No enredo do espetáculo, uma velha vedete vive aprisionada no palco de suas memórias. Abandonada e solitária, passa o tempo a procurar vestígios e tecer lembranças que a permitam reviver o afeto humano. Nessa situação insólita, que desafia o limite entre realidade e fantasia, acompanhamos a busca pela redenção da artista em meio à degradação de sua condição.
Esse é o clima do primeiro trabalho solo de Gabriel Bodstein, que assina criação, roteiro e atua no espetáculo. De caráter intimista, a peça convida o espectador a observar de perto esta estrela em decadência, e o conduz ao universo dos pequenos e preciosos detalhes dos acontecimentos da vida.
A Vedete é um espetáculo de máscara inteira expressiva (onde não há utilização do recurso vocal do ator) e é construído a partir do estudo dos princípios físico e gestual da máscara teatral.
Para criar a personagem, o ator precisou observar a natureza feminina e descobri-la no seu corpo. “Me abasteci de uma boa dose de Clarice Lispector e Hilda Hilst. No acervo de vídeos e fotos das grandes vedetes brasileiras, tanto em seu auge como em sua decadência, busquei material para criar sensações, gestos e ações. A maior parte das cenas foi criada a partir desse estudo, e a cada cena você descobre um pouco mais da própria figura. A máscara é muito concreta e precisa traduzir precisamente seus estados”, conta Gabriel.
O universo de sonho e memória é instaurado com o desenho de luz de Gabriel Greghi, que trabalha com penumbra e escuridão. A iluminação do espetáculo surge como um segundo personagem dentro da trama. Ela revela e esconde o passado dessa velha artista e, por vezes, chega a conduzir a senhora até suas memórias.
Em Diário Baldio, montagem do grupo Barracão Teatro indicada ao Prêmio Shell em 2011, Gabriel Bodstein dava vida à figura de uma travesti. No novo trabalho ele retoma o universo espetaculoso desses seres da noite com uma vedete decadente. Para dar cara a essa mulher, o figurino – assinado por Antônio Apolinário – é um vestido longo e antigo, mostrando que ela, agora decrépita, já teve muita beleza.
“Depois de 12 anos de estudo e parceria com o Barracão Teatro, decidi fazer um projeto dando continuidade à linguagem da máscara, mas que emergisse da minha experiência solitária na sala de ensaio. Foi um ano e meio de trabalho desde a confecção da máscara até a estreia” conta Gabriel.
Gabriel é ator e pesquisa a máscara teatral desde 2005. Com o Barracão Teatro, coordenado por Tiche Vianna e Esio Magalhães, foi indicado ao Prêmio Shell 2011, na Categoria Especial, pela pesquisa e criação de “Diário Baldio – uma tragicomédia de máscaras”, onde atua e é coautor da dramaturgia. Ainda no Barracão Teatro, esteve no espetáculo “Freguesia da Fênix” e fez parte da equipe de atores pesquisadores dos projetos “Dramaturgia da Máscara” e “Dramaturgias Contemporâneas – da cena ao texto”. Sua formação com a máscara passa também por experiências com mestres como Enrico Bonavera, Fernando Linares, Venício Fonseca, Daniela Carmona, Fernando Martins, Luis Louis e Cristiane Paoli Quito. Formado pela Escola de Arte Dramática (EAD/USP), é integrante e fundador do Grupo 59 de Teatro.
A entrada é no chapéu (o espectador decide o valor que pagará após assistir ao espetáculo) com distribuição de ingressos uma hora antes do espetáculo. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Ficha técnica:
Criação, atuação e roteiro: Gabriel Bodstein. Desenho de luz: Gabriel Greghi. Figurino: Antônio Apolinário. Confecção de máscara, cenário e adereços: Gabriel Bodstein Fotografia – Bruno Bernardi. Vídeo de divulgação: Victor Ribeiro. Arte gráfica: Ângela Ribeiro. Assessoria de imprensa: Renan Ferreira. Assistente de produção: Jane Fernandes. Produção: Pulo do Gato Produções Artísticas
Gênero: drama
Duração: aproximadamente 45 minutos
Indicação: 12 anos