Em artigo publicado nesta segunda-feira, 13 de maio, intitulado “Sobre balbúrdia, filosofia e universidades públicas”, a vice-reitora da Unicamp, Tereza Dib Zambon Atvars, recupera os embates que o médico Zeferino Vaz, que foi o criador e diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (1951-1964) e fundador e reitor da Universidade Estadual de Campinas (1966-1978), travou com ideias semelhantes a que são exaladas pelo governo Bolsonaro contra as ciências humanas e a universidade pública.
A vice-reitora lembra que Zeferino Vaz era bastante conhecido por suas posições conservadoras, inclusive comandou a criação da Unicamp em plena Ditadura Militar.
Ela lembra que em em 5 de julho de 1973 um jornal de ampla circulação nacional publicou um artigo com críticas à Universidade Estadual de Campinas, intitulado Unicamp: uma universidade conturbada.
“Esse título me remete às atuais críticas à universidade pública brasileira, 46 anos após essa publicação: recentes manifestações públicas de altos dirigentes do País classificaram as universidades públicas como instituições onde impera a balbúrdia”, afirmou.
“Zeferino Vaz concedeu entrevista à Revista Bosch do Brasil sob o título Ciência versus Humanismo: um falso debate. Feita a pergunta pelo entrevistador sobre o então “atual debate entre universidades humanistas e universidades científicas ou técnicas”, Zeferino Vaz respondeu: “É incompreensível que haja um debate colocando em posições antagônicas universidades humanistas e técnicas ou científicas, porque, ao meu ver, esse conceito é antiético – contraria frontalmente o conceito de universidade. No meu entender, universidade significa unidade na universalidade dos conhecimentos humanos, isto é, existe um denominador comum, um sentido direcional único, em todas as atividades humanas”. E finalizou: “As técnicas são subordinadas ao bem-estar do homem, e não o homem subordinado à técnica”, relata. Para Zeferino Vaz, esse tipo de pensamento é superficial e de quem não tem conhecimento sobre o tema.
Para a vice-reitora, é impressionante que quase 50 anos depois dessa resposta, altos dirigentes do Brasil voltem ao tema, buscando reduzir a importância da educação humanística na formação dos alunos em todas as áreas do conhecimento e hierarquizar as áreas técnicas como sendo mais importantes do que as humanidades.
“Esse debate somente pode fazer sentido entre leigos ou entre pessoas pouco afeitas à área da educação e à complexidade dos problemas sociais, econômicos e tecnológicos do País”. A vice-reitora termina o artigo dizendo que não se pode aceitar o rótulo de universidade da balbúrdia. (Veja artigo completo neste link)
Veja baixo, para quem não conhece, um breve vídeo de Zeferino Vaz: