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‘Mata Teu Pai’ aborda feminismo e intolerância a partir da tragédia grega ‘Medeia’

O espetáculo Mata Teu Pai, escrito pela dramaturga e diretora teatral Grace Passô e interpretado pela atriz Debora Lamm, será encenado nesta sexta-feira (28), às 20h, no Teatro do Sesc Campinas, integrando o projeto artístico Tragédias. Entre expatriados e imigrantes, o solo trata de assuntos como feminismo, preconceito e intolerância a partir do olhar apurado de Medeia.

Para Inez Viana, diretora do espetáculo, Mata Teu Pai torna-se um grito contra o retrocesso e a intolerância da atualidade. Não por acaso, a primeira fala de Medeia no espetáculo pede atenção: ‘Preciso que me escutem!’. ”Ela tem muito a dizer sobre nossos dias, nossos tempos tristes. Medeia está em movimento, mas só quer descansar um pouco no meio dos escombros da cidade onde agora está. Encontra mulheres: síria, cubana, paulista, judia, haitiana. Se vê na mesma condição de imigrante, por outros viés, evidente, mas sabe que não é dona de sua vida”, destaca a diretora.

A partir desses encontros, algumas tornam-se suas cúmplices, outras seus algozes. Medeia percorre um caminho interior: decide que quem tem que morrer é Ele, que a desprezou e tirou o seu direito de ser sua mulher. ‘Que direitos temos nós?’, pergunta Medeia. “Para além de um paralelo sobre o mito, Grace Passô recria a sua feiticeira, não só sobre os dias de hoje, mas também sobre a condição da mulher hoje. Há muitas Medeias com diferentes questionamentos. Mas a todas devemos escutar para que a catarse, por meio da arte, seja expurgada e então um novo homem, mais justo, possa renascer”, avalia.

“Medeia é uma protagonista feminina que desafia o amor romântico. Na tragédia, ela ressignifica o sentimento quando, na fuga com o ser amado, o que fará dela uma estrangeira, mata o próprio irmão e mais adiante mata seus próprios filhos com Jasão ao se ver traída por ele. A Medeia de Mata Teu Pai leva consigo o discurso e as angústias do mundo atual. Dar voz a uma personagem milenar será sempre um desafio”, comenta a atriz Debora Lamm.

A ambientação simples, assinada pela cenógrafa Mina Quental, propõe um campo minado que se desenha no espaço, trazendo toda a sorte de lixo eletrônico, como caixas e mais caixas de carregadores de celular, baterias, teclados de computador e monitores. A luz de Nadja Naira e Ana Luzia de Simoni revela formas, rostos, corpos, de forma transversal, criando contradições nas imagens, para que o espectador possa construir junto, sentindo-se parte da história. A direção de movimento de Marcia Rubin recria, a partir do coro de senhoras, uma atmosfera onírica como se elas habitassem apenas o sonho de Medeia. A equipe de criação conta ainda com figurinos de Sol Azulay, caracterização de Josef Chasilew, direção musical de Felipe Storino e programação visual de Felipe Braga. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Ficha Técnica
Texto: Grace Passô | Direção: Inez Viana | Performance: Debora Lamm | Iluminação: Nadja Naira e Ana Luzia de Simoni | Cenário: Mina Quental | Figurino: Sol Azulay | Caracterização: Josef Chasilew | Direção Musical: Felipe Storino | Direção de Movimento: Marcia Rubin | Programação Visual: Felipe Braga | Foto e Vídeos: Elisa Mendes | Assessoria de Imprensa: Ney Motta | Produção Executiva: Luísa Barros | Assistente de direção: Junior Dantas | Realização: Eu + Ela | Um projeto da Cia OmondÉ

Mata Teu Pai, com Débora Lamm
Quando: Sexta-feira (28), às 20h
Onde: Teatro do Sesc Campinas (Rua Dom José I, 270/333 – Bonfim, Campinas/SP)
Quanto: R$ 5,00 [trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes – Credencial Plena], R$ 8,50 [aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante] e R$ 17,00 [demais interessados].
Informações: Central de Atendimento – (19) 3737-1500

Gênero: drama
Classificação etária: 16 anos
Duração: 60min

Projeto Tragédias
Ao trazer aos palcos produções que se inspiraram em mitos e tragédias gregas para discutir questões contemporâneas, o projeto discute a permanência do gênero trágico na contemporaneidade. Somam-se aos espetáculos diversas atividades formativas que reúnem artistas e estudiosos do teatro para reflexões acerca do gênero teatral.

Atividades Formativas
VELHOS TEXTOS, NOVAS IDEIAS: A PERMANÊNCIA DAS TRAGÉDIAS
Com Kenan Bernardes, Inez Viana e Marcelo Lazzaratto. Mediação de Welington Andrade. O bate-papo
reúne pesquisadores, artistas e criadores para discutir a permanência das tragédias clássicas como fonte de pesquisas cênicas e espetáculos na cena teatral atual. Nesse contexto, o texto trágico é reinventado com vistas às reflexões sobre temas latentes da contemporaneidade.
Dia 26, quarta, às 19h30. Teatro. Grátis.
Retirada de ingressos na Central de Atendimento com 2 horas de antecedência.

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA FORMA TRÁGICA
Com Welington Andrade, professor e crítico teatral, além de editor e colunista da Revista Cult. O curso
examina questões históricas e estilísticas mais relevantes ligadas à origem e à evolução do gênero trágico,
a partir de um repertório de peças que vão da Grécia clássica aos tempos contemporâneos, indagando
sobre a persistência do trágico na dramaturgia atual.
Dia 30, domingo, das 10h às 18h. Sala de Atividades 4.
Custo: R$ 10,00/ R$5,00/ R$ 3,00.
Inscrições na Central de Atendimento.

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