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Homeostasis Lab, plataforma brasileira de arte digital, apresenta exposições inéditas com artistas de diversas nacionalidades

Reunir e exibir ao público um amplo panorama da produção artística digital, criada por artistas de todo o mundo e, também, apresentar conteúdos curatoriais, de pesquisa e formação relacionados às diversas categorias de arte digital. Essa é a proposta da Homeostasis Lab, plataforma criada há oito anos pelos curadores Julia Borges Araña e Guilherme Brandão, que estreia em 22 de abril o projeto Novo Tempo.

Bárbara Castro

Para esta nova etapa da plataforma, os fundadores convidaram nove curadores brasileiros a criar mostras autorais, com foco no impacto dos meios digitais na poética e estética da arte contemporânea, a partir de pesquisas sobre os efeitos de uma realidade no território etéreo da internet. Novo Tempo reúne exposições assinadas pelos curadores  Flávio Carvalho, Gabriel Menotti, Guilherme Teixeira, Luciana de Paula Santos, Mari Nagem, Paloma Oliveira, Pedro Caetano, Rudá Cabral e Taís Koshino e apresenta obras de artistas diversos como Adriano Costa, Brian Mackern, Cibelle Cavalli, Gabriel Massan, Giselle Beiguelman, Lev Manovich, Lyz Parayzo, Mario Klingemann, Marissa Noana, Pedro Victor Brandão, Hammam Radio • حمّام راديو  e Rodolpho Parigi.

O projeto contempla, também, a exibição de mais de 600 novas obras no acervo, são trabalhos oriundos de artistas de mais de 46 países decorrentes da chamada aberta até 20 de abril  pelo Homeostasis. Um corpo de obras diversas da categoria de arte digital, como videoarte, arte cibernética, arte algorítmica, arte em código, arte generativa, net-art, glitch-art, machine learning, deep fake e outras formas de inteligência artificial, instalação transmidiática, escultura digital, animação 2D e 3D, game-art, hologramas, performance transmidiática, comunidades virtuais, cripto arte, aplicativos de arte, arte imersiva (AR, VR e MR), filtros, GIF animado, meme, arte hacker, boomerang, pintura digital, fotografia digital, poesia digital, bio-arte, arte sonora, pixel art, software art e outras denominações análogas.

Joana Chicau e Renick Bell The Stage is (a)Live (still)

Ainda em abril, entre os dias 25 a 29, Homeostasis Lab – Novo Tempo promove em seu canal na Twitch  uma série de encontros online e gratuitos com profissionais, curadores, artistas e teóricos que debatem, junto ao público, questões que entrelaçam o campo das artes visuais com as ciências e novas tecnologias. As conversas surgem como extensão das curadorias a fim de promover o pensamento crítico-teórico. 

O intuito é debater as pesquisas desenvolvidas pelos curadores, além de outros assuntos que tangem o universo da arte digital. Práticas artísticas e pedagógicas em rede, circuito da arte digital no Brasil, visualização de big data, novos caminhos da humanidade na internet, rádios comunitárias: democratização e resistência, exposições interativas e imersivas e NFT são alguns dos temas que serão abordados.  A programação na íntegra será divulgada em breve.

“Gostamos de pensar que o Homeostasis Lab é uma reflexão coletiva atual sobre comportamentos e conceitos advindos da relação entre o humano e a tecnologia, seus impactos na estética, na cultura e na sociedade. O projeto é um acervo vivo em constante crescimento, um sistema aberto, auto-regulado, que conta hoje com a colaboração de artistas, programadores, curadores e pensadores de diferentes lugares do mundo”, reflete Julia Borges Araña, curadora e fundadora do Homeostasis Lab.

Criada como um espaço virtual para a exibição de arte digital, o Homeostasis Lab passou por uma reformulação e traz, agora, diversas funcionalidades.

Ao acessar a plataforma, o visitante é direcionado a uma galeria virtual com mais de mil obras de arte digital – um acervo em constante crescimento. A ideia dos fundadores é que a galeria seja uma experiência ciber-estética-cultural, com diferentes maneiras de visualização das obras: Lab, Lista, Mapa e Curadorias. Cada visitante terá a possibilidade de navegar livremente ou criar um perfil de usuário, que dá acesso à ferramentas de participação como criador na plataforma.  

