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Lula, aos 75, na encruzilhada entre agir como líder nacional ou como líder do PT

.Por Susiana Drapeau.

Lula Inácio Lula da Silva, que completou 75 anos no mês de outubro, tem um grande desafio e uma grande responsabilidade pela frente. Ex-presidente e líder do maior partido de esquerda do Brasil e um dos maiores do mundo, Lula está sendo disputado por duas correntes democráticas.

(foto ricardo stuckert – il)

A disputa tem o mesmo objetivo: enfrentar a ascensão fascista representada governo militarizado de Bolsonaro e de grupos paramilitares e milicianos que avançam na política.

De um lado está a militância oficial do PT, a burocracia intelectual partidária, representada por uma corrente interna de ideólogos do partido que querem Lula defendendo a hegemonia petista, ainda que isso traga derrotas ao próprio partido e ao país. E justificam dizendo que isso faz parte do jogo. Essa corrente tem sido vitoriosa até o momento.

A maior vitória dessa corrente foi a decisão de Lula nas últimas eleições de lançar uma chapa encabeçada pelo PT para a presidência da República, o que gerou a derrota nas urnas e ascensão do governo de extrema direita. Essa corrente quer Lula como um líder petista, acima de tudo, e não vê conjuntura nacional diferente do que foi desde 1989.

Do outro lado está a esquerda e setores democráticos de fora da inteligência do partido e que quer palpitar sobre o PT, mesmo sendo de fora. Essa corrente, representada por líderes de outros partidos, intelectuais, religiosos progressistas e até mesmo membros do PT, quer que Lula seja um líder nacional, articulador de uma ampla força nacional, para derrotar o fascismo, e que esteja até acima dos interesses eleitorais do PT. Essa corrente vê a conjuntura atual como diferente das anteriores desde a criação do partido.

Para que lado Lula vai? Desde a época em que foi preso político em Curitiba, Lula fica nesse cabo de força, sempre fechando ao final para a camisa petista. Ao mesmo tempo mantém na mídia uma espécie de diálogo aberto com outros setores democráticos.

Essa disputa mostra o tamanho e a importância de Lula. Ela deve durar por mais alguns anos e definir o custo e o preço a ser pago pelos brasileiros.

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