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Guardiãs da natureza

.Por Iolanda Toshie Ide.

Quando a humanidade começou a migrar menos, as mulheres se fixaram na terra. Os homens continuaram a buscar novas terras, a guerrear para subjugar outros povos. Mulheres investiram na proteção da vida: descobriram o sabor de frutas, raízes, caules, folhas; desvendaram os segredos das sementes, selecionaram, semearam e inventaram a agricultura.

Enquanto os homens procuravam inventar armas cada vez mais mortais, mulheres descobriram os segredos da cura pelas plantas e animais. Mitigando a dor e protegendo a saúde, descobriram a fitoterapia. Coletando, produzindo e preparando alimentos, garantiram a vida.

Por milênios, enquanto uns devastavam e se saciavam a custa da fome de outros, mulheres inventaram a ecologia. Protegeram as florestas, as nascentes de água, as cascatas, plantas, animais. Durantes milênios foram as principais guardiãs de cerca de 10 milhões de espécies da biodiversidade formada ao longo de três bilhões de anos.

As expedições de conquista (e seus desdobramentos0 ocorridas a partir do século XV, além de eliminar populações quase inteiras, causaram grandes danos ambientais. O processo de colonização no Brasil, inicialmente destruiu parte da Mata Atlântica, avançou sobre o Cerrado, a Caatinga, a Amazônia. Hoje só resta 8% da mata Atlântica. A monocultura e a pecuária completou a devastação com a pata do gado avançando milhares de quilômetros para além da devastação pela extração do pau-brasil.

Originário de onde hoje se localiza o Irã e o Iraque, o trigo passou a ser cultivado na Europa e, depois no Canadá, Martinica, Argentina e outros países. Em direção inversa, foi levada a batata do Peru para a Europa e sul da Ásia. O tomate e o milho do México para a Europa (principalmente Itália), este último para a África. Da América Central, o cacau foi introduzido no Brasil e largamente produzido em Gana. Da Etiópia foi trazido o café. Para a construção da Ferrovia Noroeste do Brasil, abriu-se a floresta. O Povo Kaingang foi quase todo dizimado no estado de São Paulo. Para o cultivo do café a se exportar, outra imensa porção da floresta foi devastada.

A busca do lucro pelos colonizadores levou à monocultura extensa de espécies exóticas introduzidas à custa de amplos desmatamentos, destruindo muitas espécies da flora e da fauna. A “revolução verde” atentou ainda mais contra a biodiversidade provocando imensas erosões, assoreando rios, envenenando a água, o solo o ar.

Empobrecemos: menos Povos Indígenas, menos línguas e cultura indígenas, menor diversidade de flora e fauna. Que mulheres possam continuar Guardiãs da Natureza e da diversidade.

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