.Por Marcelo Mattos.
“O Brazil tá matando o Brasil”. Não é apenas uma triste lamentação de um país perdido, rifado, como anuncia a canção Querellas do Brasil (Aldir Blanc e M. Tapajós), mas a constatação de que dia-a-dia se aprofunda à lama que nos cabe. Lamaçal, diga-se, gestado por uma elite econômica e política, um judiciário nefasto (sem excelências) e uma grande mídia igualmente entreguista que fomentou o golpe ilegítimo de 2016.
Extermina-se não apenas os biomas da Amazônia, Mata Atlântica (incluído Litoral) e Cerrado, entrega-se o patrimônio nacional como Petrobrás, Eletrobrás, Bancos Públicos, a exploração das águas, empresas públicas de energia, como se promove a invasão e grilagem de terras indígenas e quilombolas, mata-se nas favelas e rincões por bala, febre ou fome.
A decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendendo, sem justificada motivação técnica, os testes clínicos da vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan é mais uma insanidade política contra a saúde pública e a pesquisa científica brasileira, provocada por presidente notoriamente genocida e um governo civil de ocupação militar. Decisão esta suspensa somente nesta manhã, com a volta das pesquisas, após ampla mobilização e denúncia pública.
O contra-almirante Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, a exemplo do general Pazuello, ministro da Saúde e da humilhação pública, estão a serviço de um desgoverno que, reiteradamente, exulta a morte, que “celebra” as medidas contra o isolamento social, a ausência de investimentos no combate a pandemia do Covid-19, que levaram à morte mais de 162 mil e 5.7 milhões de casos.
O atual presidente da República deu mais uma prova de despreparo político e incapacidade cognitiva ao “comemorar” como uma vitória varzeana à anticiência, a morte do voluntário da vacina Sinovac/Butantan e a suspensão dos seus testes.
Não bastasse essa ignomínia palaciana, durante evento a empresários do turismo, afirmou que o Brasil tem que “deixar de ser um país de maricas” e enfrentar a pandemia, como se o combate às mortes e a devastação da saúde causadas pela Covid-19 estivesse restrita a necessidade de autoafirmação da sua sexualidade, homofobia e machismo.
Este funesto festival de grosseria prosseguiu atacando os profissionais de imprensa, tratando-os como “urubuzada”, transferindo a irresponsabilidade da ausência de ações e ingerência governamental à liberdade de imprensa.
Por fim, restou, com a parcimônia do chanceler Ernesto Araujo, atacar com “pólvora” ou foguetes Caramuru o recém-eleito presidente dos EUA Joe Biden, numa declaração de guerra tão infame quanto ridícula, expondo o Brasil a mais uma humilhação e escárnio público mundial.