Em LAB, a exibição das obras se alterna de forma dinâmica, tal qual uma exposição em constante mutação, com organização aleatória dos trabalhos. Na visualização por Lista,  o público consegue acessar por meio de pesquisa por nome do artista, título, técnica, ano, local e tags. Em Curadorias, a visualização das obras do acervo acontece por meio de projetos organizados por curadores convidados e usuários curadores. Já em Mapa, funcionalidade ainda em desenvolvimento, o visitante poderá acessar as obras através de um mapa-múndi interativo. 

“Cada vez mais queremos trazer a discussão para o lado humano da relação humano-máquina, evidenciando assim o potencial transformador da internet em sua forma pura ‘the internet way of networking’,  sendo essa mais uma rede dentro da rede de redes”, explica Guilherme Brandão. 

EXPOSIÇÕES

imp | curadoria de Flávio Carvalho

Em imp, o artista de media art, curador de arte digital e diretor de arte Flávio Carvalho  traz  uma espécie de “expo game” e convida o visitante a interagir e refletir sobre a efemeridade por meio de  obras dos artistas Gabriel Massan (Nilópolis/Brasil), Marciel Conrado (Curitiba/Brasil), Sabato Visconti (São Paulo/Brasil), Ultraglitx (Ribeirão Preto/Brasil) e Umlo Boh (Guarapuava/Brasil). O objetivo do curador é levantar reflexões sobre o caráter impermanente tanto das obras como da própria exposição.”Impermanência, palavra que significa inconstância, algo que não dura ou algo que muda com facilidade. (…) Os trabalhos apresentados consistem em estéticas que carregam traços de impermanência. Alguns remetendo a estados líquidos, outros gasosos, ou ainda sólidos. Tudo isso é possível devido ao diálogo tecnológico dos trabalhos como a utilização de: inteligência artificial, erros de códigos (glitch), esculturas 3D e remix de jogos dentro da arte digital”, explica Carvalho.

Habitar a Duração / Dwell in the Duration | curadoria de Gabriel Menotti 

Trabalhos que exploram novas configurações de imagem e, com seus infinitos detalhes e variações, convidam o público a reconhecer as diversas temporalidades da computação em rede. Esse é o fio que conduz Habitar a Duração / Dwell in the Duration, exposição assinada pelo pesquisador e curador independente Gabriel Menotti. “Pensadores da modernidade ocidental, de Siegfried Kracauer a Jonathan Crary, ressaltaram o efeito social do cinema na educação dos sentidos. Ainda hoje, como na virada do século passado, o movimento da imagem parece amparar a familiarização do sujeito com o ritmo e as verdades de um novo cotidiano”, reflete o curador. A mostra reúne animações, instalações baseadas na web, vídeos, trabalhos diversos criados pelos artistas Café Internet (Bogotá/Colômbia), Gustavo Torrezan (Piracicaba/Brasil), Joana Chicau (Porto/Portugal), Rafa Diniz (Ceará/Brasil) e Renick Bell (Texas/Estados Unidos).

Notas sobre alguma disfuncionalidade | Curadoria de Guilherme Teixeira

Composta por quatro obras, um vídeo, um texto e uma negociação de um trabalho em NFT (non-fungible token) -,  Notas sobre alguma disfuncionalidade se utiliza do meio digital para trazer indagações sobre o fazer artístico: Qual a potência de frustração da experiência artística? Qual a responsabilidade que os agentes envolvidos nesse processo possuem de autorizar isto? É possível pensar num espaço onde a ilegibilidade seja constitutiva?

Partindo destas questões, o escritor, editor e curador independente Guilherme Teixeira apresenta seis artistas – Ana Matheus Abbade (São Gonçalo/Brasil), Ilê Sartuzi (Santos/Brasil), Juno (Ceará/Brasil), Lucas Navarro (Rio de Janeiro/Brasil), Pedro Victor Brandão (Rio de Janeiro/Brasil) e Simon Fernandes (Ceará/Brasil) – que analisam  dentro de suas conceituações procedimentos de disfuncionalidade e suas relações com o pensamento artístico contemporâneo.

