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‘Medo de Cuba’ é bilhete premiado que faz militar receber R$ 320 mil ao se aposentar

O ‘medo de Cuba’ ou o ‘medo da Venezuela’ promovem uma verdadeira farra financeira nos salários (soldos) das Forças Armadas desde o golpe militar de 1964, mas se intensificou com a chegada do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro ao poder. Um dos temas preferidos de Bolsonaro é dizer que Cuba e Venezuela são uma espécie de ‘bicho papão’. O discurso parece servir para esconder o verdadeiro bicho papão dos recursos do povo brasileiro. Só em 2020, militares e parentes receberam R$ 41 bilhões em pensões e salários.

(foto leopoldo silva – ag brasil – art)

O “medo do comunismo”, que deveria gerar investimento em tecnologia militar e civil, desenvolvimento social, ciência e educação para toda a população, serve na verdade para encher os bolsos de militares, desde a mais baixa patente até às mais altas. Além dos altos salários e inúmeros benefícios, os militares praticamente “ganham na loteria” quando se aposentam (vão para a reserva).

O Brasil dos militares é o país mais rico do mundo e que paga um dos melhores salários do mundo para militares que nunca foram à guerra, graças a Deus. O general da ativa e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, por exemplo, quando finalmente passar à reserva, ganhará um prêmio de pelo menos R$ 248,6 mil, mas que pode chegar a inacreditáveis R$ 320 mil, se ele permanecer na ativa por mais dois anos, relata reportagem de Pedro Nakamura e Silvia Lisboa, do The Intercept Brasil.

O texto conta a história do militar que foi durante 30 anos um cabo do Exército, Valdir Souza Brasil. Mesmo sendo a mais baixa patente por 30 anos, ele ganhou uma bolada de R$ 158,4 mil quando foi transferido à reserva do Exército, em dezembro de 2020. Mas não é só isso, sem se quer ter curso superior, Valdir tem hoje um salário de R$ 30 mil por mês.

A reportagem mostra a ascensão salarial do pracinha. O militar “levou 30 anos para ascender de cabo a subtenente, a patente mais alta a que um praça pode aspirar. Mas tudo mudou em 2019. Mesmo sem ter até hoje um diploma de ensino superior, ele ingressou no Quadro Auxiliar de Oficiais do Exército – que deveria ser, mas nem sempre foi, restrito a quem fez um curso universitário. Isso lhe valeu um salário base de R$ 19,8 mil, 40% maior que o de um praça em final de carreira na ativa. Após se tornar oficial, Brasil fez um curso de atualização de meros quatro meses oferecido pelo próprio Exército. Graças a isso, terá em breve um generoso aumento de R$ 6,6 mil. Não acabou. Em dezembro de 2020, após 34 anos de carreira, o capitão Brasil deixou o serviço ativo. Isso lhe permitiu embolsar um bônus de R$ 158,4 mil, mais uma das regalias exclusivas a militares, e que o Exército prefere chamar de “ajuda de custo” pela passagem à reserva remunerada. Mas Brasil segue ativo – na política. Como tem um cargo comissionado na equipe que assessora o vice-presidente Hamilton Mourão em reuniões com autoridades estrangeiras e no Conselho Nacional de Defesa, ele elevou sua remuneração bruta a R$ 30,1 mil mensais”, anota a reportagem. Ver texto completo AQUI

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