O jornalista Paulo Henrique Amorim, que morreu na madrugada desta quarta-feira, (10) no Rio de Janeiro, popularizou o termo PIG (Partido da Imprensa Golpista), há cerca de dez anos, período em que os fascistas que fazem sucesso nas redes sociais atualmente estavam circunscrito ao submundo da internet e a grupos lunáticos. O termo foi usado pela primeira vez pelo ex-deputado Fernando Ferro (PT).
De acordo com a Wikipedia, os membros do PiG (Rede Globo, Veja, Folha de S.Paulo, O Estado de São Paulo, Exame, Istoé, dentre outros) são considerados tendenciosos e se utilizariam da grande mídia para propagar suas ideias e desestabilizar governos de orientação política contrária à sua. O termo PIG foi o reconhecimento de um movimento da imprensa brasileira para posições mais radicais e contrárias à democracia, tornando-se complacente e incentivadora dos ataques à democracia.
Pode-se dizer que essa postura mais golpista da grande mídia brasileira foi a responsável pela ascensão dos grupos fascistas na política e também no judiciário brasileiros nos últimos dez anos. Amparados por uma cobertura jornalística cartelizada, sem crítica contra o pensamento autoritário, os fascistas ganharam liberdade para difundir suas ideias, conquistaram poder e se exibiram na internet e dentro do próprio Judiciário, desprezando a legislação. O Brasil atual é em parte resultado do movimento editorial da imprensa brasileira que ficou conhecido como PIG.
A morte de Paulo Henrique Amorim foi divulgada pela TV Record, emissora onde trabalhava desde 2003. Sua trajetória profissional foi destacada nesta manhã pelo jornalista André Azeredo, que apresenta o programa SP no Ar.
De acordo com a emissora, o jornalista saiu para jantar com amigos na noite de ontem (9) e infartou quando retornou à sua casa. Aos 77 anos, ele deixa uma filha e esposa também jornalista Geórgia Pinheiro.
Paulo Henrique Amorim construiu uma carreira que vai do jornalismo impresso ao televisivo. Atuou como correspondente internacional em Nova Iorque nas revistas Realidade e Veja. Na televisão, passou pela extinta Manchete, pela Globo, Bandeirantes e TV Cultura.
Contratado pela Record em 2003, ele assumiu na ocasião a apresentação da edição noturna do Jornal da Record. Posteriormente foi deslocado para o programa Domingo Espetacular. No final do mês passado, ele foi afastado da atração após 14 anos no seu comando. Segundo informações de bastidores, por causa de suas críticas em relação ao governo Bolsonaro.
Na ocasião, a emissora anunciou o nome de novos apresentadores como parte de uma reformulação do seu jornalismo e afirmou que Paulo Henrique Amorim não seria demitido, ficando à disposição para novos projetos.
Paralelamente, o jornalista também editava o Conversa Afiada, um site focado na cobertura política do país que ele criou inicialmente como um blog em 2008. A notícia de sua morte repercutiu no meio profissional e político.
“Os jornalistas brasileiros acordaram hoje com uma triste notícia: a morte por infarto do jornalista Paulo Henrique Amorim. É uma perda para o jornalismo. Além de atuar na Record, ele também atuava no jornalismo independente com seu site Conversa Afiada e estava fazendo um trabalho interessante porque suscitava o debate e a crítica. Vai fazer falta”, lamentou Maria José Braga, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas.
Nas redes sociais, políticos e colegas de profissão também prestam homenagem. O jornalista e escritor Mário Magalhães escreveu em seu perfil que Paulo Henrique Amorim foi um jornalista corajoso e compartilhou um de seus discursos. “Reverencio sua memória com um vídeo dele, de dezembro de 2017, em defesa da liberdade de expressão”. (Carta Campinas/Agência Brasil)