Em São Paulo – Entre o visível e banal do mundo e a sua assimilação através dos sentidos, está o que não pode ser traduzido em palavras. Este fluxo sutil das “entre coisas” move o trabalho realista de Bruno Passos, que utiliza de preceitos da pintura clássica, com uma leitura contemporânea, para convidar o público a sentir e estar presente. Um conjunto destas obras será exibido em Há coisas entre nós que não dizemos em voz alta, exposição que está em cartaz na Galeria Kogan Amaro.
Estilista de formação, Bruno Passos teve seu primeiro contato com a pintura há oito anos, após conhecer um livro do pintor Henri Matisse (1869-1954). Desde então, o artista se dedica à técnica, a expandindo recentemente para o suporte da escultura. “A arte e a moda são expressões interconectadas, mas, ao mesmo tempo, prefiro me dedicar a apenas uma delas para me aperfeiçoar. Meu próprio pensamento escultórico utiliza da premissa de uma pintura para esculpir. Via de regra, eu não me imagino fazendo nada a não ser pintar ou fazer esculturas”, comenta o artista.
Para a mostra, serão exibidos trabalhos produzidos durante o período da pandemia da Covid-19. As esculturas foram criadas há cerca de um ano e a maioria das pinturas nasceram durante a residência do artista na FAMA Museu. As obras feitas na instituição sediada em Itu, no interior de São Paulo, possuem uma ligação com o espaço, um galpão tombado de aproximadamente 400m2 utilizado por Passos como ateliê, incorporando a sua textura, escala e características sobre a tela.
A dificuldade em importar tecidos do exterior levou o artista a se adaptar às ferramentas disponíveis e nada convencionais, como facas e machados, e materiais utilizados durante uma reforma no local, como tablados de madeira. Apesar disso, todos os trabalhos respeitam o preceito da conservação. Sobre a obra do artista, o historiador Leandro Karnal, convidado a elaborar um texto crítico da mostra, comenta: “As ‘entrecoisas’ surgem com muitos suportes, desde o óleo sobre a tela até o compensado naval. Bruno experimenta. O cinzel pode ser substituído, em algumas esculturas, pela faca. Serão notados golpes de machado em outras pinturas. Há um barbarismo estetizante e cheio de energia. A tinta acrílica e suas fronteiras fortes deve dialogar com o oriental e sóbrio nanquim. Nada fica muito fixo como método.”
Todas as obras são criadas a partir de experiências pessoais do artista em expedições pelo Brasil, como o Vale do Ribeira, no Petar, em São Paulo; praia de Maranduba, em Ubatuba; Rio Verde, em Goiás e o Rio Xingu, no Mato Grosso. “Nesses lugares eu desenvolvo uma série de esboços e os deixo guardados por meses. Depois de um tempo, os recupero e vejo o que ainda se sustenta e tem força para eu começar a produzir no estúdio”, explica Passos.
Com a intenção de criar um trabalho sensorial, sobretudo acima da lógica descritiva, o artista retorna ao sentido etimológico da palavra Estética, que significa compreensão do mundo através dos sentidos. “O país de Bruno está imerso no que o artista denominou a ‘universalidade brutal dos sentidos’. Suas obras gritam contra a padronização atual, contra o ‘chapamento’ do real pelos discursos de marketing pessoal. Ele deseja o que pulsa, o que repulsa, o que atrai e choca. Bruno é seduzido pelo ser”, reflete Karnal.
Ao longo da mostra, Bruno Passos promoverá duas rodas de conversa abertas ao público. Os encontros pretendem difundir e ampliar de maneira gratuita o conhecimento dos processos artísticos entre colegas de profissão e apreciadores de arte. As conversas acontecem nos dias 2 e 23 de outubro, das 11h às 14h, com vagas limitadas e inscrições pelo telefone (11) 3045-0755/0944 ou e-mail atendimento@galeriakoganamaro.com.
A Galeria Kogan Amaro funciona de segunda a sexta-feira, das 11h às 19h, e aos sábados, das 11h às 15h. com número limitado de visitantes, uso obrigatório de máscara, além da disponibilização de álcool em gel e orientação de distanciamento mínimo de 1,5 metro entre clientes e colaboradores.
Há coisas entre nós que não dizemos em voz alta de Bruno Passos
Curadoria: Marcos Amaro
Texto crítico: Leandro Karnal
Local: Galeria Kogan Amaro
Abertura: 25 de setembro, sábado, das 11h às 17h
Período expositivo: 25 de setembro a 30 de outubro de 2021
Endereço: Alameda Franca, 1054 – Jardim Paulista
Horário: segunda à sexta, das 11h às 19h e aos sábados, das 11h às 15h
Informações: telefone (11) 3045-0755/0944 ou e-mail atendimento@galeriakoganamaro.com
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(Carta Campinas com informações de divulgação)