Dados da última pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assistência Estudantil (Fonaprace), mostra que a grande maioria dos alunos das universidades federais são provenientes de famílias de baixa renda.
A pesquisa mostrou que 70,2% dos alunos são de famílias que têm 1,5 salários mínimos de rendimento per capita. Os dados desmentem a ideia de que os alunos de universidades públicas pertencem às camadas sociais com rendas altas. Pelo contrário, os alunos com rendimento na família maior do que 10 salários mínimos não representam nem 1% do total de alunos.
Estudos anteriores, também realizados pela Andifes, mostram a evolução do perfil dos graduandos, considerando os processos seletivos massivos, como o ENEM, a criação de mais de 300 campi no interior do País e a Lei de Cotas, criada em 2013. O número de alunos negros quase triplicou de 2003 a 2014. Juntos, negros e pardos já representavam, há três anos, 47,5% do total de estudantes das universidades federais do Brasil.
Para a professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, as universidades brasileiras têm um papel civilizatório importantíssimo, porque são instituições inclusivas. O Brasil se situa entre as dez economias mais importantes do mundo, mas é um país que tem padrões de desigualdades sociais semelhantes aos países mais pobres.
Para Maria Arminda, as universidades públicas, com política de inclusão, ajudam a reverter esse aspecto. Na USP, que é uma universidade pública e gratuita estadual, quase 50% dos estudantes advém de escolas públicas e a população PPI (preto, pardo e ínido) também cresceu bastante.
Em entrevisa a rádio da universidade, a professora também disse que o governo atual não tem política para o setor. “Uma hora tá definido de um jeito, uma hora muda, depois muda, depois recua… o que é isso? O primeiro ministro da educação, do atual governo, diz que as universidades eram para a elite. Olha, ele desconhece absolutamente o papel social e o significado das universidades brasileiras públicas no Brasil”, afirmou.
As universidades têm papel importante na constituição democrática por estimular o debate de ideias e a convivência com a diferença, e que a juventude é um agente de mudança importante. “É aqui, sim, na Universidade, que se discute todas as ideias. E é aí que o conhecimento e a cultura avançam: quando nós somos capazes de construir debates, quando nós temos a abertura para atender o novo. Nós temos que enfrentar os verdadeiros problemas da educação brasileira. Não ficar tergiversando que alguém faz balbúrdia, se alguém faz aquilo… quer dizer, quais são as questões centrais? Isso beira a coisa que tem que ter algum interesse por trás. Eu tenho feito essa pergunta sempre: A quem interessa tudo isso? A destruir o sistema educacional e o sistema universitário.” (Carta Campinas com informações do Jornal da USP)