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Banda Nenauá mostra sua ousadia em ‘Mulherio’, uma mistura de música eletrônica e ritmos brasileiros

Foto:Fabiana Ribeiro -fotografia

Nos próximos dias 8 e 9 de novembro, sexta e sábado, às 20h, a banda Nenauá, formada só por mulheres, lança o disco “Mulherio” no Museu da Imagem e do Som (MIS), de Campinas.

(Foto: Fabiana Ribeiro)

“Mulherio” é o título do primeiro trabalho da banda Nenauá e nele se identifica a força de uma coletividade plural que compõe e marca de modo expressivo as seis músicas desse EP (extended play, obra musical que contém mais músicas do que um single).  

Contemplado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo por meio do PROAC Editais de 2018, o trabalho é carregado de uma ousadia transgressora das cinco musicistas, sendo marcado pela integração entre música eletrônica e batucada, entrando num território ocupado majoritariamente por homens.

A força coletiva feminina e interseccional do “projeto Nenauá” vem somar às mulheres que, a cada dia, se destacam e mostram todo o potencial feminino na cena musical.

“Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor.” –  além das musicistas de excelência: Marisa Molchansky (baixo), Martina Marana (violão), Sheila Sanches (canto e composições), Tatiana Ubinha (percussão), Vanessa de Franco (Beatmaker), “Mulherio” conta com várias participações de nomes importantes como as mestras da Comunidade Tradicional Jongo Dito Ribeiro, a indígena Tamikuã Pataxó, a guitarrista Marise Marra, a rapper Fabiana Kbeluduru, a sanfoneira Clara Rodriguez e da Bateria Alcalina. Somadas às participações especiais das cantoras Camila Godoy (Clandestinas), Marília Corrêa, Maíra Guedes, Mariana Vasconcelos, Andréia Preta, Ilcéi Mirian  e dos maestros Marcelo Spínola e Fernando Siqueira.

“Mulherio” traz a mulher como protagonista e reúne um grande time feminino, cerca de 40 mulheres participaram do projeto.

Projeto musical ousado, contemporâneo e versátil

Batuque antropofágico psicodélico filosófico contemporâneo – creio que seja a melhor definição quando me perguntam do disco”, brinca Sheila Sanches.

Com essência e concepção feminina o disco foi gravado no estúdio do Mário Porto, em Campinas, e experimenta o batidão das pistas à multiplicidade rítmica brasileira. Os tradicionais ritmos de Jongo, Samba Reggae, Maracá indígena, Ijexá, Samba, Baião e Rap transitam entre o HouseDeep house, Tecno e outras vertentes eletrônicas.  A brasilidade contida na percussão e instrumentos harmônicos como baixo, violão, violoncelo, enriquecem os arranjos e quicam junto aos beats eletrônicos.  

Um trabalho estimulante que foge do óbvio ao reconhecer, respeitar e acolher a diversidade optando por ter várias arranjadoras ao invés de uma única, também ao incluir a pluralidade étnica e diversa das mulheres.

Musicistas cis, trans, lésbicas, negras, indígenas, brancas, mães, gordas e magras tiveram a liberdade independentemente do conhecimento musical ou acadêmico, para compôr sua participação, sob direção de Sheila Sanches – idealizadora do projeto, que também assina a direção musical e os arranjos harmônicos gerais de Marisa Brisa Molchansky.

” Nossa existência em si, já é feminista e interseccional!”    

O mercado da música e as mulheres

“A criação de coletivos e iniciativas de musicistas são essenciais para transpor a hegemonia masculina no mercado musical e naturalizar nossa presença como instrumentistas. Isso não significa que somos um movimento “nós contra eles”. O foco é melhorar a situação profissional e ética das mulheres que trabalham com música visto que grupos musicais formados por mulheres ainda são vistos com preconceito por parte de muitas pessoas, enquanto um grupo apenas com músicos é normalizado”, explica Sheila.

No mercado da música eletrônica então, a situação se agrava visto que este é um gênero musical quase exclusivo dos homens e, ser mulher em um mercado onde a predominância é masculina, é sempre um grande desafio. Uma pesquisa lançada pelo female: pressure, uma rede internacional de artistas femininas que atua nos campos da música eletrônica e das artes digitais mostra a falta de equidade: 14% das performances são realizadas por pessoas do gênero feminino, outras 7% mistas, 1% não identificadas e 79% masculinas. 

Outro estudo realizado pela doutora em sociologia, Liliana Petrini, demonstra que as mulheres no meio musical recebem 35% menos que os homens. Ao pensar em mulheres negras, tanto a presença feminina, quanto a desigualdade salarial caem ainda mais, e ao demonstrar os índices representados pelas mulheres trans os números despencam.

Apresentação ao vivo com intervenção de videoclipes e participações especiais

O show conta também com o entrelaçamento visual em sua composição. Com projeções de videoclipes concebidos especialmente para o álbum, as imagens trazem representatividade feminina na dança contemporânea e tradicional, problematizando temas como discriminação LGBTQi+ e o genocídio da população indígena.

Os videoclipes foram dirigidos pela cineasta Kit Meneses com concepção da idealizadora do projeto, Sheila Sanches.

A musicista, ativista, mulher trans Camila Godoy, da banda Clandestinas, fará participação especial no show do dia 01 de novembro, em Itu, e no dia 3 de novembro, em Santa Bárbara do Oeste, terá a presença da rapper Fabi Kbeluduru.

O coletivo que integra o projeto é formado pelas musicistas:

MARISA MOLCHANSKY-  baixista 

Violonista, baterista (UNICAMP). Lançou recentemente o autoral; “Brisa”.

MARTINA MARANA – violonista

Mestra em Música-Unicamp, canto-Tatuí. Lançou “Correnteza de Ar”  e o disco “eu toco mal”- pelo ProacEdital-2018.

SHEILA SANCHES – cantora e diretora geral

Ritmista, cavaquinista . Canta há 25 anos, estudou flauta transversal na ELM-UNICAMP. Uma das precursoras da música eletrônica no Brasil, com 2 discos lançados. Compõe e canta em coletivos de samba e Blocos. Dividiu palco com nomes como Edgar Scandurra, Mestre Nilton Junior,Made in Brasil,Ekoa Afrobeat.

TATIANA UBINHA – percussionista – baterista, e violonista

Bisneta de Chiquinha Gonzaga, em 20 anos de carreira, tocou com artistas como Nei Lopes, Delcio de Carvalho, Silvia e Beatriz Góes, Alessandro Pennezi, Circo Vox e Palavra Cantada.

VANESSA DE FRANCO – beatmaker

Teraupeuta sonora, estudou Tecnologia Fonográfica, pela Anhembi Morumbi, Dublagem pela Belas Artes-SP, Produção Musical na AIMEC e Jornalismo na PUC-Campinas.

Lançamento  de “Mulherio”, da banda “Nenauá”

Quando: 08 e 09 de Novembro (sexta e sábado)

Horário:  20h

Onde: MIS – Campinas  (Museu da Imagem e do Som de Campinas) Rua Regente Feijó, 859 – Centro, Campinas – SP

Oficina de roda de samba com foco na mulher

Quando: 16 de novembro (sábado)

Horário: 14h

Local: Casa Sem Preconceitos – Rua Uruguaiana, 226 – Centro, Campinas – SP  

Todas as atividades possuem entrada gratuita

(Carta Campinas com informações de divulgação)

 

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