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Stephen Hawking partiu pra nunca mais… (Mais vivo que gente que nem morreu ainda)

.Por Luís Fernando Praga.

Stephen Hawking morreu. Está definitivamente morto.

Stephen Hawking sabia que, depois de morto, seu corpo valeria, a título de adubo orgânico, tanto quanto o corpo de qualquer outro ex-vivo. Valeria tanto quanto o corpo de um fascista, de um extremista religioso, um político corrupto, de um general sanguinário, de um capitalista desumano e escravagista. Todos poderiam ser fertilizantes tão eficazes quanto ele.

Se a morte o igualaria a gente tão destrutiva, apegada ao passado e à ignorância, ele passou a dar o máximo valor à vida à sua vida.

Desejou aproveitar cada dia e cada instante para sua realização e para entregar à humanidade algo diferente: uma vida realmente útil.

Tentou ser feliz e certamente o foi, muito mais que qualquer general e qualquer bispo bilionário.

Apesar de suas limitações físicas, de todos as equivocadas e absurdas decisões humanas que criaram e regem essa nossa sociedade doente e de todas as infelicidades que a vida reserva para cada um de nós, Stephen Hawking conseguir ser muito feliz e deve ter tido muito orgulho de ter sido quem ele conseguiu ser.

Stephen Hawking era inteligente, racional e coerente. Ele era um incentivador da ciência, da inclusão social e da ciência como forma de inclusão social.

Stephen Hawking morreu num momento em que o pensamento majoritário parece ter aberto mão da razão e das razões para se viver de forma solidária.

Uma onda de fascismo assola o mundo e, de certa forma, fico feliz que ele não tenha precisado conviver com o desenrolar desse sofrível retrocesso histórico.

Agora ele morreu.

Ele está morto e não cuidará nem olhará por nós “do lado de lá”, entretanto sua contribuição, suas conquistas e descobertas, seus feitos e seu exemplo em vida, em prol da humanidade, do planeta e de sua própria felicidade continuarão contribuindo para a evolução humana sem prazo de validade.

Assim é que se conquista a vida eterna.

Não é preciso comprar nada, muito menos um lugar no céu.

Não é preciso escravizar nem enganar ninguém, não é preciso reproduzir discursos irracionais, baseados em mitologia e datados da mais tenra infância humana.

Não é preciso impor nenhuma crença, não é preciso o discurso de ódio, não é preciso o discurso do medo, não é preciso ameaçar!

Você pode ter a fé que bem entender, ela será sua e apenas sua, pois as pessoas são únicas.

Stephen Hawking depositava sua fé na ciência e isso fez dele um dos maiores cientistas da história, sem ter jamais que “forçar” ciência para a vida de ninguém.

Por isso não é correto, para com o futuro e as próximas gerações, impor uma crença religiosa; e moldar uma criança às práticas de uma determinada religião é praticamente uma imposição.

Um inocente aceita o que lhe é passado como verdade e, dali pra frente, deixa de estar aberto ao livre pensamento e a novas possibilidades.

Não é correto para com o futuro soterrar as evidências científicas sob crenças incompatíveis com a evolução.

Creia em seu deus, mas não o utilize para iludir as pessoas, massacrá-las e massacrar o bom senso.

É preciso estar aberto à ciência e é preciso estar ciente de que a história é uma ciência, viva, dinâmica e construída por nós mesmos, por isso, de uma forma ou de outra, seja pelo tempo que for, todos marcaremos a história e algo de nós, além do adubo, poderá sobreviver à nossa morte.

Obrigado ao que foi Stephen Hawking! Obrigado por ter dividido comigo a vida nesse planeta! Obrigado por ter sido tão humanamente transformador e admirável!
Obrigado por, em sua imortalidade, não ter deixado o mínimo vestígio de alienação ou de ódio.

Que cada vez mais pessoas aprendam a viver e a morrer como você conseguiu!

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