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Por uma Campinas humana, inclusiva e democrática no acesso ao meio ambiente e à cultura

Mais do que dar os parabéns – lutar para construir uma cidade humana, inclusiva e democrática no acesso ao meio ambiente saudável e à cultura.

.Por Paulo Bufalo.

Nesta quarta-feira, dia 14 de julho, Campinas completa 247 anos. Uma cidade com uma história que reflete o próprio desenvolvimento do Brasil. Nascida da expansão da colonização para o interior, se consolidou economicamente como pólo cafeeiro baseado na mão de obra escravizada no século XIX. Tornou-se terra dos barões escravocratas, que ainda hoje são reverenciados nos nomes de ruas, avenidas, praças e bairros.

(foto pmc – div)

Já no século XX, Campinas se desenvolveu como uma cidade moderna devido ao projeto desenvolvimentista industrial e a instalação de grandes empresas na região.

Sede de importantes centros de pesquisas, estudos e de conhecimento, como a Unicamp, a PUC e institutos como o IAC, o ITAL, o CPqD, a CIATEC, o CTI Renato Archer, entre outros, colocam a cidade como uma referência em tecnologia.

A ampla malha rodoviária e o Aeroporto Internacional de Viracopos colocam a cidade como importante rota logística e vetor de desenvolvimento econômico.     

Essa fama tem atraído para cá, ao longo das décadas, migrantes de várias partes do país e de fora, que vieram em busca de oportunidades e deixaram sua marca na cidade, seja no trabalho, na diversidade cultural e convivência, ou na luta por melhores condições de vida.

A imagem de uma cidade moderna e desenvolvida, no entanto, foi construída com a realidade de uma cidade que exclui boa parte de seus habitantes da riqueza produzida.

Fruto dessas diversidades e contradições, Campinas também tem sua história marcada por importantes mobilizações sociais e de organização das lutas populares.

Aqui aconteceram as memoráveis “Assembleias do Povo”, organizadas pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), na luta contra a carestia e contra a ditadura.

Também surgiu um movimento sindical combativo e diversas frentes de lutas populares, como a luta por moradia, transporte e movimentos culturais.

No final da década de 1990, na luta por moradia, aqui foi criado o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, MTST, hoje um dos principais movimentos sociais do Brasil.

Campinas completa 247 anos num momento em que o país atravessa uma grave crise social, econômica e política, agravada pela pandemia e pela forma criminosa em que o governo Bolsonaro tratou a doença e se postou como aliado do vírus.

O governador João Dória e os prefeitos Jonas e agora Dário, agiram e seguem agindo de forma dúbia, sempre cedendo aos interesses econômicos em detrimento da efetiva proteção da vida, contribuindo também para a tragédia que é a Covid no estado de São Paulo e em Campinas.

Administrada com viés privatista há quase duas décadas, nossa cidade tem se transformado em uma mercadoria para atender interesses imobiliários, com graves prejuízos aos serviços públicos e o acesso da população aos direitos sociais básicos.

É o que ocorre por exemplo com a Saúde, entregue a Organizações privadas e alvo de corrupção e desvios, conforme diversas denúncias já públicas; com o transporte caro e ineficiente, que na pandemia foi reduzido para garantir a lucratividade das empresas e se transformou em um vetor contaminação da Covid, embora o governo negue esta condição; ou ainda com o sucateamento de políticas públicas para entregá-las ao mercado.

Ações autoritárias, mal planejadas e a completa falta de participação popular na formulação das políticas e na gestão do território têm sido a marca desses últimos anos.

Desta forma, sem nenhum diálogo com a sociedade, no dia do aniversário da cidade, o prefeito anuncia um pacote de investimentos que tem como base incentivos ao setor imobiliário, com projetos de construção na área do antigo complexo ferroviário da Fepasa.

Importante lembrar que o setor imobiliário já conta com uma generoso incentivo da Prefeitura, como o adiamento da Outorga Onerosa, que garantiria recursos para investimentos públicos na regularização fundiária, proteção de áreas verdes e patrimônios culturais, áreas e equipamentos públicos de educação, saúde, assistência social.

Com isso, prevalece a visão de desenvolvimento para poucos, mantendo um muro que divide a cidade em quem tem direito a ela e à riqueza gerada e quem ficará excluído.

Assim, mais do que os parabéns à cidade, lutamos pela construção de uma Campinas humana, inclusiva e democrática no acesso ao meio ambiente saudável e à cultura, com participação popular e o direito à cidade para todas, todos e todes.

Paulo Bufalo, vereador em Campinas (PSOL) e professor da Escola Técnica Estadual Bento Quirino.

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