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A morte e a morte da infância

.Por Marcelo de  Mattos.

Por insanidade, vingança ou fanatismo, assistimos como o ódio se tornou um estandarte messiânico, uma cruzada ideológica da mais obscura face da violência política institucionalizada.

(foto de vídeo + art)

Os atos fundamentalistas contra a interrupção da gravidez, prevista em lei, de uma menina de 10 anos no Recife, vítima de constantes estupros, teve suporte no conservadorismo religioso da ministra Damares Alves e de correligionários do fascismo palaciano.

As manifestações buscando incriminar a menina vitimada e corpo clínico do CISAM/PE atingem a todos. Como no conto Mineirinho, de Clarice Lispector, ao descrever cada tiro do esquadrão da morte desferido no corpo do personagem, revela: “O décimo terceiro tiro me assassina – porque eu sou o outro”.  Somos esse “outro”, essa mesma menina e cada mulher, vítimas diárias da crescente violência nos últimos anos.

Lembremos que a cada hora, quatro meninas de até 13 anos são estupradas no Brasil; uma mulher morre a cada 2 dias por aborto ilegal (quarta maior causa de mortes); e 1 milhão de abortos induzidos ocorrem todos os anos e levam 250 mil mulheres à hospitalização.

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