23° 26’ 14” S – Visualizing Spatial Data | Curadoria de Luciana de Paula Santos

Refletir sobre a estética do big data, as formas de percepção, interpretação, decodificação, representação e expressão estética da grande quantidade de dados produzidos pelos espaços conectados em rede e as formas possíveis de descentralização da vigilância e controle promovidos por esse meio. Este é o objetivo de 23° 26” 14’  Visualizing Spatial Data, exposição com curadoria da arquiteta e artista transmídia Luciana de Paula Santos que reúne Bárbara Castro (Rio de Janeiro/Brasil), Brian Mackern (Montevideo/Uruguai), Claudio Esperança (Rio de Janeiro/Brasil), Damon Crockett (Simsbury/Estados Unidos), Dário Vargas (Bogotá/Colômbia), Doris Kosminsky (Rio de Janeiro/Brasil), Giselle Beiguelman (São Paulo/Brasil), Ilê Sartuzi (São Paulo/Brasil), Lev Manovich (Moscou/Rússia) e Pablo de Soto (Gijón/Espanha), artistas e pesquisadores que abordam a visualização dos fluxos de dados espaciais conectados em rede, especialmente através de big data. 

Confirm Humanity | Curadoria de Mari Nagem

No início do século 21, foi criado um teste público completamente automatizado para diferenciar computadores de humanos, o famoso CAPTCHA. “Entre os limites de texto e imagem, provamos para as máquinas a nossa humanidade. Ou não. Ao longo da história, a espécie humana criou regras e códigos. De gênero, de raça, e definiu indicadores econômicos e sociais. (…) Fazer parte da história; nem sempre.” A afirmação é da artista-curadora Mari Nagem, que traz, na exposição Confirm Humanity,  artistas brasileiros interessados na reflexão sobre o fluxo, o trânsito e a indefinição como condição primeira da existência e – por que não? – na ideia de uma versão atualizada de humanidade. 

A mostra reúne trabalhos digitais criados a partir de técnicas diversas, de vídeos, colagem e intervenção digital até inteligência artificial e performance digital,  obras assinadas pelos artistas Akhacio (Pará/Brasil), Cibelle Cavalli (São Paulo/Brasil), Gabriel Massan (Nilópolis/Brasil), Ju Matos (Uberaba/Brasil), Lina Lopes (Goiânia/Brasil), Luccas Morais (São Paulo/Brasil), Mari Nagem (Belo Horizonte/Brasil), Paula Trojany (Ceará/Brasil), Renata Torralba (São Paulo/Brasil) e Thiago Hersan (São Paulo/Brasil).

Rádio Livre derruba avião | Curadoria de Paloma Oliveira

Rádios comunitárias, online e coletivas carregam a independência em seu cerne,  garantem sua viabilização e existência a partir de coletivos que funcionam como antagonismo contra os meios dominantes. São espaços independentes, de oposição e democracia dentro da internet que, geralmente, são baseados em tecnologias livres. É nesse contexto que nasce a pesquisa de Paloma Oliveira, curadora, artista, museógrafa e engenheira de software que, após habitar por três anos a Cidade do México, vive atualmente em Berlim e é co-fundadora do Zentrum für Netzkunst, o instituto de netart.

Em Rádio Livre derruba avião, ela apresenta três rádios comunitárias e levanta reflexões sobre expressão, democratização, resistência contra o apagamento e o silenciamento: Radio Nopal (Cidade do México/México), estação de rádio coletiva, difundida online, transmitida a partir da  Cidade do México cuja missão  é fomentar expressões artísticas plurais através de residências nacionais e internacionais; a Rádio participativa feminista Hammam Radio • حمّام راديو  (Berlim/Alemanha), que nasceu da necessidade de um mecanismo de enfrentamento não violento e de espaços mais seguros para que as mulheres falem, compartilhem, expressem e se conectem; e a web Rádio Volúsia (São Paulo/Brasil), comandada por Rogério Borovik e Cacá Toledo a fim de trazer distintas vozes: de artistas, de passantes, da comunidade, e de quem se aproximasse do microfone. 

O título da mostra é uma homenagem à Rádio Muda, de Campinas, a qual Borovik também foi parte, e a todas as rádios comunitárias que mantém as conexões, acessos e estruturas para dar continuidade a essa forma de expressão livre e fundamental para a democracia. “É também uma menção, que me parece mais uma metáfora, às alegações contra a existência das rádios livres, onde se propagou a ideia de que elas seriam uma ameaça ao tráfego aéreo e a comunicação de emergência. Em um ponto eles acertaram, são sim uma ameaça, mas não a aviões, mas a sistemas autoritários e antidemocráticos, a homogeneidade de discursos, e ao patriarcado”, finaliza a curadora.

