A decisão de formar uma chapa petista com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, como vice, parece ser muito arriscada. Não só para o PT, mas também para todo o campo progressista. (Ou mesmo com Manuela D´Ávila como vice)
A divisão da esquerda com 4 candidaturas independentes, teoricamente, abre caminho para que a direita judiciária, representada por Geraldo Alckmin (PSDB) e a direita violenta, representada por Bolsonaro (PSL) tenham chances de vitória. Mais que isso, a decisão de Lula parece já colocar um desses dois candidatos no segundo turno.
Poderia ser bem mais tranquilo já encerrar a fatura no primeiro turno com uma bela união do campo progressista. Era essa a torcida de todos que lutam contra o fascismo que ganhou corpo nas instituições e na sociedade brasileira.
Mas talvez essa decisão de Lula seja milimetricamente calculada. Arriscada talvez só nas nossas cabeças. Lula conhece cada estado dessa nação, Lula conhece todas as forças políticas pelo país, de Roraima ao Rio Grande do Sul.
E, nesse gigante quebra-cabeça, contam-se inúmeros detalhes. Um deles será a dificuldade dos candidatos da direita conseguirem aliados de peso para atacar Lula no Norte e Nordeste. Esta semana, o golpista Eunício Oliveira (Ceará) disse que é Lula desde criancinha. É complexa a coisa!
Talvez Lula esteja certo. A disputa deverá ir ao segundo turno entre o candidato petista e o tucano, assim como nas últimas eleições. Ou algo parecido com isso. Mas pode ter um revés e surgir um segundo turno tenebroso entre Bolsonaro e Alckmin ou um menos pior entre PT e Ciro Gomes.
Provavelmente na lógica de Lula será um segundo turno entre um representante de Michel Temer, o golpista, e um representante do PT. Lula deve estar apostando em uma vitória tranquila no segundo turno.
Mas não é só isso. Como um petista poderá governar um Congresso que derrubou Dilma Rousseff recentemente? Como governar com uma grande mídia anti-petista? Com governar com um Judiciário partidário e um Ministério Público anti-petista?
Lula talvez já tenha traçado estratégia para deputados, a mídia e a Justiça brasileira e acredita ser possível. É difícil entender. Para resolver isso, só Lula mesmo. É ver para crer. (Por Susiana Drapeau)