Diante da metrópole vazia, o artista visual Fabiano Carriero lançou um olhar generoso para a paisagem concreta e criou três murais em espaços públicos – um na parede do túnel que liga o Centro à Vila Industrial e três na Praça Rui Barbosa, atrás da Catedral. A ação, chamada “Poesia Concreta”, tem apoio da Coordenadoria de Eventos da Secretaria de Cultura de Campinas.
Munido de pincéis e tintas, o cartunista, depois de ter realizado o mural “Seu João da Pipa”, na praça Arautos da Paz, em 2019, concluiu o primeiro trabalho deste ano na parede externa do túnel que liga o Centro à Vila Industrial. A arte, chamada “Seu Aroeira e suas Pimentas”, foi produzida em parceria com os artistas Mirs Mostrengo, de Campinas, e Genivaldo Amorim, de Valinhos.
A inspiração para o tema partiu da cena aparentemente prosaica de um “senhor vendendo pimenta no pé”, que contrastava com a agitação do local. “Achei curioso, guardei a imagem nos meus esboços, estudei o território, acrescentei ideias, conversei com meus amigos artistas e o resultado foi esse”, conta Carriero.
Outras duas intervenções artísticas estão na Praça Rui Barbosa, atrás da Catedral. “Neste local, pensei em fazer algo que traduzisse a literatura brasileira para o concreto”, destaca. Carriero criou “Tieto é do DIC II”, em alusão à personagem Tieta, de Jorge Amado, e “Gaby tem Cheiro de Cravo e Canela”, também inspirada na produção peculiar do escritor baiano.
“Trazer arte pública para a região central é fundamental. Por ser morador da Vila Industrial e também expositor na Feira do Centro de Convivência, conheço os detalhes desse traçado e a importância de sua riqueza”, afirma, sentindo-se comprometido com uma cidade mais afetuosa.
O que vem por aí? No diálogo íntimo com a metrópole, Fabiano Carriero já pensa em temas, traços e cores que, certamente, irão ressignificar muros nos novos tempos.
(Carta Campinas com informações de divulgação)