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Museu da Língua Portuguesa reabre com exposição ‘Língua Solta’ um embaralhamento de obras que conectam arte, cotidiano, protesto e palavra

Em São Paulo – O Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, está reaberto ao público com a exposição temporária Língua Solta. Com curadoria de Fabiana Moraes e  Moacir dos Anjos, a mostra revela a língua portuguesa em seus amplos e diversos desdobramentos na arte e no cotidiano por meio de um conjunto de artefatos que ancoram seus significados no uso das palavras, como objetos da arte popular e da arte contemporânea, apresentados de maneira diversificada.  

(Foto: Ciete Silvério/ divulgação)

Ao todo, 180 peças compõem a exposição, em cartaz no primeiro andar do museu até 3 de outubro de 2021. Logo no início, uma das pontas de entrada na sala exibe ”Eu preciso de palavras escritas”, manto bordado por Arthur Bispo do Rosário e, na outra, quatro estandartes de maracatu rural, trazidos de Pernambuco para a mostra. Atrás dos estandartes, uma parede exibe a projeção de memes do coletivo Saquinho de Lixo  e, na parede oposta, o mural  Zé Carioca e amigos (Como almoçar de graça), de Rivane Neuenschwander, convida o público a escrever e desenhar em giz o que lhe passar pela cabeça naquele momento, numa parede transformada em base para histórias em quadrinhos. 

Nos primeiros metros do percurso, portanto, os visitantes terão contato com o embaralhamento proposto pelos curadores e que dá a tônica de toda a exposição, conectando a arte à política, à vida em sociedade, às práticas do cotidiano e às formas de protesto, de religião e de sobrevivência – sempre atravessados pela língua portuguesa. Cartazes de rua, cordéis, brinquedos, revestimento de muros e rótulos de cachaça se misturam em todo o espaço às obras de Mira Schendel, Leonilson, Rosângela Rennó, Jac Leirner, Emmanuel Nassar, Elida Tessler e Jonathas de Andrade, dentre outros artistas contemporâneos. 

“A língua é solta porque perturba os consensos que ancoram as relações de sociabilidade dominantes, tanto na vida privada quanto na pública. Incorporada em imagens e objetos diversos, ela sugere outros entendimentos possíveis do mundo. E tece, assim, uma política que é sua”, diz Moacir dos Anjos. O projeto assume a língua como operador social que não somente reflete, como também reorganiza formas de vida. A mostra abriga, de modo intuitivo e lúdico, algumas das estratégias criativas que, estruturando imagens e objetos os mais distintos, sugerem e desdobram o poder que a língua tem de emancipar. “A gente entende que a língua é um espaço de disputa de poder e vai se refletir em questões várias do Brasil – de raça, de classe, de gênero e de geografias”, afirma Fabiana Moraes.  

Os curadores destacam a obra de Maria de Lourdes, caruaruense, evangélica, que vende livros artesanais datilografados por ela mesma, a menos de R$ 1,00. Maria circula com um crachá com seu nome e a profissão autodeclarada de escritora pelas ruas da cidade, pouco preocupada com as estruturas culturais e mercadológicas que costumam chancelar quem pode ou não dizer-se escritor – numa forma involuntária de quase-protesto. 

Língua Solta teve pré-lançamento no início de maio, durante a Semana Internacional da Língua Portuguesa. Entre os dias 4 a 7 daquele mês, um total de 160 pessoas conferiram a mostra em primeira mão, mediante emissão antecipada de ingressos pela internet. Entre maio e junho, a exposição recebeu a visita de escolas e instituições sociais da vizinhança do Museu, mediante agendamento prévio.   

Ambientes imersivos e audiovisuais

Instalado na histórica Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa foi reconstruído após incêndio que o atingiu em dezembro de 2015. Um dos primeiros museus totalmente dedicados a um idioma no mundo, ele promove um mergulho na história e na diversidade do idioma através de experiências interativas, conteúdo audiovisual e ambientes imersivos.

Em sua renovada exposição de longa duração, que ocupa o segundo e terceiro andares do edifício, o Museu vai apresentar experiências inéditas, como “Falares”, que traz os diferentes sotaques e expressões do Brasil; e “Nós da Língua Portuguesa”, que aborda a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Serão mantidas as principais experiências que marcaram os quase 10 anos de funcionamento do Museu (2006 a 2015) – como a “Praça da Língua”, espécie de ‘planetário do idioma’, que homenageia a língua portuguesa escrita, falada e cantada em um espetáculo de som e luz.

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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