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‘Cais Oeste’, de Bernard-Marie Koltès, expõe um cenário de desigualdade e corrupção, tensões sociais e medo

Em São Paulo – De 6 de setembro até 13 de outubro, fica em cartaz o espetáculo “Cais Oeste” no Sesc Santo Amaro. Após 30 anos da morte do dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès, seu texto volta para apresentações no teatro brasileiro com direção de Cyril Desclés.

(Foto: Halei Rembradt)

A história de “Cais Oeste” gira em torno de Koch, um empresário que decide se suicidar em um galpão abandonado às margens de um rio. Em seu carro luxuoso, o personagem chega à cidade portuária disposto a tirar a própria vida após ter desviado dinheiro. Nesse ambiente, ele encontra imigrantes e moradores de rua em uma situação oposta.

Esse encontro entre oito personagens em um galpão – este inspirado em um imóvel em desuso que se localizava na cidade de Nova York na década de 1980 – traz para obra de Koltès o choque entre as diferentes classes sociais e desperta um sentimento de contradição: “tem essa pessoa muito rica, que chega com um Jaguar, com um isqueiro luxuoso, e ele tem inveja das pessoas que não têm nada, que apenas sobrevivem”, afirmou o diretor Cyril Desclés em entrevista para a rádio francesa RFI.

O texto misterioso e que se aproxima de um romance policial investiga as nuances de Koch, mas também das outras pessoas que estão no galpão. Monique é a assistente do empresário que tenta impedi-lo de seguir adiante com a ideia do suicídio. Do outro lado da realidade, há a família que presencia a chegada dos dois: Carlos, um jovem à procura de emprego; Clara, a irmã que é contra a partida dele; Cecília, a mãe em busca de um visto de permanência; Fak, que gosta de Clara; Rodolfo, o pai que pouco aparece; e Abad, um homem negro que recusa falar. Entre personalidades e vidas diferentes, os personagens mostram em comum suas obsessões diante do impedimento de viver – apenas sobrevivendo.

O cenário conflituoso ganha montagem no Brasil em meio às identificações do escritor e diretor com o país latino-americano. Após o fracasso do texto de Koltès no teatro em 1986, o autor declarou no ano seguinte que o filme brasileiro “Um Trem para as Estrelas”, de Cacá Diegues, era um “Cais Oeste” que deu certo. Já o diretor Desclés associa a história da peça com suas experiências pessoais no Brasil de improváveis encontros entre pessoas. Além disso, lança um olhar para as configurações de duas cidades do país: “a situação da zona portuária do Rio de Janeiro ou da Cracolândia em São Paulo lembra aquela descrita por Koltès em 1983”, reflete.

Em “Cais Oeste”, o espectador é convidado a destrinchar as relações humanas dentro de um jogo de ambições, tensões sociais e a sensação de medo que transita entre a sociedade.

Nascido em 1948, o dramaturgo francês começou a carreira escrevendo e dirigindo peças em Estrasburgo na década de 1970. O sucesso chegou mesmo em 1983, quando Patrice Chéreau encenou Combat de nègre et de chiens. Em seguida, outros textos ganharam montagem pelo mesmo diretor, como Quai ouest (1986), Dans la solitude des champs de coton(1987) e Le Retour au désert (1988). As peças de Koltès já foram traduzidas em 55 idiomas e montadas em diferentes partes do mundo. No Brasil, a obra do francês chegou aos palcos pelas montagens “Na solidão dos campos de algodão”, “Roberto Zucco” e “O Retorno ao deserto”. (Carta Campinas com informações de divulgação)

FICHA TÉCNICA

Texto: Bernard-Marie Koltès
Tradução: Carolina Gonzalez
Direção: 
Cyril Desclés
Elenco: Carolina Gonzalez, Giovani Tozi, Janaina Suaudeau, Jefferson Matias, Sandra Corveloni, Sérgio Pardal, Marcelo Lazzaratto e Thiago Freitas.
Cenografia: Carlos Calvo
Figurino: Victoria Moliterno
Iluminação: Guilherme Bonfanti
Trilha sonora: Aline Meyer
Operador de luz: Guilherme Soares
Operador de som: Tom Ribeiro
Camareira: Alessandra Ribeiro
Produção executiva: Rick Nagash
Produção: Anayan Moretto
Apoio: Consulado Geral da França em São Paulo, Instituto Francês do Brasil e Compagnie Théâtale L’Embarcadère

Se por um lado, o mercado editorial brasileiro
não se empolga tanto com o crescimento tímido do
consumo de livros digitais em nosso país, por outro,
estudantes universitários comemoram a

e Thiago Freitas.
Cenografia: Carlos Calvo
Figurino: Victoria Moliterno
Iluminação: Guilherme Bonfanti
Trilha sonora: Aline Meyer
Operador de luz: Guilherme Soares
Operador de som: Tom Ribeiro
Camareira: Alessandra Ribeiro
Produção executiva: Rick Nagash
Produção: Anayan Moretto
Apoio: Consulado Geral da França em São Paulo, Instituto Francês do Brasil e Compagnie Théâtale L’Embarcadère

“CAIS OESTE”, TEXTO DE BERNARD-MARIE KOLTÈS E DIREÇÃO DE CYRIL DESCLÉS

Quando: de 06/09 a 13/10
Horário: Sextas, às 20h; sábados, às 19h; domingos, às 18h.
Local: Teatro (1º andar | 279 lugares)

Classificação: 14 anos

Ingressos: R$ 40,00 (inteira). R$ 20,00 (estudantes, +60 anos e aposentados, pessoas com deficiência e servidores da escola pública). R$ 12,00 (Credencial Plena válida: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciados no Sesc e dependentes).

SESC SANTO AMARO – Endereço: Rua Amador Bueno, 505, Santo Amaro Acessibilidade: universal. Horário de funcionamento da Unidade e bilheteria: Terça a sexta, das 10h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30. Estacionamento da unidade: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional (Credencial Plena); R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional (outros). Disponibilidade: 158 vagas para carros e 36 para motos. A unidade possui bicicletário gratuito.

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