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Em busca de uma cena antropofágica: Estelar de Teatro estreia ‘A Máquina dos Sonhos’, segunda parte de Matriarcado-América, entre ritos e devaneios

Online – Gravada entre São Paulo e Paris, a peça digital MATRIARCADO-AMÉRICA segue em cartaz até o dia 19 de setembro com a sua segunda parte “A Máquina dos Sonhos” no Canal do Youtube da Estelar de Teatro. Com cenas filmadas nos túmulos de Alan Kardec, Edith Piaff e Oscar Wilde localizados no famoso cemitério Pére Lacheise, o espetáculo é o desdobramento da investigação de mais de 15 anos da Estelar de Teatro, que busca uma voz feminina não só nos temas, mas também em um continente em ebulição e sedento de novas imagens. Apesar de ser uma continuação, a peça digital pode ser acompanhada de forma independente, sem a necessidade de ter assistido a primeira parte.

Com dramaturgia de Viviane Dias, que divide a direção com Ismar Rachmann e edição de Vic Von Poser e Taurina Filmes, MATRIARCADO-AMÉRICA traz à cena questões éticas e estéticas fundamentais do Brasil da pandemia e foi dividida em duas partes: A Sociedade das Eróticas em Menopausa (já apresentada em ambiente virtual) e A Máquina dos Sonhos (até 19 de setembro, de quinta-feira a domingo, às 19h30).

MATRIARCADO-AMÉRICA apresenta uma Organização de Mulheres Eróticas em Menopausa, que com a ajuda de uma Máquina de Sonhos e um espírito de mulher chamado “Jesusa”, reencarnado mais de 30 vezes na América Latina e sempre morto por feminicídio, escreve uma nova Bíblia Antropofágica instaurando novas realidades poéticas, éticas e mágicas no continente. O texto inédito, inspirado pela “devoração” de importantes autoras latino-americanas, ainda pouco conhecidas no Brasil como a boliviana Maria Galindo, a chilena Lina Meruane, a nicaraguense Gioconda Belli, a mexicana Elena Poniatowska, também bebe na fonte dos pensadores David Kopenawa, Sidarta Ribeiro e Aílton Krenak.

Cena antropofágica

Realizada com o apoio do Programa Municipal de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, MATRIARCADO-AMÉRICA à semelhança das minisséries, se desenvolve em dois episódios. A pandemia, os desafios das mulheres contemporâneas num mundo patriarcal e especialmente a menopausa, como época de vida e de potência, são temas do primeiro episódio A Sociedade das Eróticas em Menopausa.

Já no segundo episódio A Máquina dos Sonhos, a linguagem muda, em diálogo com os sonhos, que vão sendo instaurados, e as bordas entre ficção e realidade são mais sutis. Na busca de uma cena antropofágica, com muita presença da música original, há uma aliança entre as mulheres mortas e as vivas para que possam encarnar numa América Latina mais potente.

Para a autora, diretora e atriz Viviane Dias, MATRIARCADO-AMÉRICA busca dialogar com a intensa movimentação política, social e cultural na América Latina ainda pouco observada no Brasil apresentando um conjunto de questões éticas e estéticas. “A peça valoriza mulheres em vários campos do saber na busca de uma cena antropofágica, porosa e inventiva em intersecção com as artes e com forte presença do sonho, do rito e do devaneio”, explica ela.

Voz das mulheres

Para a Estelar de Teatro, a estreia de MATRIARCADO-AMÉRICA dá continuidade e verticaliza uma ampla investigação de descolonização. Entendendo o imaginário como campo de disputa importantíssimo, o grupo evoca vozes femininas de toda América Latina num projeto de desmonte criativo de uma das maiores feridas históricas do continente: o patriarcado, um sistema complexo de opressões que machuca mulheres e também homens.

“Sim, já entendemos que quando a voz das mulheres entra no mundo, todos os mapas se alteram, e que a voz das mulheres é um rio caudaloso que abre espaço para outras vozes silenciadas. Agora apostamos na subversão criativa de autoras espelhadas pelo continente na crença que a arte, uma das mais potentes tecnologias humanas, é capaz de fazer frente às crises complexas como a que enfrentamos. Seremos inspiradas por autoras pouco conhecidas no Brasil, mas que vem atuando como vírus de sistemas, mapeando e minando modalidades perversas de dominação, através do questionamento das imagens da cultura e propondo, com grande inventividade, subjetividades alternativas àquelas que nos fazem naturalizar e nos preparam para aceitar como normais realidades que excluem e matam”, explica Viviane Dias.

MATRIARCADO-AMÉRICA

A MÁQUINA DOS SONHOS

De 9 a 19 de setembro, de quinta-feira a domingo, às 19h30, no Canal de Youtube da Estelar de Teatro. Gratuito. Duração – 60 minutos. Recomendado para maiores de 14 anos.

Com Estelar de Teatro. Texto – Viviane Dias. Direção – Ismar Rachmann e Viviane Dias. Edição – Vic Von Poser e Taurina Filmes. Elenco – Anderson Negreiro, Viviane Dias, Clarissa Debretchinsky, Gabriel Moreira, Natália Lorda, Lucia Soledad Spívak e Rico Marcondes. Participação Especial – Beth Belli e Olga Lucia. Trilha Sonora (composições originais e performances musicais) – Gabriel Moreira, Rico Marcondes e Lucia Soledad Spívak. Projeto Gráfico – Mau Machado. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta.

Sinopse – Uma Sociedade de Mulheres Eróticas em Menopausa que, com a ajuda de um espírito chamado “Jesusa”, rouba uma máquina de sonhos e começa a interferir na realidade da América Latina.

(Carta Campinas com informações de divulgação)

Cultura Carta

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