As apresentações acontecem nos dois últimos finais de semanas de março, de 23 a 25 de março, e de 30 de março a 1 de abril (sextas-feiras, sábados e domingos). A atriz Andréa Beltrão ainda é a convidada de uma dupla programação teatral. No dia 30, às 16h, a atriz participa também da primeira edição do ano do Camarim em Cena, ação na qual artistas compartilham com a plateia suas experiências antes de subir ao palco. A mediação é da crítica teatral Maria Eugênia de Menezes, do site Teatro jornal.
Antígona, que estreou em 2016, traz Andréa Beltrão como a personagem-título da trama: uma jovem princesa que enfrenta a ordem do rei Creonte de deixar seu irmão, que lutou na guerra, sem sepultura. Ao desobedecer a determinação real, ela paga com a própria vida. É estabelecido, então, o confronto entre o Estado e o cidadão.
A história se passa em Tebas, uma cidade do Antigo Egito, e foi escrita há 2.500 anos por Sófocles. Fez tanto sucesso na época que o público ateniense ofereceu ao autor o governo de Samos, uma das ilhas gregas. Na Antígona de Haddad e Andréa, ao contrário do autor original, que partiu do mito já conhecido para o teatro, parte-se do teatro para chegar ao mito que dá nome ao espetáculo.
“Todos esses mitos que povoavam o imaginário grego, como Antígona, faziam parte do dia a dia do povo, funcionavam como um bem público”, analisa o diretor assinalando que, quando o teatro se estabeleceu naquele tempo como uma forma de expressão artística, todos já conheciam o que seria representado. “Sófocles se apoderou da história e escreveu esse texto. O que Andréa e eu fizemos foi partir das informações da peça para chegarmos ao mito.”
Na opinião da atriz, um texto clássico, como este ou qualquer peça de Shakespeare, não é de interpretação complicada. As narrativas embaralham as emoções por ir direto ao coração, à memória, e aos sentimentos. “Como um texto escrito há 2.500 anos pode falar exatamente sobre o que eu sinto agora? Não é a gente que lê o texto da tragédia grega, é a tragédia grega que lê a gente, por isso não precisamos ter medo de não entendê-la. Faz parte de nós, enriquece, questiona, exige que tentemos mais uma vez”, analisa Andrea.
Para ela e o diretor, essa montagem transpira uma atualidade gigantesca. “Fala da liberdade do cidadão diante do poder do Estado e de como isso atinge a vida mais ancestral do ser humano”, observa Haddad. “A peça se dá nessa reflexão feita por ator e público sobre a história, por meio de uma excelente narradora, que é a Andrea”.
Em diálogo com a plateia em ritmo acelerado, conectado ao movimento do mundo contemporâneo, a atriz se utiliza de recursos mínimos, como uma echarpe vermelha ou um casaco, para desenrolar a trama e, assim, ir povoando o palco com os personagens interpretados por ela mesma.
Igualmente, a cenografia apresenta linguagem moderna e reforça a atuação da artista entre os atos de narrar e representar este mito, em cenas que se desenvolvem diante de uma espécie de árvore genealógica, em forma de mural. Uma cadeira, uma escada, uma mesa e um amplificador para o som com microfone, complementam o cenário. A proposta é restaurar a força popular do teatro. (Ludmilla Souza/Agência Brasil)
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Acesso para pessoas com deficiência
Entrada gratuitaDistribuição de ingressos:
Público preferencial: 2 horas antes do espetáculo (com direito a um acompanhante)
Público não preferencial: 1 hora antes do espetáculo (um ingresso por pessoa)