Até hoje a soja dominou o mercado de ‘carne vegetal’, mas os pesquisadores brasileiros desenvolveram a carne de caju, uma proteína feita a base de fibra de caju que pode ser usada para fazer hambúrguer, coxinha, nuggets, caftas, bolinhos e outros produtos.
Os pesquisadores perceberam que muitas pessoas no Ceará já aproveitavam a fibra para a produção de hambúrguer, porém com baixo teor de proteína. Por isso, foram realizados testes com a adição de outras fontes de proteína, como a texturizada de soja. “A finalidade dos testes também foi trabalhar a fibra para ter menos gosto de caju e para ficar com uma textura mais agradável ao consumo”, afirma Janice Lima, pesquisadora da Embrapa
O produto ganhou ingredientes que proporcionam características muito próximas às dos produtos elaborados com carne bovina, além da adição da fibra de caju. Segundo a pesquisadora, o hambúrguer com base de soja e fibra de caju é muito semelhante em termos de textura, cor e sabor ao de carne bovina. “Para quem está acostumado a consumir o hambúrguer bovino, não sentirá tanta diferença no sabor e na textura e vai consumir um produto que é vegetariano e rico em fibras”, diz a pesquisadora.
O projeto foi desenvolvido pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e a Sottile Alimentos, empresa de Niterói (RJ). Segundo a pesquisadora da Embrapa, Janice Lima, a ideia inicial era evitar o desperdício do bagaço do caju gerado pela indústria do suco, que normalmente é usado na alimentação animal.
O importante da pesquisa é que o uso da fibra de caju, oriunda da fruta nativa com grandes extensões de plantio e produção na Região Nordeste, promove uma solução sustentável ao descarte da indústria de suco. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2017, o Brasil produziu quase 60 mil toneladas de caju, sendo que 75% (45 mil toneladas) correspondem à fibra, gerada após o aproveitamento do suco e da castanha. (Carta Campinas com informações de Kadijah Suleiman/Embrapa)