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Entre memória e esquecimento, ‘Dispositivo movimentocptsesc’ traz pequenos recortes da vida e da obra de Antunes Filho

Em São Paulo – Até o dia 14 de fevereiro de 2020, acontece no Sesc Consolação como parte da programação “Antunes Filho 90 Anos”, que inclui exposição e atividades integradas que homenageiam o teatro de Antunes Filho e processos de criação instaurados no CPT, o “Dispositivo movimentocptsesc”.

(Foto: Divulgação/Revista E-online)

O Dispositivo se configura como um meio de recuperar o movimento de intervenção e criação instaurado por Antunes Filho enquanto ele era o coordenador geral do Centro de Pesquisa Teatral – CPT.

Não se trata de um projeto memorabília ou museógrafico, mas um projeto que ocupa vários espaços e tempos do próprio CPT, revelando sua dinâmica intrínseca, aberturas do próprio espaço e sobre-existências ainda vigentes ali. Um projeto que busca estimular o pensamento, inspirar processos e traçar os caminhos possíveis para e neste centro de pesquisa.

“movimentocptsesc não é uma exposição. Não é uma retrospectiva de três décadas de trabalho frente a este centro de pesquisa, ou uma homenagem a Antunes Filho. movimentocptsesc é uma fabulação com ele, sobre ele, suas criações e este lugar. É uma mixagem em movimento entre a imprecisão da memória, do afeto da percepção e a invenção do esquecimento”, anota o curador Ricardo Muniz.

Neste jogo de memória e esquecimento, o dispositivo reúne pequenos fragmentos da vida e da obra de Antunes. São objetos, frases e imagens que se juntam aos recortes que ele mesmo gostava de colecionar, com os trechos de livros e peças que copiava – muitas vezes à mão – e fixava pelos corredores do CPT. 

Ao seguir os passos cotidianos de Antunes, recolhendo com o olhar os detalhes que marcaram sua rotina de trabalho, nos deparamos com facetas inesperadas do diretor que era tanto admirado quanto querido e temido. Além de relembrar os cartazes e espetáculos que criou ao longo da carreira, é possível soar algumas dezenas de sinos de sua coleção particular; ler os avisos de organização e limpeza que ele mantinha por todos os lados; ver as fotos de seu quintal entre as plantas do jardim do camarim, e assistir aos depoimentos de colegas e artistas com causos, saudades e lembranças. 

Ricardo, curador e amigo de Antunes de longa data, conta que certa madrugada, doente, Antunes foi até a porta do Sesc Consolação, sentou-se nos degraus da entrada da unidade e assistiu a um filme incrível, ali na rua. Se foi produto de seu delírio ou criatividade, não sabemos.

Se no início iluminado do percurso da exposição lemos “Luz, mais luz!” – as palavras atribuídas a Goethe em seu leito de morte; ao final encontramos a escuridão do palco, que para Antunes Filho significava o abismo. Uma metáfora para a necessidade que ele tinha de se arriscar e se renovar a todo tempo, até o final de sua vida, aos 89 anos. 

(Foto: Divulgação/Revista E-online)

A entrada é gratuita. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Horários de visitação

12/12 a 15/02 – Segunda a sexta, 16h às 21h. Sábados, 13h às 18h.

Local: Espaço CPT (7° andar).

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