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Subsolo apresenta a cerâmica expandida das artistas visuais Cris Rocha, Lica Cruz e Renata Amaral

Três exposições individuais das artistas visuais que exploram a cerâmica, Cris Rocha, Lica Cruz e Renata Amaral, vão ocupar o Subsolo – Laboratório de Arte a partir do dia 28 de maio, quando também se comemora o Dia do Ceramista. Como parte do desta data tão especial para muitos artistas visuais, será lançado o livro Transgressões Cerâmicas, uma publicação que reúne obras de arte de mais de 70 artistas, do qual as três ceramistas também participam. Pelo Instagram @subsololaboratoriodearte, às 19h, em uma live com o curador Andrés I. M. Hernández, o público poderá acompanhar os comentários sobre as obras de cada uma das artistas.

Inicialmente, as exposições estavam programadas para 2020, entretanto, com agravamento da pandemia do Covid-19, a diretoria do Subsolo decidiu por realizar as mostras virtualmente, utilizando um formato ao qual o espaço cultural se adaptou para manter sua vocação de levar ao público arte e cultura, inclusive, realizando cursos e palestras.

Obra de Renata Amaral (Foto: Renata Amaral)

Segundo Hernández, as três exposições individuais que têm à frente artistas visuais que se expressam por intermédio da cerâmica vêm para reafirmar suas convicções, como curador, sobre essa modalidade nas artes visuais, assim como a fotografia, a gravura, a escultura, instalação, performance, livro de artista, entre outras. Esta postura do curador vem de muitos anos, tendo se iniciado, particularmente, quando fez a curadoria da exposição Metáforas Construídas, de Regina Silveira, em Bogotá, na Colômbia. “Trazer para o Subsolo as mostras é enfatizar o lugar da cerâmica nas artes visuais, é ampliar as discussões sobre a modalidade expandindo sua capacidade de ser reconhecida muito além de objetos utilitários. É ainda provocar o espectador a ver esse outro lugar da cerâmica”, afirma ele.  

“Se, nas suas origens, a cerâmica possibilitou o convívio entre os seres humanos, os três projetos viabilizam parceria, diálogos, tensionamentos conceituais e espaciais. Nesta toada, verifica-se os contínuos desafios, a projeção e progressão das pesquisas de Cris, Lica e Renata como agentes artísticos contemporâneos para potencializar desde a cerâmica a dimensão ética e o papel social da arte. Ressalta-se aqui a importância das combinações que trazem, prioritariamente, a essência do agir do artista como enigmas no fazer e que podem ser delatados nos vestígios da produção da obra; assim como, os embates entre a matéria, a forma, a intenção, o contexto, as colaborações e as presenças e ausências nas obras de arte”, afirma o curador.

Obra de Cris Rocha (Foto: Tácito Carvalho e Silva)

Três artistas potentes na cerâmica

Cris Rocha é uma artista visual que faz da cerâmica o seu dia a dia. Além de se dedicar a criar obras de arte, também ministra aulas em seu atelier em Sousas, distrito de Campinas. Em suas obras, ela emprega a queima Saggar, técnica que usa o forno e diversos componentes, como folhas, serragem, pelos, que interferem na coloração da superfície cerâmica, fazendo com que elas sejam únicas, como as peças apresentadas na exposição: Amanhecer e Entardecer, ambas de 2020.

Foi em 1977 que Cris Rocha começou na cerâmica. Em seu início na cerâmica, a artista teve aulas com Heloisa Alvim e depois com Eva Ilg, Elvira Schuartz, Afrânio Montemurro e Cecília Akemi. Também fez aulas com Shoko Suzuki, no torno manual, e Kenjiro Ikoma, na placa e torno de mesa. Com duas estadias no Japão ela pode conhecer técnicas das quais se utiliza para construir suas obras. Além disso, a artista busca a preservação da arte, como ocorreu em 2015 e 2016 quando resgatou as obras da ceramista japonesa Akiko Fujita, que haviam ficado em seu atelier em Campinas depois da artista voltar para o Japão. Como resultado desta ação aconteceu uma mostra no SESC Campinas junto a outros ceramistas. Algumas dessas obras estão no Museu de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de Artes Visuais e no Jardins de Esculturas da Unicamp. Organizou workshops com nomes como Peter Callas, Kenjiro Ikoma, Rikio Hakudo Hashimoto, Lila Vasquez e Arlen Hansen dos EUA. Participou por três anos como voluntária do Cerâmica Contemporânea Brasileira (CCBRas). É integrante do Grupo Coletivo de Cerâmica e do Grupo Sou Cerâmica.

