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Parlapatões apresentam sua versão antropófaga e tropicalista de ‘O Rei da Vela’

O Rei da Vela, dos Parlapatões

Em São Paulo – Símbolo do Movimento Antropofágico de Oswald de Andrade, a peça “O Rei da Vela” ganha uma montagem dos Parlapatões, em comemoração aos 27 anos da trupe. Com adaptação de Hugo Possolo e direção musical de Fernanda Maia, o 64º trabalho do grupo está em cartaz no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt, até o dia 15 de julho, sempre às sextas, sábados e domingos, às 21h.

A encenação enfatiza o caráter burlesco e festivo da obra, em clima de cabaré abrasileirado, com forte influência das linguagens do Teatro de Revista, do Circo e do Teatro Épico de Bertolt Brecht. “O Rei da Vela é também um projeto de encenação que recoloca o grupo diante da sua expressividade popular e cria um circo-teatro provocativo, desprendido do melodrama, para se lançar sobre um caráter épico que busca a festa e alegria como prova dos nove”, explica o diretor.

Como já é marca registrada dos Parlapatões, os atores saem de seus personagens e se comunicam diretamente com o público. Um narrador que representa o próprio Oswald (personagem do ator Nando Bolognesi), conduz a plateia pela poética do autor, deixando expostas algumas rubricas originais do texto e jogando com a narrativa.

O espetáculo narra a saga de Abelardo I (personagem de Hugo Possolo), um agiota inescrupuloso que ganhou muito dinheiro em vários segmentos, sobretudo comerciando velas em um país atrasado, onde a energia elétrica ficou tão cara que a população já não consegue mais pagar por ela. Ao lado de seu empregado-pupilo Abelardo II, ele se aproveita da crise econômica para emprestar dinheiro, com juros altíssimos, para o povo faminto.

Abelardo I tem um casamento convenientemente negociado com Heloísa de Lesbos (personagem de Camila Turin), filha de uma família falida e tradicional de latifundiários do café. Submisso ao capital internacional, o protagonista está disposto a fazer qualquer tipo de negócio com os americanos, sem pensar nas consequências dessas transações. Esse sistema de exploração que ele ajudou a construir acabará deglutindo-o no último ato da peça, quando ele é substituído por seu fiel criado.

“A trama consegue traçar mais do que uma linha de tempo da transformação da sociedade brasileira no início do século passado – de um Brasil medieval e colonizado para um país urbano, dominado pelo capitalismo e pretensamente liberto. Ela perfaz um arco dramático que escancara as intenções sociais e políticas das personagens que percorrem os três atos da peça para revelar os meandros da alma humana submetida aos jogos de dominação do poder”, acrescenta Possolo.

O novo olhar para o texto modernista, que mostra como a colonização sem limites, escravagista e patriarcal marcou a nossa cultura e o comportamento social, possibilita que pensemos melhor em nosso futuro como nação. Para isso, a trupe estudou a fundo os movimentos antropófago e tropicalista.

Mais informações no SITE do Espaço Parlapatões. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Sinopse: 
Conhecido como o Rei da Vela, o inescrupuloso empresário Abelardo I aproveita-se da crise econômica no país para emprestar dinheiro para a população faminta com juros altíssimos. Ele se casou com Heloísa de Lesbos, filha de latifundiários falidos do café, só para se aproveitar do nome da família quatrocentona. Submisso ao capital estrangeiro, Abelardo I topa qualquer negócio com os americanos para aumentar seu lucro, mas ele será engolido pelo próprio sistema que ajudou a criar e substituído pelo seu capacho empregado Abelardo II.

Ficha técnica: 
Adaptação e direção: Hugo Possolo
Elenco: Hugo Possolo, Camila Turim, Alexandre Bamba, Nando Bolognesi, Fernanda Maia, Tadeu Pinheiro, Fernando Fecchio, Conrado Sardinha, Fernanda Zaborowsky, Renata Versolato, Daniel Lotoy
Músicos: Abner Paul, Léo Versolato, Daniel Warschauer e Evandro Ferreira.
Figurino: Telumi Helen
Direção musical e Trilha Sonora: Fernanda Maia
Cenário: Marcio Medina
Desenho de luz: Guilherme Bonfanti
Assistente de direção: Ernani Sanchez
Produção: Erika Horn
Comunicação e Redes Sociais: Janayna Oliveira
Programação visual: Werner Schulz
Coordenação de produção: Parlapatões / Nada de Novo Produções Artísticas
Realização: Prefeitura Municipal de São Paulo – 30º Fomento ao Teatro / Serviço Social do Comércio: Sesc Santana

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