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Festival Verão Sem Censura reafirma a democracia e traz manifestações culturais censuradas e oprimidas

Em São Paulo – Entre os dias 17 e 31 de janeiro, acontece em diversos locais da cidade de São Paulo o Festival Verão Sem Censura que reafirma a democracia e a liberdade de expressão com mais de 45 atividades como shows, peças de teatro, exibições de cinema, exposições, debates, performances e carnaval.

Roda Viva, Teatro Oficina (Foto: Jennifer Glass/Divulgação)

O Festival é organizado pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e traz, em sua programação, todas as manifestações culturais que foram censuradas e reprimidas recentemente, lembrando também outras que foram censuradas ao longo de nossa história, em 15 dias de evento, realizado nas cinco regiões da cidade.

A abertura do evento, no dia 17, será realizada na Praça das Artes, com show de Arnaldo Antunes, que teve seu videoclipe censurado na TV recentemente. No mesmo dia, o Theatro Municipal recebe, na sacada, o DJ Rennan da Penha, funkeiro idealizador do Baile da Gaiola preso em março e libertado em novembro.

No dia 18, a Praça das Artes promove também uma exibição de “Bruna Surfistinha”, de Marcus Baldini. O longa-metragem tem sessão seguida de debate com Raquel Pacheco, cuja autobiografia “O Doce Veneno do Escorpião” inspirou o filme, e a atriz Deborah Secco, que interpreta a ex-prostituta. Em julho, o presidente Jair Bolsonaro declarou que não poderia “admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha”. Na sequência, acontece desfile de moda da Daspu, grife do movimento de prostitutas do Brasil criada por Gabriela Leite, e a festa LGBT Desculpa Qualquer Coisa com performance das Maravilhosas Corpo de Baile.

No dia 30, o Pussy Riot, banda punk rock feminista que teve integrantes condenadas à prisão na Rússia, em 2012, faz show com participação de Linn da Quebrada no Centro Cultural São Paulo (CCSP). No dia 29, a banda participa de debate no mesmo espaço, após exibição do documentário “Act and Punishment”, de Yevgeni Mitta. 

A Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Theatro Municipal, é palco para festas no dia 31, começando com o Cortejo do bloco Espetacular Charanga do França, às 23h. Em seguida, a diversão continua com Tarado Ni Você, bloco de músicas de Caetano Veloso, e, por fim, a festa Minhoqueens.

O Theatro Municipal recebe o encerramento do Festival, com apresentação da peça “Roda Viva”, do Teatro Oficina, no dia 31. O espetáculo, escrito por Chico Buarque e com direção de José Celso Martinez, foi censurado durante a ditadura civil-militar brasileira. O espaço também é palco do show “Divinas Divas”, com mulheres trans que também sofreram atos de censura durante a carreira, no dia 29.

Na Biblioteca Mário de Andrade, a programação inclui as peças “O Caderno Rosa de Lori Lamby”, de Hilda Hilst com Iara Jamra e direção de Bete Coelho, nos dias 18 e 19, e “Navalha na Carne Negra”, nos dias 24, 25 e 26, além de “Cabaré da Fossa”, que traz a poesia homoerótica, canções e drama de cinema com Caetano Romão, Ismar Tirelli Neto e Ricardo Domeneck, participação especial de Horácio Costa, no dia 21; uma conversa sobre Marighella, com Mário Magalhães e Maria Marighella, no dia 29; o bate-papo “Uma Aula Sobre 1984”, com a historiadora Lilia Schwarcz, sobre o romance distópico de George Orwell, no dia 21, além da aula “Erotismo censurado”, com Eliane Robert Moraes e leituras de Helena Ignez, no dia 23. A programação na Mário também traz o clube de leitura “Puñado lê Proibidas”, com trechos de autoras latino-americanas brancas e negras que foram censuradas.

