Arquitetura de Escolha: “empurrões” que direcionam nossas escolhas
.Por Victor Barboza.
Dentre as espécies que ocupam o planeta Terra, o Ser Humano representa a que teve maior evolução, com o desenvolvimento do cérebro, a “máquina central”, que proporcionou a inteligência, e, a cada dia, possibilita que inúmeros progressos e tecnologias sejam desenvolvidos. Porém, quando o assunto é dinheiro, este lado racional passa a ter um grande concorrente, que é o lado emocional.
Esta relação do ser humano com o dinheiro vem sendo estudada há algum tempo. Inicialmente, era uma área estudada pela Economia, mas, com essa percepção de que a relação com o dinheiro não é totalmente racional, surgiu a Psicologia Econômica unindo o racional com o emocional. Daniel Kahneman, autor do livro “Rápido e Devagar” traz o conceito dos dois Sistemas do nosso cérebro: o Sistema 1, emocional e intuitivo, e o Sistema 2, racional e lento.
Um dos conceitos estudados pela Psicologia Econômica é o conceito de “Arquitetura de Escolha” (em inglês, nudging). Esse conceito refere-se à prática de influenciar as escolhas, por meio da apresentação das opções que são apresentadas aos indivíduos. Foram Richard Thaler e Cass Sunstein, economistas comportamentais, que foram se aprofundar no estudo deste conceito, sendo publicado no livro “Nudge – Um Pequeno Empurrão”. Thaler foi consagrado em 2017 com o Prêmio Nobel da Economia.
O termo “Nudge” foi criado para apresentar aspectos da arquitetura de escolha que alterem o comportamento das pessoas de uma maneira previsível, sem proibir nenhuma opção ou alterar de forma significativa seus incentivos econômicos, mantendo, portanto, a liberdade de escolha. O Nudge pode ser visto como um “empurrão” ou uma “cutucada”.
No livro, são mostrados alguns exemplos de Nudges, como os caminhos sugeridos pelo GPS, advertências nos maços de cigarro, avisos nos rótulos de produtos e campanhas educativas. Diversos países já utilizam esse conceito nas políticas públicas.
Esses empurrões podem ser utilizados tanto para o bem quanto para o mal. Por exemplo, nos EUA, buscando melhorar a alimentação das crianças, foi necessário ao invés de simplesmente oferecer maças, oferecer estas na forma fatiada. Isso trouxe um aumento de 60% no consumo. Por outro lado, diversos estabelecimentos investem nesses empurrões visando desenfrear o consumo compulsivo. O uso de cores específicas, cheiros, músicas e iluminação são fatores que podem induzir o indivíduo a consumir mais.
Conhecer o conceito da Arquitetura de Escolha e saber como usá-lo a seu favor, e, ao mesmo tempo, exercitar sempre o seu “Sistema 2” são pontos que só tendem a ajudar em ter uma boa vida financeira.