A primeira delas “Café com Carolina: Sociedade e Violência nos textos de Carolina Maria de Jesus” discutirá a obra de Carolina Maria de Jesus com mediação de Eliane da Conceição Silva no sábado, às 15h.
O Café com Carolina começou seus debates a três anos e meio. Foram mais de 50 cafés. Quando o espaço deu início aos cafés muitas pessoas perguntavam quem era a Carolina do “Café com Carolina”. Era Carolina Maria de Jesus, que hoje está na lista de livros do vestibular da Unicamp.
O público em geral está convidado para uma conversa sobre os escritos de Carolina Maria de Jesus, mulher negra que, lutando pela sobrevivência na periferia de São Paulo, fez do escrever um modo de expressar os conflitos e violência que vivia, deixando em seus textos valiosas expressões da violência racial e de gênero que compõem a sociedade brasileira. Para contribuir na conversa, o evento terá a participação de Eliane da Conceição Silva que é professora da rede estadual e pesquisadora da Unesp de Araraquara-SP, onde concluiu sua pesquisa de doutorado: “A violência social brasileira na obra de Carolina Maria de Jesus”, em 2016.
Já no domingo, às 15h, acontece a “Roda de conversa: Racismo e exclusão nas Ciências Humanas” com os graduandos em Filosofia José Victor e em Ciências Sociais Matheus Lisboa, ambos da Unicamp.
Mesmo com a enorme contribuição de pensadoras e pensadores negros de diversas áreas do conhecimento, nos cursos de ciências humanas estuda-se predominantemente os livros de homens brancos, sobretudo europeus. Isso influencia diretamente o tipo de conhecimento que é ensinado. Assim, muitas discussões importantes ficam de fora da conversa, o que contribui para se conservar ideias de exclusão e discriminação racial.
Como anotam os organizadores do evento, “o conhecimento reproduzido na universidade serve a interesses particulares, inclusive em torno de quem pode ou não acessá-lo. Na Unicamp, por exemplo, uma das últimas universidades brasileiras a adotar o sistema de cotas – isso em uma das últimas cidades do mundo a abolir a escravidão – o IFCH é um dos institutos mais ricos e brancos da universidade, onde apenas três professores são negros em comparação aos 117 professores brancos. No ano de 2018, entre os estudantes matriculados em cursos de humanas (Ciências Sociais, Filosofia, História, Estudos Literários, Geografia, Letras e Pedagogia), em média 68,4% são brancos e somente 28,9% são negros, a despeito da representação de 37% que forma a população negra do Estado de São Paulo. Há, portanto, uma exclusão das pessoas negras dos espaços da universidade e da produção de conhecimento. Enquanto perdurar essa situação, precisamos urgentemente falar sobre racismo e exclusão nas Ciências Humanas”.
Mais informações na página do espaço nas redes sociais. (Carta Campinas com informações de divulgação)