“Caranguejo Overdrive”, Aquela Cia. de Teatro (Foto: Elisa Mendes/Divulgação)

Peças Censuradas

A programação inclui diversos espetáculos censurados em 2019. No Centro Cultural São Paulo (CCSP), “Caranguejo Overdrive”, de Aquela Cia de Teatro, é exibido após ter a sua reestreia vetada no Rio de Janeiro. A peça foi consagrada com o Prêmio Shell 2016 de Melhor Direção para Marco André Nunes, Melhor Autor para Pedro Kosovski e Melhor Atriz para Carolina Virgüez. As sessões acontecem nos dias 17, 18 e 19.

Censurada pela FUNARTE, a peça “RES PUBLICA 2023” já foi acolhida pela Prefeitura em outubro, quando estreou no CCSP. Agora, o espetáculo do grupo A Motosserra Perfumada chega ao Centro Cultural da Juventude (CCJ), nos dias 22 e 23. Também no CCJ, acontece a apresentação de “Domínio Público”, na qual os artistas Maikon K, Renata Carvalho e Wagner Schwartz, juntamente com Elisabete Finger, se juntam para uma reflexão a partir dos ataques sofridos em 2017.

A peça “Abrazo”, da companhia Clowns de Shakespeare, é apresentada nos dias 17, 18 e 19, no Centro Cultural Olido, após ter sido cancelada minutos antes de sua segunda sessão em Recife. O espetáculo infanto-juvenil é inspirado no “Livro dos Abraços”, de Eduardo Galeano, e conta a história de um local no qual abraços não são permitidos.
Também no Olido, o espetáculo “Gritos”, da companhia Dos à Deux, é apresentado nos dias 17, 18 e 19. O motivo da censura teria sido a temática LBGT do espetáculo, que conta a história de uma travesti.

Exposições

O CCSP apresenta, entre os dias 17 e 31, uma exposição com cartazes de filmes censurados, reconhecendo a importância dos cartazes para preservar a memória do cinema brasileiro – em dezembro, cartazes foram retirados das paredes da sede e do site da Ancine. Na Biblioteca Mário de Andrade, é possível conferir a exposição “Banidos”, com obras do acervo de livros raros censuradas na história literária. A abertura, no dia 17, conta com bate-papo com Ignácio de Loyola Brandão, romancista brasileiro autor de obras que foram censuradas na época da ditadura, e Laura Mattos, autora do recente Herói mutilado: Roque Santeiro e os bastidores da censura à TV na ditadura.

Sessões de Cinema

No CCSP, é exibido o premiado “A Vida Invisível”, representante do Brasil no Oscar. O longa-metragem de Karim Aïnouz seria exibido para os servidores da Ancine em dezembro, mas foi vetado pela direção do órgão, do qual o filme também teve os seus cartazes removidos das paredes. A sessão acontece dia 19, na Sala Lima Barreto.
O espaço também apresenta uma Sessão de curtas LGBT, no dia 18. No dia 19, são exibidos os filmes “Bixa Travesty” e “Corpo Elétrico”, além de uma sessão de médias-metragens.

Confira a programação completa:

Festival Verão Sem Censura – 2020

Praça das Artes
17/01
20h00 Arnaldo Antunes
18/01
21h30 Conversa com a Déborah Secco e Raquel Pacheco
22h00 Exibição do filme “Bruna Surfistinha”
00h00 Daspu – Desfile de abertura
00h30 Desculpa Qualquer Coisa com performance das Maravilhosas Corpo de Baile

Centro Cultural São Paulo
17/01
21h Caranguejo Overdrive – Aquela Cia de Teatro
18/01
21h Caranguejo Overdrive – Aquela Cia de Teatro

19/01
15h Vida Invisível – Sala Lima Barreto

17 a 31/01
Exposição com cartazes de filmes censurados
18/01 – Circuito Spcine
16h Sessão de curtas LGBT
Vando Vulgo Vendita
O Órfão
Preciso dizer que te amo
Reforma
Tea for two
Swinguerra

19 /01 – Circuito Spcine
15h Corpo Elétrico
17h Sessão de médias
Verona
Nova Dubai
19h Bixa Travesty

19/01
20h Caranguejo Overdrive – Aquela Cia de Teatro

29/01
19h Exibição do longa metragem “Act and Punishment” – Sala Paulo Emílio
21h30 Debate com integrantes
30/01
20h Pussy Riot com participação de Linn da Quebrada

