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O Brasil narcotizado pelo ópio dos Guedes e Bolsonaros

Tesouro anuncia emissão de títulos da dívida externa

.Por Fernando Horta.

Na primeira metade do século XIX, a Inglaterra se expandia comercial e industrialmente no que ficou conhecido como “Era Vitoriana”. O dinheiro do mundo afluía para Londres numa proporção nunca antes vista. É claro que este “milagre” não ocorria espontaneamente. Também não é fruto do “empreendedorismo” inglês ou do “livre mercado”. Desde o final do século XIX, após o início do processo de industrialização, a Inglaterra praticava a chamada “política externa das canhoneiras”. Os navios ingleses abriam o comércio dos outros países à bala.

(imagem opium war – div)

Ainda assim a coroa britânica tinha problemas. Desde o mercantilismo, tinha ficado assentado que para um país enriquecer era necessário ter-se uma “balança de comércio favorável”. O país precisava vender mais do que comprar na comparação total e na comparação unitária com cada parceiro de comércio. O Brasil sofria muito com esta regra. No RJ do XIX, por exemplo, chegavam esquis e roupas inglesas de inverno para venda. Tudo para “balancear” o comércio com a ilha.

A China, no entanto, não precisava de nada que a Inglaterra vendia. Era auto-suficiente em roupas, porcelana e etc. Aliás, vendia seus produtos de luxo a preços caros para a Inglaterra. Os nobres ingleses gostavam de porcelana chinesa e da seda … vestidos, roupas e lenços de seda. A balança de comércio Inglaterra-China era totalmente favorável à última. E isto não poderia continuar aos olhos britânicos.

A solução encontrada por Londres continua a ser a mesma aplicada nos dias de hoje: forçar os países a consumirem os produtos que o seu país produz. Seja por meio de negociações ou mesmo de ameaça. A Inglaterra fez as chamadas “Guerras do Ópio” (1839-1842 e 1856-1860) pelas quais venceu militarmente a China, destruiu suas indústrias e manufaturas, e viciou a população chinesa no ópio que a Inglaterra produzia na Índia. Estava tudo resolvido, se os chineses não queriam comprar nada de útil, agora consumiriam ópio. A guerra veio exatamente quando as dinastias na China proibiram o consumo de ópio e atacaram o contrabando inglês. Terminada a guerra, a China somente se reergueria economicamente depois da Revolução Comunista em 1949.

Por incrível que pareça, o Brasil está na mesma situação. O projeto de desenvolvimento nacional dos governos petistas visava a utilização do pré-sal, desenvolvimento de condições de produção nacionais, melhoria produtividade da mão de obra nacional (via educação) e uma política externa “ativa e altiva”. Isto incomodou o capital internacional, especialmente depois de 2008.

Com Temer, Guedes e Bolsonaro, o capital internacional destruiu o Brasil de forma mais fácil do que as canhoneiras inglesas fizeram na China. A balança de comércio brasileira vem em viés de queda (com as maluquices da política externa de Bolsonaro) e hoje Guedes começa a nos endividar em moeda estrangeira (https://g1.globo.com/…/tesouro-anuncia-abertura-de-emissao-…). Fazia anos que o Brasil não se endividava em dólar. Guedes (que provavelmente vai sair ainda mais rico do que entrou como ministro) vai nos colocar novamente de joelhos para os dólares estrangeiros e talvez até para o FMI.

A fórmula mágica para enriquecer ainda mais os ricos, internamente, é diminuir o salário, cortar direitos, diminuir o emprego e aumentar a gasolina e a luz. É uma enorme ferramenta de concentração de renda que está funcionando no Brasil. Você não tem dinheiro, está trabalhando cada vez mais e o país ganhou mais de 400 novos “milionários”. De onde você acha que eles vieram?

No campo internacional, a ideia é a mesma e a fórmula parecida. Crie desemprego, diminua impostos até o estado não conseguir se pagar e então – com a desculpa do “déficit” – force a venda de patrimônio nacional para o exterior e o endividamento do país em dólar.

Se ninguém parar Bolsonaro e Guedes – da forma que for – antes do final do mandato dele estaremos novamente sustentando os ricos do mundo, com o FMI e seu chicote nas nossas costas … (Do Facebook de Fernando Horta)

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