O espaço, que atualmente é gerido pelo Grupo Pandora de Teatro, foi construído em 2010 pela Prefeitura de São Paulo para abrigar um Ponto de Leitura da cidade. Porém, a obra foi paralisada e o espaço nunca chegou a cumprir sua função social. Abandonado e degradado, acabou virando ponto de encontro de usuários de drogas, trazendo medo e incômodo para a população local.
Em fevereiro de 2016, com a colaboração dos moradores locais e com a ajuda de diversos coletivos, o Grupo Pandora realizou a revitalização do espaço e o transformou em um polo cultural que recebeu o nome de Ocupação Artística Canhoba – Cine Teatro Pandora.
A população do bairro, até então carente de opções de lazer e cultura na região, passou a ser frequentadora do espaço e a usufruir de atividades como oficinas, debates, exibições de cinema e apresentações artísticas. Hoje, o espaço também é utilizado como sala de ensaio por diferentes coletivos.
Desde a sua criação, o espaço estabeleceu uma grande conexão com o território que o cerca e com a população local, assim como o Grupo Pandora, formado predominantemente por moradores de Perus. Com seu novo espetáculo, o grupo segue em sua pesquisa com temas relacionados à história do bairro.
COMUM tem como eixo norteador o período ditatorial brasileiro e a descoberta da vala clandestina do Cemitério Dom Bosco em 1990, local que fica a cerca de 2 quilômetros da Canhoba. Uma vala comum com mais de mil ossadas, onde foram identificados desaparecidos políticos e cidadãos mortos pela violência da ditadura militar.
A revelação da existência de uma vala clandestina dentro de um cemitério oficial, desencadeou um processo de busca da verdade sem precedentes no país. A vala comum do Cemitério Dom Bosco foi apresentada ao mundo como um dos muitos crimes cometidos pelo regime surgido com o golpe de estado de 1964, e trouxe a crueldade da ditadura militar à tona no começo dos anos 1990. Até ali, o desaparecimento de pessoas, os falsos tiroteios e atropelamentos, as marcas de tortura e dores da perda, pertenciam apenas ao universo dos familiares, sobreviventes e amigos.
O espetáculo é formado por fragmentos de três histórias que se relacionam e se complementam. A primeira se passa no final dos anos 80, quando um jovem precisa passar por diversos obstáculos e conflitos para descobrir a verdade sobre o desaparecimento de seus pais, envolvidos com atividades de movimentos revolucionários na época da ditadura militar.
A segunda, inspirada nos coveiros da peça Hamlet de William Shakespeare, se passa nos anos 70 e retrata de forma cômica o universo de dois coveiros que recebem uma estranha tarefa: cavar uma vala enorme, de tamanho desproporcional.
A terceira é a historia de Beatriz Portinari e seu namorado, Carlos. O casal é retratado desde o primeiro encontro, as atividades politicas na faculdade em pleno período da ditadura militar, até a transformação desta garota comum em uma integrante do Movimento Estudantil. Seus ideais, contradições, sua prisão e o nascimento de seu filho.
Em 2018 o Grupo Pandora de Teatro comemora 14 anos de um trabalho contínuo de pesquisa e criação teatral no bairro de Perus, fortalecendo parcerias com polos culturais, artistas da região e com a própria população.
Compõe seu repertório também o espetáculo “Relicário de Concreto” (2013) inspirado nas memórias dos trabalhadores da Fábrica de Cimento Portland Perus e na Greve dos Queixadas, que ocorreu na Fábrica e durou sete anos. Além de ter lançado um livro chamado “Efêmero Concreto – Trajetória do Grupo Pandora de Teatro” organizado por Thalita Duarte e Lucas Vitorino, que destaca as ações do grupo fomentando a cultura no bairro e atuando em prol da revitalização da Fábrica de Cimento Portland Perus.
Mais informações AQUI. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Espetáculo COMUM
Sinopse: Inspirado na descoberta da vala clandestina do Cemitério Dom Bosco no bairro de Perus em 1990. Um jovem em busca de informações sobre o desaparecimento de seus pais, dois coveiros envolvidos com a criação da vala e uma estudante que se aproxima do ativismo político. 1970/1990 épocas distintas se entrelaçam e evidenciam causas e consequências.
Ficha Técnica
Criação: Grupo Pandora de Teatro |Texto e direção: Lucas Vitorino | Elenco: Filipe Pereira, Rodolfo Vetore, Rodrigo Vicente, Thalita Duarte e Wellington Candido | Figurino: Thais Mukai | Design de luz e músico: Elves Ferreira | Operação de Luz: Caroline Alves | Edição de Vídeo: Filipe Dias | Cenografia: Lucas Vitorino e Thalita Duarte | Cenotecnia: Eprom Eventos e Luis Fernando Soares | Operação de Vídeo: Lucas Vitorino | Treinamento corporal: Rodrigo Vicente e Rodolfo Vetore | Preparação corpo e voz: Paula Klein | Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini | Produção: Caroline Alves e Thalita Duarte.
Temporada: de 13 de julho de 2018 a 04 de agosto de 2018
Dias e Horários: sextas às 20h e Sábado às 19h
Duração: 100 min
Faixa etária: 12 anos
Local: Ocupação Artística Canhoba – Cine Teatro Pandora – Endereço: Rua Canhoba, 299 – Perus. São Paulo/SP.
Preço: Contribuição voluntária
Lotação: 40 lugares