Biblioteca Mário de Andrade
17/01 a 31/01
19h – Banidos – Obras censuradas no decorrer de três séculos fazem parte dessa exposição do acervo de raridades da Biblioteca Mário de Andrade. Incluem-se desde títulos como Comedia Eufrosina, de Jorge Ferreira de Vasconcellos, peça de teatro do século 16 censurada pela Igreja e incluída no Index de livros proibidos; chegando a Capitães da Areia, de Jorge Amado, incinerado em praça pública pelo Estado Novo, em 1937.
No dia da abertura, 17 de janeiro, 19h, bate-papo vai reunir Ignácio de Loyola Brandão, romancista brasileiro autor de obras que foram censuradas na época da ditadura; e Laura Mattos, autora do recente Herói mutilado: Roque Santeiro e os bastidores da censura à TV na ditadura. Moderação: Maria Fernanda Rodrigues

18 e 19/01
19h – O Caderno Rosa de Lori Lamby – Uma menina de oito anos escreve um diário com peripécias sexuais. Peça baseada em obra homônima de Hilda Hilst, na fronteira onde se encontram a irrealidade, o tabu, o desejo e a inocência da imaginação infantil. Iara Jamra vive o papel, com direção geral de Bete Coelho e direção de arte de Cassio Brasil.
21/01
19h – Cabaré da Fossa – Entre o humor e o drama, essa leitura homoerótica inclui também canções e cenas de filmes e ficará a cargo de Caetano Romão, Ismar Tirelli Neto e Ricardo Domeneck, com a especialíssima participação de Horácio Costa.
19h – Uma aula sobre 1984– O romance distópico de George Orwell, um dos livros que mais nos fizeram discutir sociedades totalitárias, acaba de completar 70 anos e será apresentado pela historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, autora do recente Sobre o autoritarismo.
23/01
19h – Erotismo censurado – Uma história de autores e obras malditos, de Sade a Hilda Hilst, será apresentada nesta aula de Eliane Robert Moraes, filósofa e ensaísta, uma das mais destacadas especialistas em literatura erótica e proscrita. Trechos escolhidos serão lidos pela atriz Helena Ignez.

24, 25 e 26/01
19h – Navalha na Carne Negra – A peça de 1967 foi vetada pela ditadura, e seu autor, Plínio Marcos, chegou a ter a integralidade de sua obra banida dos palcos. Em cena, tudo começa com o dinheiro deixado pela prostituta Neusa Sueli para seu cafetão Vado. Com Lucélia Sérgio, Raphael Garcia e Rodrigo dos Santos, e direção de José Fernando Peixoto de Azevedo.

25/01
das 10h às 13h, das 14h às 17h – Oficina de poesia sem censura, com Angélica Freitas – Neste laboratório, comandado pela poeta Angélica Freitas (Rilke Shake, 2007; Um útero é do tamanho de um punho, prêmio APCA 2012) os participantes utilizam o caderno como espaço de experimentação para aguçar suas habilidades poéticas. 20 vagas, oficina sequencial, das 10h às 13h, das 14h às 17h.
28/01
19h – Proibidas – A revista literária “Puñado”, editada por um coletivo de mulheres, vai fazer um clube de leitura especial, com trechos de autoras latino-americanas brancas e negras que foram censuradas, proibidas ou sofreram resistência, seja pelo teor político, seja pelo teor moral. Com Laura Del Rey e Raquel Dommarco Pedrão, organizadoras da Puñado, e as convidadas Hailey Kaas, Jéssica Balbino, Luciana Bento e Vanessa Ferrari.

29/01
19h – Marighella – Personagem da história política brasileira que enfrentou censura tanto em vida quanto após sua morte é o tema desse diálogo que reúne o escritor e jornalista Mário Magalhães, autor de sua biografia, e Maria Marighella, sua neta, que está à frente do relançamento de volume de escritos, Chamamento ao povo brasileiro. Moderação: Rodrigo Casarin.

