Ao adaptar o best-seller de Mario Puzo, Francis Ford Coppola fez uma ópera sobre gângsters no estilo pulp fiction, uma epopeia sobre o patriarcado, a família e a própria América. É um trabalho magistral que merece sua reputação. Coppola estabeleceu boa parte das regras do jogo do cinema dos anos 70 com seu domínio técnico. O diálogo e os personagens do filme entraram imediatamente para o imaginário coletivo dos frequentadores de cinema. Al Pacino e James Caan se tornaram estrelas, o filme ganhou o Oscar de Melhor Filme e de Melhor Roteiro, além de Melhor Ator para Marlon Brando, em um retorno triunfal. (EUA, 1972. Colorido, 175 min).
Embora O Poderoso Chefão tenha entrado para a cultura popular principalmente por causa da trilogia cinematográfica e outros subprodutos, o romance de Mario Puzo (1920-1999), publicado em 1969, continua sendo a força que impulsiona a indústria cultural relacionada à mafia. Acima de tudo, apesar e talvez justamente por causa de sua prosa acessível e clara, o romance de Puzo é um exemplo do potencial criador de mitos da literatura contemporânea. Sem com isto deixar de fazer uma necessária crítica política a um sistema econômico que permite e até estimula organizações criminosas como a máfia, ao questionar a legitimidade e a origem do poder quando aprofunda a ideia de que, como afirma a epígrafe de Balzac, “por trás de toda grande fortuna há um crime”.
A exibição de O Poderoso Chefão comemora os sete anos do Ciclo Cinema & Literatura no MIS-Campinas. Como conta o curador do ciclo, Ricardo Pereira, “desde agosto de 2011 realizo no Museu da Imagem e do Som de Campinas o ciclo “Cinema & Literatura” que, como o próprio nome sugere, exibe adaptações cinematográficas de obras literárias, mas não quaisquer obras literárias. O primeiro critério de seleção dos filmes que compõem o ciclo é justamente a qualidade da obra literária na qual se baseiam. Por conta disto, neste seis anos de ciclo, pude discutir com o público presente grandes clássicos da Literatura. Já foram realizadas 73 sessões”.
Entre os clássicos da literatura vistos e discutidos no ciclo, estão Ulysses (James Joyce), “O Processo” (Franz Kafka), “A Montanha Mágica” (Thomas Mann), “Em Busca do Tempo Perdido” (Marcel Proust), “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (Machado de Assis), “Anna Karenina” (Leon Tolstoi), “Os Irmãos Karamazov” (Fiodor Dostoievski), “Germinal” (Emile Zola), 1984 (George Orwell), “O Conto da Aia” (Margaret Atwood), dentre outros.
O ciclo “Cinema & Literatura” acontece toda primeira sexta do mês e se divide em três partes: a primeira – que é justamente a exibição do filme; a segunda – em que se apresenta a obra literária, seu autor, o contexto em que foi elaborada e sua fortuna crítica; e o terceiro – em que se confronta livro e filme, discutindo as alterações que, por acaso, foram feitas, o grau de fidelidade ao espírito do romance, bem como sua atualidade, estimulando, assim, sua leitura, objetivo principal do ciclo.
Todas as sessões no MIS Campinas são gratuitas e seguidas de debate. (Carta Campinas com informações de divulgação)