Lica Cruz mora e trabalha em Carapicuíba (SP). Para a exposição, Lica traz Three Heads ITwo Heads e People, todas de 2018, mostrando sua pesquisa artística através da cerâmica que lhe permitiu transformar seus desenhos e projetos para o tridimensional.  Sua pesquisa é contemporânea e carregada de uma linguagem atual, reflexiva e impactante. A artista usa como técnica para execução de suas obras de arte placas e cobrinhas em torno manual. A artista visual inicia o processo criativo visualizando qual queima irá contemplar sua obra e qual lhe dará o melhor resultado: Raku, Pit Firing, Saggar Firing, queima a gás ou queima a lenha.  E é na queima que ela concentra o seu trabalho e pesquisa em seu atelier, onde também dá aulas regulares de modelagem e organiza workshops. Lica Cruz também desenvolve utilitários autorais em processo totalmente artesanal. Ao longo dos anos, a artista participou de simpósios, congressos e residência em diversos países, como Ghana, China, Japão, França, Chile, Estados Unidos, Azerbaijão e Tunísia. Desde 2010, Cruz vem expondo tanto no Brasil quando no exterior e tem duas de suas obras em mostra permanente desde 2019: Three Heads – People II, no Bardo National Museum -Tunis – Tunísia e a Teapot – Teapot Ceramic Museum -Yixing – China.

Renata Amaral mora e trabalha na Granja Viana, em São Paulo. Com a obra Travessias, 2018, a artista evoca o arquétipo da travessia e da transitoriedade: de um “lugar” para o outro, de um “estado” para outro, neste universo complexo que temos vivido. Além dessa obra, Renata apresenta também Teabox, 2018. A artista explora a cerâmica deste 2010 como modalidade artística, aprofundando e enriquecendo seus processos em parcerias como workshops, em 2015, com Peter Beasecker; 2018 e 2019 com Doug Casebeer em Curaumilla, Chile, e no trabalho com o mestre japonês Sensei Kenjiro Ikoma, que a influencia sobretudo com a queima a lenha e o conceito “wabi sabi“. Sendo assim, sua pesquisa artística direciona-se a explorar e construir desde as potencialidades dos materiais e processos: barro, argila, fogo, queimas e obras de arte que transgridem e tensionam conceitual e espacialmente. Convidam à ampliação da consciência sobre o mundo e sobre nele estar vivo. Amaral vem participando de mostras nacionais e internacionais. 

Obra de Lica Cruz (Foto: Fábio Yoshihito Matsuura)

Transgressões Cerâmicas, o livro

Transgressões Cerâmicas é um livro que parte da curadoria de Hernández e que mostra um recorte da cerâmica contemporânea que vem sendo produzida no Brasil. Transgressões é um projeto editorial voltado para a pesquisa, para fomentar a discussão e o debate sobre cerâmica expandida. Vale ressaltar que muitos dos 73 artistas visuais, tanto nacionais como internacionais que participam do livro já foram premiados em salões de arte e em editais. O livro traz uma diversidade de obras de arte e de textos com perfis de artistas que tratam da cerâmica pelo viés artístico. 

Para Cris Rocha, falar de Transgressões Cerâmicas remete a um sonho que ela alimentava há um bom tempo. O contato com o curador Andrés I. M. Hernández, o produtor executivo Danilo Garcia e o designer Cayo Vinícius, lhe proporcionou a chance de realizar o projeto formando um grupo empenhado na discussão da cerâmica contemporânea. “Quando participei de uma mostra no exterior, percebi que os outros artistas tinham um livreto ou alguma publicação para falar sobre sua pesquisa e até mesmo de outros artistas de seu país. Isso me despertou para pensar em uma publicação que eu pudesse apresentar lá fora também, contando um pouco do que temos no Brasil”, explica Rocha.

Além da participação no livro, os artistas tiveram a oportunidade de ter uma consultoria virtual individual com o curador Hernández, que é pós-doutorando e mestre em Artes Visuais, quando se estabeleceu uma conversa produtiva sobre o processo criativo de cada um dos participantes. Foram horas e horas de encontros virtuais. O curador faz questão de expressar sua surpresa ao se deparar com a qualidade das obras apresentadas. “Eu me surpreendi ainda mais ao verificar que muitos deles sequer haviam tido contato algum com nenhum pesquisador ou curador”.

Abertura das exposições individuais de Cris Rocha, Lica Cruz e Renata Amaral e Lançamento do livro Transgressões Cerâmicas

Quando: sexta-feira, 28 de maio de 2021

Horário: às 19h

Onde: @subsololaboratoriodearte – no Instagram

Período de visitação: a partir de 28 de maio de 2021 – no Instagram

Informações: (11) 94965-5722 – de segunda a sexta-feira 

Livre para todos os públicos

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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