Em São Paulo – “O que você não quer mais calar?, esta é a pergunta que a artista visual Ana Teixeira faz à mulheres em espaços públicos como ruas e praças desde 2019. A partir desses diálogos são recolhidas frases que explicitam as demandas e desejos dessas mulheres, que foram então fotografadas com um cartaz contendo a resposta de cada uma delas. A partir do dia 14 de junho, a intervenção artística intitulada “Cala A Boca Já Morreu!” ocorrerá na fachada da Biblioteca Mário de Andrade, e ficará disponível por 30 dias.
Durante 2019, foram cento e uma mulheres fotografadas, em São Paulo e fora do país. Grande parte dessas fotos foram transformadas em desenhos que, entre 2019 e 2020, foram expostos no Centro Universitário Maria Antonia e no MAB-FAAP-Museu de Arte Brasileira. Agora, na Mário, o projeto inicial se desdobra em uma intervenção sonora e visual, estampando a frase “Cala A Boca Já Morreu!” nos vidros da fachada e com caixas de som instaladas no jardim. Nesse ambiente, ecoam as frases das cento e uma mulheres que conversaram com a artista em 2019, entoadas pelas vozes de outras cento e uma convidadas.
Paralelamente à intervenção, a artista Ana Teixeira estará fazendo uma pesquisa no acervo da biblioteca, atualmente com acesso restrito ao público. A pesquisa tem como foco livros de temática feminista escrito por mulheres, dos quais serão retirados trechos que abordem o silenciamento feminino. Como o acervo é muito amplo, fez-se necessário um recorte temporal que vai de 2010 a 2020.
O objetivo final é produzir uma publicação com excertos dessas obras, que contará ainda com resumo do projeto original e um texto crítico de Galciani Neves, professora e curadora do Museu Brasileiro de Escultura. O volume, então, será doado à biblioteca, servindo como um índice remissivo sobre o tema a ser consultado pelos visitantes.
Ana Teixeira é artista visual, formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e mestra em Poéticas Visuais pela mesma escola. Participou de programas de residência artística no Brasil, Alemanha, Chile, Dinamarca e Canadá, e de exposições em diferentes partes do mundo. Seu trabalho transita por diferentes meios, com interesse particular pelo desenho e pelas intervenções em espaços públicos, tendo a literatura e o cinema como suas principais referências. Grande parte de sua produção nos últimos vinte anos faz da cidade e seus habitantes/passantes elementos substanciais.
(Carta Campinas com informações de divulgação)