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Empregada doméstica não foi mais para Disney e Paulo Guedes pôde lucrar R$ 28 milhões

Em 12 de fevereiro de 2020, Paulo Guedes fez uma famosa e preconceituosa declaração em favor da alta do dólar e que agora parece ter sido esclarecida com o vazamento do Pandora Papers. Na época, ele disse que a taxa de câmbio mais alta é “boa para todo mundo”, mas não disse que para ele era melhor ainda. Na realidade, a alta do dólar não é boa para todo mundo. E Paulo Guedes sabe bem disso.

(foto Tânia Rego – ag Brasil)

O vazamento do Pandora Papers revelou que o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, lucrou até R$ 28 milhões com a alta do dólar no Brasil, segundo reportagem sobre o vazamento.

De acordo com o texto, em janeiro de 2019, cinco anos depois de abrir a offshore e depositar 9,55 milhões de dólares, Guedes ganhou a pequena fortuna apenas com a variação do dólar. Isso no período em que ele esteve como Ministro da Economia do Brasil. Mas isso já vinha acontecendo desde 2014 e todas as vezes que o dólar aumentava. Mas em 2019 ficou mais fácil, Guedes passou a comanda a cotação do dólar e lucrar com a alta.

E ele se empenhou para isso. Para defender seus ganhos individuais, naquela data, 12 de fevereiro de 2020, ele foi preconceituoso e disse que o dólar numa cotação mais baixa até mesmo “empregada doméstica” estava viajando para a Disney, nos Estados Unidos.

“Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vou exportar menos, substituição de importações, turismo, todo mundo indo para a Disneylândia. Empregada doméstica indo pra Disneylândia, uma festa danada. Mas espera aí? Espera aí. Vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai ali passear nas praias do Nordeste, está cheio de praia bonita. Vai para Cachoeiro do Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu. Vai passear no Brasil, vai conhecer o Brasil, que está cheio de coisa bonita para ver”, expeliu Guedes.

Com isso, Guedes deixou o dólar subir junto com sua fortuna, que está diretamente ligada à ação de Guedes no Ministério da Economia. Guedes assumiu o cargo de ministro da Economia com a eleição de Bolsonaro, que tem como responsabilidade muitas decisões que afetam a vida do brasileiro e seus próprios investimentos no exterior, inclusive tem poder sobre a variação do dólar, dependendo da decisão que tomar.

Quando fez a conta no Paraíso Fiscal, a quantia de 9,55 milhões de dólares era equivalente a R$ 23 milhões. Mas em seu governo, o dólar valorizou e o dinheiro de Paulo Guedes deu um salto de R$ 28 milhões durante todo o período. “O valor hoje corresponde a 51 milhões de reais”, diz a reportagem da Revista Piaui.

A revelação faz parte de uma reportagem do Pandora Papers, projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, o ICIJ, com sede em Washington, DC. O consórcio teve acesso a 11,9 milhões de documentos sobre offshores em paraísos fiscais. A investigação dos Pandora Papers reúne mais de 600 profissionais em 117 países e territórios. Além do ICIJ, outros 150 veículos participam do trabalho. Integram o projeto no Brasil a revista piauí, os sites Poder360 e Metrópoles e a Agência Pública. Participaram deste trabalho Allan de Abreu e Ana Clara Costa (reportagem), Armando Antenore e Fernanda da Escóssia (edição), Plinio Lopes (checagem), Ana Martini (revisão), José Roberto de Toledo (coordenação do projeto) e André Petry (direção de redação). (Veja reportagem completa AQUI)

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