.Por Renato Rovai.
Essa mesma liderança avaliou ao blogue que considera quase impossível que se chegue na chapa Lula e Ciro e por isso defendeu o acordo com o PSB.
Na sua avaliação, com o PSB não compondo a chapa com o PT ficam abertas as portas para o PT convidar o PCdoB para assumir a candidatura a vice se Ciro não topar.
E isso será feito, disse-me o interlocutor. Se Ciro vier, ele é o vice. Caso não, o PCdoB terá a primazia de compor a chapa.
A questão é que necessariamente o nome não será o de Manuela D’Ávila. O PT quer ter tranquilidade e tempo para poder escolher o parceiro de chapa em decorrência do que vier a acontecer com o Lula.
Se Lula for impedido de ser candidato, por exemplo, e o candidato for Haddad, Manuela não seria uma boa vice, avaliou.
Um candidato a presidente do Sudeste e uma vice do Sul seria um erro eleitoral, já que a base lulista principal é do Nordeste.
Com Jaques Wagner sendo o candidato, já seria outra coisa. Manuela poderia oferecer a ele a juventude, a modernidade, o carisma e o pé no eleitorado do Sul-Sudeste.
Mas o principal desta conversa toda é que ficou confirmado o convite do PT para Ciro ser o vice na chapa de Lula.
Geringonça brasileira
Este movimento talvez seja de fato o mais importante dos últimos meses. Muito maior e repleto de significados do que o acordo com o PSB.
Aliás, se Ciro, num gesto de desprendimento vier a dizer sim, o próprio PSB poderá vir a participar efetivamente da coligação.
A questão é, em Lula não sendo candidato, Ciro seria o titular da chapa?
Provavelmente não, porque o PT entende que neste momento tem a obrigação moral de disputar a presidência e derrotar o golpe com um candidato seu. É um ponto de honra para o partido, que entende que acaba se isso não vier a ocorrer.
Mas tanto Jaques Wagner quanto Fernando Haddad tem excelente relação com Ciro Gomes. E gostam dele.
Ou seja, um deles com o pedetista de vice poderia anunciar um governo de coalização nos moldes de Portugal, com espaços já definidos para Ciro, PSB e PCdoB. E sinalizando propostas muito efetivas para a sociedade de mudanças de rumo do país.
Mais do que isso, o PT já poderia anunciar que na próxima disputa a escolha do nome à sucessão seria feita pelos outros partidos da coligação. Ou seja, Ciro seria quase que naturalmente o nome.
Parece uma loucura, uma análise ingênua, mas seria a grande sacada do campo progressista para enlouquecer a direita e deixá-la sem rumo e sem chão.
Uma aliança dessas no primeiro turno, com Lula, seria tsunâmica. Não haveria segundo turno. Mas uma chapa Wagner ou Haddad com Ciro de vice também seria imbatível, na opinião deste blogueiro.
Ciro é um dos grandes quadros políticos do país. Pode parecer uma posição subalterna aceitar a proposta do PT neste momento, mas se ele olhar em perspectiva, talvez possa vir a ponderar.
Ciro é novo e sozinho, sem alianças, tende a murchar na disputa. Como vice, pode se tornar um grande operador político e um quase herói do campo popular.
Neste momento o PT não pode abrir mão da disputa à presidência. Mas não seria ruim assumir desde já que abrirá em 2022. E que numa reforma política, inclusive, esta aliança progressista passaria a defender o fim da reeleição.
Quem faz política com jogadas previsíveis não vai muito longe. A ousadia é que faz a história. Ciro hoje está na frente de Haddad ou Wagner, mas em todas as pesquisas quando um deles é apontado como candidato do Lula, ultrapassa Ciro. Ou seja, não seria um acordo do que o maior entraria numa posição menor.
Seria um acordo de gigantes e que resgataria o Brasil deste imenso pântano atual. (Da Revista Fórum)