Procuradores da Operação Lava Jato atuaram ilegalmente com advogados com objetivo de pedir o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
No dia 3 de maio de 2017, Thaméa Danelon, procuradora da República que coordenou a Lava Jato em São Paulo, escreveu para o chefe da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol, mostrando trabalho feito para o advogado do setor privado Modesto Carvalhosa.
No caso, o pedido de impedimento de Gilmar. A nova revelação da Vaza Jato, a partir de conteúdos obtidos pelo The Intercept Brasil, foi divulgada nesta segunda-feira (16) pelo jornalista Reinaldo Azevedo em seu programa na BandNews FM.
Uma funcionária pública trabalhando para um advogado do setor privado para prejudicar um ministro da Suprema Corte. Ela mandou mensagem para Deltan Dallagnol: “Oi, o professor Carvalhosa (Modesto) vai arguir o impeachment do Gilmar. Ele pediu para eu minutar para ele”. Uma procuradora redigindo um pedido de impeachment de um ministro do STF que ele, advogado, iria entregar. De fato, Carvalhosa já apresentou dois pedidos de impeachment contra Gilmar.
Deltan, chefe dela, poderia expulsá-la da força-tarefa. Mas não. Ele responde: “Sensacional, Tamis. Manda ver. Fala com o pessoal do Rio de Janeiro que tem tudo documentado”. Ela retorna, afirma para Dallagnol que o apoio dele é muito importante. “Apoiadíssima”, afirma o chefe da força-tarefa seguido de nove palmas de comemoração.
“Se quiser, olhamos depois de você redigir”, completa Dallagnol, se oferecendo para supervisionar o trabalho. “Quero sim, lógico, obrigada”, agradece a procuradora. “Ninguém pode saber que olhamos, se não enfraquece. Vão dizer que é vingança porque soltaram o Dirceu”, completa Dallagnol, aparentemente ciente da ilegalidade.
“Esse tipo de gente que faz isso faz qualquer coisa. Esse tipo de gente, quando morre criança ironiza“, criticou o jornalista Reinaldo Azevedo, ao comentar a ambiente de conluio que emerge das revelações da Vaza Jato.
Indicação de Aras
O novo procurador-geral da República, Augusto Aras, teria a intenção de nomear Thaméa para coordenar a força-tarefa da Lava Jato em Brasília.
Até o momento, a Vaza Jato mostrou a relação promíscua de Sergio Moro, ministro bolsonarista que era juiz federal em Curitiba, com membros do MP, especialmente Dallagnol. Moro atuou como orientador, como chefe da acusação, e não como juiz imparcial. O objetivo do conluio foi prejudicar adversários políticos do projeto de extrema-direita, defendido por eles e representado por Jair Bolsonaro (PSL).
Thaméa e Carvalhosa disseram que não se manifesta sobre um caso oriundo de informações obtidas ilegalmente. Nem para negar. Dallagnol disse que não reconhece as mensagens e não revisou nenhum pedido de impeachment. (Da RBA)