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2020, para além dos limites da resistência

Por um 2020 além dos limites

.Por Sandro Ari Andrade de Miranda.

Apesar de muitos terem alcançados realizações pessoais, em termos gerais, 2019 foi um ano complicado, com o avanço do conservadorismo, da violação de direitos, da destruição da natureza, do bloqueio de garantias democráticas em vários campos, do desmonte de serviços públicos, dentre outros.

(Imagem gerd altmann – pl)

Entretanto, também foi um ano de resistência, de ruptura com o imobilismo, com o aumento da consciência social, com a retomada do agir coletivo, de preparação para as lutas vindouras. Parar, esperar, ficar lamentando a vida, nada disto nunca foi a solução, precisamos de mais, muito mais!

É exatamente em razão desta compreensão que acredito ser 2020 um ano para sair dos limites. Romper barreiras, derrubar muros, avançar fronteiras. Olhar para frente com a certeza de que o mundo pode ser transformado, um ano de ação! Para tanto, algumas questões são fundamentais.

Primeiro, antes de tudo, precisamos lembrar que não vivemos isolados no mundo. Vivemos e navegamos em uma imensa nave chamada Terra, onde a vida resplandece em todos os seus espaços. Para romper com os limites da mesmice, precisamos valorizar a empatia, caminhar em conjunto, traçar uma parceria com o universo que nos cerca e valorizar a vida. Somos animais sociais. Entretanto, também somo animais ecológicos, pois a nossa vida depende, essencialmente, das outras vidas.

A segunda questão é reconhecer o outro como um igual, um companheiro. Precisamos superar o discurso individualista que classifica o semelhante como um adversário. Não somos concorrentes, mas cooperantes. A luta pela transformação do mundo também é uma luta por igualdade e reconhecimento. Precisamos caminhar junto com todos aqueles que aditam ser possível um mundo de justiça e de igualdade, sem opressão, sem violência, sem dominação por interesses particularistas.

Precisamos amar, pois sem amor a vida é apática. Não falo apenas do amor romântico, também essencial, mas do amor como um sentimento supremo, como um desejo de compartilhamento de ideias, sabores, alegrias, sofrimentos, aquele desejo que nos permite amparar nossos companheiros e companheiras em situações difíceis, e distribuir nossa felicidade por todos os cantos do mundo. Amar é querer bem, é construir uma ética centrada na valorização do outro como parte do nosso dia a dia.

É preciso semear a esperança. Aqui um projeto permanente. Sem esperança, somos presas fáceis ao domínio autoritário. Uma sociedade sem esperança, é apática, controlada, cheia de seres isolados e vazios. A esperança é a luz da vida, é ela que nos faz caminhar na busca de um mundo melhor, é ela que nos desperta do imobilismo. Precisamos, portanto, ser semeadores da esperança.

É evidente que outras medidas também contribuem para transformar o ano de 2020 e nos fazer querer muito mais. Nunca podemos esquecer que o calendário é apenas um símbolo, muitas vezes associado às regras de mercado, de interesse ou de domínio.

A primeira atitude que precisamos ter para mudar esta perspectiva é considerar que o calendário também é um símbolo de transformação. Não precisamos esperar que o tempo passe para mudar o mundo, mas construir símbolos é uma forma, também, de atrair outras pessoas para este projeto de mudança. Portanto, em 2020, vamos romper com os limites que governam este país e o mundo, não é hora de esperar para de ser protagonista da própria vida!

Sandro Ari Andrade de Miranda é advogado e doutor em Ciências Sociais

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