Considerada uma das melhores produções do compositor Carlos Gomes (1836-1896), a ópera Lo Schiavo, abre a temporada artística da Orquestra Sinfônica de Campinas no dia 9 de março, sexta-feira, às 20h, no Teatro Castro Mendes. Sob a regência do maestro Victor Hugo Toro, o mesmo repertório, que inclui a Suíte para Cordas, de Sant’Anna Gomes, irmão de Carlos Gomes, será apresentado no sábado, 10 de março, também no Teatro Castro Mendes.
Nos dois concertos, a ópera, com argumento original elaborado por Alfredo D’Escragnolle Taunay (Visconde de Taunay), será executada em versão de concerto, sem encenação.
Para interpretar a história do amor proibido da índia Ilara e do europeu Américo, tendo como moldura as lutas entre indígenas e portugueses, a Sinfônica de Campinas traz os solistas: Elaine Morais e Joyce Lima Martins (sopranos), Enrique Bravo (tenor), Douglas Hahn e Vinícius Atique (barítonos), Saulo Javan (baixo-barítono).
Abrir o ciclo de concertos com Lo Schiavo representa trazer a história à tona por ser uma obra de forte inspiração abolicionista, destaca o maestro Toro: “Há 130 anos o Brasil deu um passo com a assinatura da Lei Áurea, libertando perto de 700 mil escravos e finalizando quase 300 anos de humilhante servidão. Um ano e poucos meses depois, Carlos Gomes estreava seu Lo Schiavo, com todos os elementos de um bom enredo operístico: revoltas, refúgios, paixões. É também a música da saudade de Carlos Gomes por sua terra: a lembrança do céu brasileiro, das florestas, dos amores, tudo junto a uma composição inspiradíssima e uma orquestração muito sofisticada. Na terra de Carlos Gomes e na lembrança de uma data histórica tão significativa para o Brasil, que outra obra poderíamos ter escolhido para abrir a nossa temporada 2018 em grande estilo?”
Considerações do pesquisador Leonardo Augusto Cardoso de Oliveira sobre as obras apresentadas:
Sant’Anna Gomes (Campinas, 1834 – 1908)
Suíte para Cordas
Sant’Anna Gomes, assim como seu pai, chegou a escrever para a igreja, mas sua produção mais significativa não estava diretamente ligada à tradição cristã. Sua vida não se restringia à música: foi vereador, juiz de paz, presidente da junta militar, comerciante e empresário. Hoje sua obra encontra-se no Museu Carlos Gomes de Campinas. Muitas de suas composições estão diretamente relacionadas à música de salão, assim como em sua suíte em que um compilado de suas obras foram organizadas — Berceuse, Dudu Gallop e Frederiquinho. Morre de pneumonia no ano de 1908.
Carlos Gomes (Campinas, 1836 – Belém, 1896)
Lo Schiavo (O Escravo)
Observamos na escolha do índio, em Lo Schiavo, um reforço do imaginário coletivo que coloca o papel do índio como herói nacional. O momento de estreia da ópera, estava associada ao movimento de libertação dos escravos, que seria o mote inicial da obra, mas por uma escolha dos editores, mudou-se para o tema indígena.
Iberê e Ilara são dois nativos da tribo dos Tamoios. Pertenciam ao conde Rodrigo, pai de Américo. O filho está apaixonado por Ilara e tem seu amor reconhecido pela índia. Américo acaba por libertar Iberê, que o promete sua fidelidade. Durante uma viagem ao Rio de Janeiro, para a repressão de um levante indígena, Américo se afasta da fazenda do pai e o patriarca acaba casando Ilara e Iberê que agora estão livres. Ilara, ao notar o esforço de seu marido em fazê-la feliz, revela seu amor a Américo. Iberê, então, com ciúmes, captura Américo com ajuda de seu grupo. Entretanto, para manter seu juramento, acaba por libertar seu benfeitor e se mata para que Américo e Ilara possam continuar suas vidas em fuga sem perseguições. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Programa
Sant’Anna Gomes (Campinas, 1834 – 1908)
Suíte para Cordas – 12’
Berceuse
Dudu Gallop
Frederiquinho
Carlos Gomes (Campinas, 1836 – Belém, 1896)
Lo Schiavo (O Escravo) – versão de concerto -100’
Orquestra Sinfônica de Campinas
Regente: Victor Hugo Toro
Solistas: Elaine Morais e Joyce Lima Martins (sopranos), Enrique Bravo (tenor), Douglas Hahn e Vinícius Atique (barítonos), Saulo Javan (baixo-barítono).
Quando: 9 e 10 de março, sexta e sábado, 20h.
Onde: Teatro Castro Mendes (Praça Correa de Lemos, s/nº, Vila Industrial. Campinas). Telefone (19) 3272-9359.
Ingressos: R$30,00 (inteira), R$ 15,00 (estudantes, aposentados), R$ 10,00 (professores das escolas públicas e privadas de Campinas e das cidades da Região Metropolitana, pessoas com mobilidade reduzida e portadores de deficiências), R$ 5,00 (estudantes das redes municipal e estadual).
Classificação indicativa: 6 anos.