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Memória, sonho e solidão atravessam espetáculo de máscara ‘A Vedete’

O espetáculo “A Vedete”, com criação e atuação de Gabriel Bodstein, fará duas apresentações em Barão Geraldo no próximo final de semana, dentro da programação especial de comemoração dos 20 anos do Barracão Teatro. As apresentações acontecem no sábado, 19, às 21h, e domingo, 20, às 20h.

No enredo do espetáculo, uma velha vedete vive aprisionada no palco de suas memórias. Abandonada e solitária, passa o tempo a procurar vestígios e tecer lembranças que a permitam reviver o afeto humano. Nessa situação insólita, que desafia o limite entre realidade e fantasia, acompanhamos a busca pela redenção da artista em meio à degradação de sua condição.

Esse é o clima do primeiro trabalho solo de Gabriel Bodstein, que assina criação, roteiro e atua no espetáculo. De caráter intimista, a peça convida o espectador a observar de perto esta estrela em decadência, e o conduz ao universo dos pequenos e preciosos detalhes dos acontecimentos da vida.

A Vedete é um espetáculo de máscara inteira expressiva (onde não há utilização do recurso vocal do ator) e é construído a partir do estudo dos princípios físico e gestual da máscara teatral.

Para criar a personagem, o ator precisou observar a natureza feminina e descobri-la no seu corpo. “Me abasteci de uma boa dose de Clarice Lispector e Hilda Hilst. No acervo de vídeos e fotos das grandes vedetes brasileiras, tanto em seu auge como em sua decadência, busquei material para criar sensações, gestos e ações. A maior parte das cenas foi criada a partir desse estudo, e a cada cena você descobre um pouco mais da própria figura. A máscara é muito concreta e precisa traduzir precisamente seus estados”, conta Gabriel.

O universo de sonho e memória é instaurado com o desenho de luz de Gabriel Greghi, que trabalha com penumbra e escuridão. A iluminação do espetáculo surge como um segundo personagem dentro da trama. Ela revela e esconde o passado dessa velha artista e, por vezes, chega a conduzir a senhora até suas memórias.

Em Diário Baldio, montagem do grupo Barracão Teatro indicada ao Prêmio Shell em 2011, Gabriel Bodstein dava vida à figura de uma travesti. No novo trabalho ele retoma o universo espetaculoso desses seres da noite com uma vedete decadente. Para dar cara a essa mulher, o figurino – assinado por Antônio Apolinário – é um vestido longo e antigo, mostrando que ela, agora decrépita, já teve muita beleza.

“Depois de 12 anos de estudo e parceria com o Barracão Teatro, decidi fazer um projeto dando continuidade à linguagem da máscara, mas que emergisse da minha experiência solitária na sala de ensaio. Foi um ano e meio de trabalho desde a confecção da máscara até a estreia” conta Gabriel.

Gabriel é ator e pesquisa a máscara teatral desde 2005. Com o Barracão Teatro, coordenado por Tiche Vianna e Esio Magalhães, foi indicado ao Prêmio Shell 2011, na Categoria Especial, pela pesquisa e criação de “Diário Baldio – uma tragicomédia de máscaras”, onde atua e é coautor da dramaturgia. Ainda no Barracão Teatro, esteve no espetáculo “Freguesia da Fênix” e fez parte da equipe de atores pesquisadores dos projetos “Dramaturgia da Máscara” e “Dramaturgias Contemporâneas – da cena ao texto”. Sua formação com a máscara passa também por experiências com mestres como Enrico Bonavera, Fernando Linares, Venício Fonseca, Daniela Carmona, Fernando Martins, Luis Louis e Cristiane Paoli Quito. Formado pela Escola de Arte Dramática (EAD/USP), é integrante e fundador do Grupo 59 de Teatro.

A entrada é no chapéu (o espectador decide o valor que pagará após assistir ao espetáculo) com distribuição de ingressos uma hora antes do espetáculo. (Carta Campinas com informações de divulgação)

Ficha técnica:
Criação, atuação e roteiro: Gabriel Bodstein. Desenho de luz: Gabriel Greghi. Figurino: Antônio Apolinário. Confecção de máscara, cenário e adereços: Gabriel Bodstein Fotografia – Bruno Bernardi. Vídeo de divulgação: Victor Ribeiro. Arte gráfica: Ângela Ribeiro. Assessoria de imprensa: Renan Ferreira. Assistente de produção: Jane Fernandes. Produção: Pulo do Gato Produções Artísticas

Gênero: drama
Duração: aproximadamente 45 minutos
Indicação: 12 anos

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