.Por Susiana Drapeau.
O poder de convencimento do bolsonarismo pode ser definido em duas palavras: AMEAÇA e MENTIRA.
Se você prestar a atenção, desde o início da campanha presidencial, em 2019, é essa a linguagem própria do fascismo que dominou a política nos últimos dois anos: imagens de armas, defesa das armas, ameaça ao STF, ameaça aos opositores, defesa da liberdade para matar, mentira e mais mentira, todo tipo de mentira, defesa da mentira mais deslavada e mais absurda etc.
E até falar uma mentira em vídeo e depois dizer que nunca disse a mentira que disse. É a mentira elevada a enésima potência.
O bolsonarismo descobriu que o ser humano brasileiro estava disponível para acreditar em qualquer coisa. E para isso teve, com certeza, a ajuda de pastores falsários, especialistas em arrancar dinheiro com ilusões espirituais.
É por essa razão que o próprio Bolsonaro fugiu dos debates na televisão. Lá ele teria de argumentar sem armas de fogo e poderia ser desmentido imediatamente ao falar suas mentiras alucinantes.
O bolsonarismo é incapaz de estabelecer um contra-argumento. É só a primeira via do argumento. Se você não aceitar ou não acreditar, então merece um tiro e uma mentira bem louca.
Por isso que Bolsonaro sempre está discursando em meio a apoiadores. É também por isso que ele odeia a imprensa. O ódio à imprensa (ainda que seja uma imprensa com nível intelectual de “uma escolha difícil”), está na simples possibilidade de fazer uma pergunta que contenha um contra-argumento.
Isso explica também porque seus apoiadores defenderam o assassinato de Marielle Franco, divulgaram mentiras e rasgaram placas em homenagem a ex-vereadora do Rio. É também por isso que o vizinho de Bolsonaro é acusado de matar a vereadora pelo Ministério Público. Marielle Franco era o contra-argumento vivo, em pessoa.
Essa é a lógica, “”se não aceitar nossa mentira ou nossa ‘verdade’ (já que estamos ao lado de Deus!!!), morte ou cale-se com nossa ameaça”.
Um dos símbolos mais fortes do bolsonarismo foi produzido neste final de ano e as imagens espalhadas pela internet. Um homem usando camiseta com foto de Bolsonaro agrediu e ameaçou com um revólver o jovem que o repreendeu por abusar de uma mulher.
Com a arma em punho, o bolsonarista realizou seu poder de convencimento: agredindo e ameaçando de morte. Para o bolsonarista, o jovem se convenceu ao se calar para não ser assassinado. O bolsonarista não matou o jovem, mas foi embora satisfeito com seus argumentos.
Todos as pessoas que se beneficiam do bolsonarismo e se omitem são cúmplices desse crime contra a humanidade.