O juiz José Henrique Rodrigues Torres, da Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Campinas, soltou na noite de quarta-feira, 08 de abril, o guarda municipal Claudino Gonçalves, acusado de matar Jordy Moura Silva, adolescente de 15 anos, que estudava e trabalhava como o pai em uma oficina de motos. O crime aconteceu no bairro Reforma Agrária, em Campinas.
Reportagem da Ponte mostra que o juiz sustentou falta de argumentações concretas por parte do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Para o MP, era necessário a necessidade de “conversão em prisão preventiva para resguardo da ordem pública”.
O juiz alegou que o guarda municipal era primário e “com conduta social reputada idônea até este momento”. E que isso “constitui circunstância bastante para demonstrar ser ele merecedor da liberdade provisória”.
Apesar dessa alegação do juiz, a reportagem da Ponte identificou, por meio de certidão do Tribunal de Justiça presente nos autos do IP, que o nome de Claudino aparece em pelo menos outros sete processos judiciais, instaurados entre 1989 e 2014 e atualmente extintos, que passam por porte ilegal de arma e lesão corporal.
Além disso, a EMEF (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Oziel Alves Pereira, onde estudava o estudante que foi morto emitiu uma nota de repúdio contra a Guarda Municipal pelo homicídio.
“Vídeos e depoimentos colhidos no momento do homicídio demonstram que o jovem Jordy não recebeu o socorro imediato e necessário pela GCM e que as pessoas que assistiam e protestavam contra o ocorrido foram tratadas com brutalidade verbal pelos guardas municipais que atuaram naquele momento”, diz a nota da escola.
Testemunhas ouvidas pela reportagem da Ponte relatam que os guardas municipais Claudino Gonçalves e Anderson Coelho chegaram de viatura efetuando disparos para o alto, ação que gerou pânico e correria. Ainda, segundo testemunhas, Claudino passou a perseguir a moto em que estavam os irmãos Moura e atirar contra eles. Um dos disparos atingiu fatalmente a nuca de Jordy e feriu de raspão o ombro de Caique, segundo ele próprio contou à reportagem.