”, explica o curador Hernández.
As obras de arte da artista estarão expostas nas quatro salas do primeiro andar da casa. Lá o público poderá admirar o Livro de Artista em cerâmica, esculturas, aquarelas e desenhos feitos em muitas cores e formas, com detalhes intrigantes e provocantes como a série de corações.
Dutra, que tem formação em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), atuou durante as décadas de 1970 e 1980 como professora universitária e chegou a trabalhar na área de Cultura e Pesquisa Artística, na Secretaria Municipal de São Paulo.
Literalmente no subsolo
Descendo as escadas, logo na primeira sala, o visitante vai encontrar as obras de arte do artista visual Afrânio Montemurro em “Compêndio de História Natural”. Montemurro explora diversos materiais em sua pesquisa, vai da cerâmica ao papel vegetal, passa pela fotografia e a colagem. Nesta mostra, ele levará a produção realizada entre 2020 e 2021, obras de arte durante o estado de isolamento em razão da pandemia do Covid19. Hernández em sua pesquisa, considera Montemurro um sucessor do movimento modernista de Campinas que contava com Mário Bueno, Tomaz Perina, Francisco Biojone, entre tantos outros renomados artistas que formaram o Grupo Vanguarda.
As obras de arte de Montemurro nos desafiam a pensar, a divagar, a ficar no silêncio. Com diz Françozo em seu texto sobre a mostra, o artista como é “de seu costume, puxou fios e escreveu o sutil, o delicado. Nas caminhadas, encontrou formas, cores e juntou o inesperado. O que faz o artista é mostrar o que não pode ser visto, o que está sob o visível”.
Pensar o espaço arquitetônico para expor as obras de Montemurro foi uma elaboração feita a seis mãos na função de curadoria, o próprio artista, Françozo, que também é um artista visual e está no livro Avanti Campinas, lançado em 2019, e Hernández. “Esta é uma forma de trazer a discussão do próprio artista e de outras pessoas envolvidas com a arte, ou não, para que aconteçam mais trocas de ideias e diferentes visões. A arte vive de respirar novos ares”.
A sala à esquerda e à direita
Passando a primeira sala, o público encontrará à esquerda a sala onde estará “Pau-brasil – Vermelho como uma brasa”, de Antiopy Lyroudias. Estrangeira no país do Pau-brasil, ela faz um “catálogo” das questões que envolvem especificamente esta árvore em relação ao Brasil. “Lyroudias traz um inventário particular onde as técnicas tradicionais da arte se desmancham em conteúdo, conceito, percepção e sensorialidade à flor da pele”, declara Hernández.
Atuando na curadoria compartilhada, a artista visual Isabela Senatore, que é professora de fotografia de Lyroudias, aponta que a fotografia e o olhar estrangeiro de Antiopy foram ferramentas fundamentais nessa pesquisa e documentação. “O pau-brasil é uma árvore originária da Mata Atlântica e a artista ampliou a sua pesquisa fotografando remanescentes desta mata em Campinas (SP), onde vive”, explica Senatore. E dessa pesquisa, resultou um livro de artista sobre a Mata Atlântica e a variedade desse bioma que também estará na mostra. Lembrando que Antiopy Lyroudias tem um texto e Isabela Senatore uma fotografia no livro Avanti Campinas.
Já a exposição da artista visual Salete Lottermann, que vem de Marechal Cândido Rondon, interior do Paraná, estará na sala à direita do corredor. Segundo Hernández, a artista foi outro achado durante o processo de seleção para o livro Transgressões Cerâmicas. Lottermann traz para a mostra sua pesquisa sobre as mulheres artistas do passado e os obstáculos enfrentados para assumir essa posição. E para dialogar sobre seu tema, ela convidou três artistas de Campinas: Ana Friedlander, Andrea Mendes e Norma Vieira, que emprestaram seus vestidos, carregados de memórias pessoais, para provocar a reflexão sobre a importância das pesquisas das mulheres artistas dentro do contexto das artes visuais.
A curadoria desta exposição é dividida entre Hernández e Aurora Martínez, que é curadora de arte, crítica e historiadora colombiana, que após passar pelos EUA, República Dominicana e Senegal – produzindo e curando projetos artísticos – chega ao Brasil e dá continuidade ao seu trabalho estreando no Subsolo. Sobre a Lottermann e sua pesquisa, Martínez pontua que “na sua própria linguagem plástica, Salete cria esculturas de vestidos como fragmentos de memórias vividas por ela própria, entrando num espaço autobiográfico onde a peça, transformada em cerâmica, parece ser uma força de fronteira entre os tempos… um passado que se expressa a partir do impulso desde o ventre da energia feminina de criação”.
Projeto Passa 4.5
O outro espaço ocupado será o Projeto Passa 4.5, uma parede que vem recebendo obras de arte em diversas exposições. Desta vez, será a vez do artista visual Tiago César com a instalação “¿A donde vá?”, pintada por ele dias antes da abertura. Para Hernández, “Tiago César articula as modalidades artísticas contemporâneas com força e potência ao construir ‘¿A donde vá?’. A instalação deixa em evidência como cada caminho corresponde também a veredas possíveis, desejáveis, discrepantes”, coloca ele. Na sua análise, “o artista vai demarcando suas trilhas particulares nas construções artísticas que se concentram em extrapolar a partir do campo expandido da pintura, os desdobramentos de uma concentração arguitiva da política da arte e da incorporação da vida na arte em esculturas e instalações sensoriais que atravessam os vórtices das técnicas tradicionais para explodir em arte contemporânea”.
Fechando o sábado da abertura das exposições, o artista visual Eduardo Verderame fará sua performance ao acender “Fogo do esquecimento”, às 16h. A ação faz parte de um projeto colaborativo em que todos são convidados a enviar para ele ou levar objetos, cartas, fotos, lembranças, escritos, desenhos, relatos, roupas etc, de preferência relacionados à vida pessoal, dos quais os participantes queiram de modo voluntário se desfazer. E assim ele constrói sua “fogueira do esquecimento”.
Segundo Verderame, “o fogo é o elemento purificador e libertador da memória e da história individual de cada participante” e complementa “o sentido que você dá ao ato de queimar é de sua responsabilidade”. Durante a performance, será feito um vídeo que depois ficará passando na televisão da biblioteca do Subsolo.
Subsolo – Exposições individuais
Abertura: 6 (sábado) de novembro de 2021
Horário: das 11h às 18h; às 16h – performance
Visitação: de 8 de novembro a 12 de dezembro de 2021 – com agendamento pelos celulares: (11) 94965-5722 ou (11) 98259-0966, das 13h às 17h
Local: Subsolo- Laboratório de Arte – Rua Proença, nº 1000 – Campinas-SP
Obrigatório o uso de máscara, álcool em gel e manutenção de distanciamento
Faixa etária: livre
Entrada gratuita
(Carta Campinas com informações de divulgação)