NEVERENDING STORIES / STORIES SEM FIM | Curadoria de Pedro Caetano

O caráter perene dos Stories, uma das ferramentas da rede social Instagram, é explorado nesta mostra por Pedro Caetano, artista visual com formação em cinema e atuação em diferentes esferas do sistema das artes: além de artista, foi fundador da galeria Polinesia – que funcionou em São Paulo de 2007 a 2010 -, foi produtor e DJ, desenvolve projetos de curadoria e, mais recentemente, toca a Rádio & Lanches, uma web rádio focada em música e cultura.

“No universo audiovisual virtual das redes sociais, os stories de Instagram parecem ocupar um lugar pouco nobre. Podemos dizer que ele está para o cinema assim como o post está para a publicidade – ele não é o objeto em si, não é a matéria objetiva do trabalho, é uma isca, um chamariz, entreposto, subproduto da cadeia produtiva que envolve o labor nas redes”, reflete Caetano. “Dentro da frivolidade volátil da produção audiovisual de internet, ainda preserva para si a marca autoral – tem assinatura e endereço – e, assim, se coloca abaixo do GIF, do Sticker e do meme –  em uma imaginada tabela periódica de elementos audiovisuais virtuais”, complementa.

A mostra pretende tornar perene o trabalho – os stories – de cinco artistas com produções absolutamente distintas: Adriano Costa (São Paulo/Brasil), Alberto Simon (São Paulo/Brasil), 

Luiza Crosman(Rio de Janeiro/Brasil), Julia Angulo (São Paulo/Brasil) e Felipe Barsuglia (Rio de Janeiro/Brasil).

Chat Cube (alfa release) | Curadoria de Rudá Cabral

Uma exposição ambientada em um jogo de computador e live streaming, na qual trabalhos de arte digital convivem com projetos de instalações, esculturas e transposições de trabalhos físicos para o game.  Essa é a proposta da curadoria de Rudá Cabral,  artista que atua no audiovisual expandido – filmes, narrativas imersivas, hipertexto e transmídia. 

A exposição discute as abordagens de simulação e suas relações com a socialização, o corpo digital, o registro e o espaço-tempo expositivo por meio de obras dos artistas Cibelle Cavalli Bastos (São Paulo/Brasil), Felipe Barsuglia (Rio de Janeiro/Brasil), Luiz Roque (Cachoeira do Sul/Brasil), Luiza Crosman (Rio de Janeiro/Brasil), Lyz Parayzo (Campo Grande/Brasil), Pedro França (Rio de Janeiro/Brasil), Rodolpho Parigi (São Paulo/Brasil), Rudá Cabral (Brasília/Brasil) e Yan Copelli (Rio de Janeiro).

A mostra será  montada a partir da plataforma de jogo interativa que dá nome à exposição –  Chat Cube (alfa release) -, um programa disponível para download (PC) no site da Homeostasis. Para quem não tem PC poder visualizar a experiência, serão realizadas visitas guiadas a partir de lives, sendo a primeira com o curador Rudá Cabral, os curadores e fundadores da Homeostasis Lab, Guilherme Brandão e Julia Borges Aranã, e a assistente de pesquisa e curadoria Guarido. O público poderá acessar através da plataforma twitch e pode interagir em tempo real, enviando mensagens em texto ou por voz, através do discord do Homeostasis Lab. 

Rasga | curadoria de Taís Koshino

Artista visual, pesquisadora e curadora, Taís Koshino tem o desenho como foco de sua pesquisa. Ela investiga sobre as possibilidades de abarcar a imprecisão e  potência de impermanência que evoca uma outra percepção. Explora essas questões em diversos suportes: no papel, na pele e no vídeo. E é o que faz em Rasga, por meio de obras de Eran Hilleli (Kfar Saba/Israel), Ivo Puiupo (Lisboa/Portugal), Maria Helena Novakoski (Florianópolis/Brasil), Mario Klingemann (Munique/Alemanha), Marissa Noana (Ceará/Brasil), Sasha Stiles (Nova York/Estados Unidos), Zhana Mitkova (Dobrich/Bulgária), além de trabalhos de sua própria autoria. 

Estreia  ‘Homeostasis Lab – Novo Tempo’

Abertura online: 22 de abril (quinta-feira)

Site: homeostasislab.org

www.homeostasislab.org | instagram@homeostasis.lab

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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