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Política de combate às drogas assassinou 15 crianças em dois anos no Rio de Janeiro

Na última sexta-feira (4), duas crianças negras que brincavam na porta de casa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foram assassinadas com tiros de fuzil. Emilly Victoria, de 4 anos, e Rebeca Beatriz, de 7 anos, foram baleadas na comunidade Santo Antônio enquanto aguardavam a avó para lanchar. 

(imagens arquivo pessoal)

A Polícia Civil apreendeu cinco pistolas e cinco fuzis dos policiais militares que patrulhavam o local para a realização de perícia. Os moradores disseram que não viram uma perseguição, apenas a polícia atirando. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

À imprensa, a Polícia Militar afirma que uma equipe do 15º Batalhão (Duque de Caxias) estava fazendo um patrulhamento na rua Lauro Sodré, na altura da comunidade do Sapinho, quando foram ouvidos disparos de arma de fogo. De acordo com a corporação, os agentes não dispararam e a equipe saiu em deslocamento.

Na manhã desta segunda-feira (7), a deputada estadual Renata Souza (Psol), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), recebeu os parentes das meninas  Emilly Victoria e Rebeca Beatriz.

Após o encontro, a parlamentar anunciou o encaminhamento do caso à Defensoria Pública, para assegurar assistência jurídica. Além disso, ofereceu acompanhamento psicológico. E, em uma ação de seu mandato, encaminhará à Organização das nações Unidas (ONU) uma atualização sobre o número de crianças e adolescentes assassinadas no Rio de Janeiro.

Segundo os dados da plataforma Fogo Cruzado enviados ao Brasil de Fato, somente neste ano, 22 crianças foram baleadas no Grande Rio, oito morreram e quatro foram alvejadas em tiroteios. Em 2019, 24 crianças foram baleadas, sete morreram e cinco foram vítimas de balas perdidas. (Em menos de dois anos, 15 crianças foram assassinadas pelo modelo de política de combate às drogas)

Comoção

As duas crianças foram enterradas sob forte comoção no último sábado (5). O pai de Emily, o ajudante de pedreiro Alexsandro dos Santos, fechou o túmulo da filha e de Rebeca com as próprias mãos.  

“Estamos enterrando mais uma vítima da violência na nossa comunidade. Duas crianças. Minha filha e minha sobrinha. Está aí os governadores que só querem ganhar dinheiro nas costas dos outros. Tô enterrando a minha filha, que não viveu nada”, disse o pai durante o sepultamento. 


Pai de Emily realizando o sepultamento da filha e sobrinha em Duque de Caxias (RJ)/ Foto: Rio de Paz

No domingo (6), o ato “Justiça por Emily e Rebeca” ocorreu na Praça Raul Cortez, em Duque de Caxias. Movimentos populares e moradores denunciaram a violência do Estado em cartazes com dizeres: “parem de nos matar”, “vidas negras importam” e “justiça para Emily e Rebeca”. (Do BdF Rio de Janeiro)

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