A produção da Replan (Refinaria de Paulínia) da Petrobras continua parada nesta terça-feira (21/08), sem previsão de normalização. Duas unidades foram afetadas pela explosão e o incêndio, ocorridos no início da madrugada desta segunda-feira (20).
O que chama a atenção do Sindicato é que o acidente aconteceu poucos dias após o término de uma parada para manutenção do craqueamento. Pela primeira vez, o serviço foi executado por uma empresa de fora, apenas com trabalhadores terceirizados. O serviço incluiu a manutenção das grandes máquinas, que demandam conhecimento específico e mais qualificado.
Trabalhadores garantem que este foi o pior acidente registrado na história da maior refinaria do país, inaugurada em maio de 1972. Uma comissão para investigar as causas da explosão foi instaurada e começou a atuar hoje, com a participação de representante do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP). Para a direção sindical, o acidente é resultado do processo de desmonte da Petrobras, promovido pelo governo de Michel Temer (MDB) para privatizar a empresa.
Em um vídeo, registrado pelo circuito interno e compartilhado nas redes sociais, mostra uma petroleira passando pela área atingida sete minutos antes da explosão. “Por muito pouco não tivemos uma fatalidade”, afirma o diretor do Sindicato Gustavo Marsaioli.
Além de colocar em risco a vida dos trabalhadores, o acidente também assustou moradores próximos à refinaria e de cidades vizinhas. O barulho da explosão foi tão forte que pode ser ouvido a cerca de 40 quilômetros de distância.
Morador de Americana, do bairro Vila Omar, o técnico em elétrica Edson Lima contou que acordou com o estrondo, por volta da 1h. “Quando fui sair para o trabalho, encontrei minha vizinha e perguntei se ela tinha ouvido o estouro de madrugada. Só mais tarde é que vi a notícia e soube que tratava-se de uma explosão na Replan”, comentou.
O problema é que várias linhas de tubulação, que passam pelas unidades prejudicadas, sofreram grandes avarias e essa malha é fundamental para o acionamento parcial da refinaria. Sem essas linhas periféricas funcionamento perfeitamente, as duas unidades da destilação e do craqueamento, que não foram atingidas pelo acidente, ficam sem condições de operar.
O sindicato Unificado aponta o processo de desmonte da Petrobrás, com a redução do efetivo mínimo operacional e a precarização das manutenções preventivas, como uma das principais causas de acidentes na empresa.
Segundo o Sindicato, o governo golpista quer enfraquecer a empresa para vendê-la a preço de banana. “Há anos o Sindicato vem denunciando essa política da destruição, o sucateamento da Petrobras e a falta de segurança, que se agravou ainda mais com a redução do efetivo mínimo operacional”, declara o coordenador do Unificado, Juliano Deptula.
Desde a implantação do estudo de Organização e Métodos (O&M) da Petrobrás, em junho do ano passado, que promoveu o corte no número mínimo de trabalhadores e aumentou as condições de risco, a Replan já sofreu quatro paradas emergenciais. “Grande parte dos trabalhadores afirma que nunca se viu na refinaria um acidente com um potencial tão grande quanto foi este”, alertou Marsaioli. (Comi informações de divulgação)