30/01
19h – Mulheres nos anos de chumbo – As romancistas Claudia Lage e Maria Valéria Rezende e a historiadora Maria Claudia Badan Ribeiro conversam sobre a escrita ficcional e historiográfica que reconstitui a atuação feminina e a repressão de 1964 à reabertura política. Participação especial de Adelaide Ivánova, que apresentará duas performances. Mediação: Robson Viturino

30 e 31/01
19h – Calabar, o elogio da traição – Por uma década ficou censurada esta peça de teatro musicada de Chico Buarque e Ruy Guerra que recupera a figura de Domingos Fernandes Calabar, que tomou partido dos holandeses, contra a coroa portuguesa, durante a Insurreição Pernambucana. Esta adaptação para leitura dramática, com onze atores e três músicos, é assinada por Renata Palottini e é um projeto do Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura, da ECA-USP. Direção de Roberto Ascar e direção musical de Jean Garfunkel.

Centro Cultural Olido
17, 18 e 19/01 – Sala Paissandu
18h Abrazo – Grupo Clowns de Shakespeare
17, 18 e 19/01 – Sala Olido
21h Gritos – Cia Dos à Deux

Centro Cultural da Diversidade
18/01
21h A Mulher Monstro – S.E.M. Cia de Teatro
19/01
19h A Mulher Monstro – S.E.M. Cia de Teatro
25/01
21h Sombra – Teatro da Pomba Gira
26/01
19h Sombra – Teatro da Pomba Gira

Teatro Flávio Império
18/01
20h O Crime da Cabra – Cia do Sal

19/01
19h O Crime da Cabra- Cia do Sal
29/01
20h Lembro Todo dia de Você – Núcleo Experimental
30/01
20h Lembro Todo dia de Você – Núcleo Experimental

Vila Itororó
18 e 19/01
15h Blitz, o império que nunca dorme – Trupe Olho da Rua

25 e 26/01
20h Quando Quebra Queima – Coletiva Ocupação

Centro Cultural da Juventude
17 e 18/01
20h Domínio Público
22/01
20h Res Pvblica 2023 – Grupo A Motosserra Perfumada
23/01
20h Res Pvblica 2023 – Grupo A Motosserra Perfumada

Centro de Culturas Negras
25 e 26/01
16h Macacos – Cia do Sal

Praça Ramos de Azevedo
31/01
23h Cortejo com a Espetacular Charanga do França
00h Festa com Tarado Ni Você
01h Minhoqueens

Theatro Municipal
17/01
23h Rennan da Penha (Sacada)

29/01
20h Divinas Divas

31/01
19h Roda Viva
22:30 Concentração da Espetacular Charanga do França (Na frente do Theatro)
23h Cortejo: Roda Viva e Espetacular Charanga do França

OBS.: Todas as apresentações de teatro serão seguidas de mediação.

PARCERIA

CASA 1

17 a 31/01
Projeto Instituto Temporário de pesquisa sobre censura – um mergulho crítico sobre a trajetória da censura

ENDEREÇOS

Biblioteca Mário de Andrade: Rua da Consolação, 94 – República
Centro Cultural da Diversidade: Rua Lopes Neto, 206 – Itaim Bibi
CCJ- Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso – Av. Dep. Emílio Carlos, 3641 – Vila dos Andrades
Centro Cultural Olido: Av. São João, 473 – Centro Histórico de São Paulo
Centro Cultural Santo Amaro: Av. João Dias, 822 – Santo Amaro
CCN- Centro de Culturas Negras – Mãe Sylvia de Oxalá: Rua Arsênio Tavolieri, 45 – Jabaquara
CCSP: Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso
Praça das Artes: Av. São João, 281 – Centro Histórico de São Paulo
Teatro Décio de Almeida Prado: R. Lopes Neto, 206 – Itaim Bibi
Teatro Flávio Império: Rua Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba
Tendal da Lapa: Rua Guaicurus, 1100 – Água Branca
Theatro Municipal: Praça Ramos De Azevedo, s/n – República
Vila Itororó – Rua Pedroso, 238 – Bela Vista

(Carta Campinas com informações de divulgação)

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