A Rede Globo parece que já percebeu que perdeu as eleições e terá uma dura batalha pela frente como o conservadorismo do governo Bolsonaro. Ou seja, a Globo já percebeu que Bolsonaro pode ter conseguido quebrar o cartel editorial controlado pela Rede Globo, junto com as outras emissoras.
Se derrotaram o PT e Lula, porque as outras emissoras não poderiam derrotar também a Globo?
Durante anos e anos, a Globo foi hegemônica na verba publicitária e no poder político junto e graças ao PSDB e ao PT. Mas cuspiu no prato que comeu sob o comando de Ali Kamel (foto), que implantou uma cultura antipetista avassaladora.
Por incompetência de seus diretores, fez um jornalismo sistemático de ataques ao PT e principalmente a Lula, conseguindo fazer com que a Justiça condenasse o ex-presidente mesmo sem provas. Ajudou na expansão do movimento fascista e na vitória de Bolsonaro.
Agora, o governo Jair Bolsonaro (PSL) elaborou projeto de lei que visa proibir um instrumento de negociação comercial que, segundo críticos, garante o domínio da Rede Globo no mercado publicitário de TV aberta no Brasil. Para dar início à guerra aberta contra a emissora dos Marinho, Bolsonaro destacou o deputado federal Alexandre Frota (PSL) para apresentar a proposta no Congresso Nacional.
“O projeto foi entregue a mim e a uma equipe de profissionais com autorização do Jair. Vou apresentar ao presidente e me reunirei com SBT, RedeTV!, TV Record e talvez a Band”, declarou Frota ao jornal Folha de S.Paulo.
Com isso, Frota arma um cerco dos grupos de comunicação concorrentes contra a Rede Globo. A movimentação do governo pode ser uma retaliação à postura da emissora que, em diversas ocasiões, expôs criticas à gestão do capitão reformado.
Conhecida por exigir que seu quadro de funcionários não exponha comentários políticos, a emissora, no entanto, mudou sem tom após a vitória de Bolsonaro. Neste domingo, Faustão, um dos principais nomes da Globo, deu a entender que o presidente da República era um “imbecil”. Na mesma linha, o apresentador Luciano Huck postou uma foto nas redes sociais com sua esposa, a apresentadora Angélica, criticando a fala da ministra Damares Alves sobre o uso das cores azul e rosa.
No Projac, onde localiza-se os estúdios Globo, a grande maioria dos aristas também são opositores ao governo, e deixam isso claro em suas redes sociais. Muitos, inclusive, saíram às ruas para dizer “ele não” durante o período eleitoral.
A oposição ao governo também chegou ao carro chefe do jornalismo da emissora, a Globo News. Nomes como Merval Pereira e Leilane Neubarth já fizeram duras criticas abertas ao capitão reformado. O próprio Bolsonaro chegou a bater boca via Twitter com Neubarth, dizendo que a jornalista “não apura de forma correta os fatos”.
Isso tudo indica que a direção da Globo já está ciente da enrascada em que se meteu.
No que consiste o projeto de Bolsonaro para definhar a Globo
O texto do Projeto de Lei, que foi escrito sob inspiração de integrantes de agências de publicidade e executivos de concorrentes da Globo, trata especificamente sobre o ‘instrumento’ de cartel atualizado pela emissora, o BV.
A reportagem da Folha de S.Paulo afirma que “o BV em questão, alvo do novo projeto, é a sigla de Bonificação por Volume. O mecanismo foi introduzido pela Globo nos anos 1960 para, segundo a emissora, estimular o mercado publicitário e chamado de ‘câncer’ por um de seus maiores adversários, o vice-presidente e sócio da RedeTV! Marcelo de Carvalho. O funcionamento do BV é simples. Um anunciante contrata uma agência de publicidade para promover um produto. Os veículos de comunicação pagam uma comissão para as agências, o BV, para que elas os escolham como destinatários da verba. Para os críticos, isso cria um ciclo vicioso em que o meio mais rico do Brasil, a TV aberta, mantém seu domínio sobre o bolo publicitário alimentado as agências com BVs. Grandes contratos costumam ter um BV variando de 10% a 20% de seu valor.”
Segundo o jornal, “o mecanismo levou agências grandes a reduzir ou mesmo deixar de cobrar as comissões regulares –que podem chegar a 20%, mas em média são de 5% por negócio.” (247/ Carta Campinas)