.Por Marcelo Sguassábia.
Mas se os ingleses são solitários, os brasileiros são por natureza solidários. Talvez aí resida a principal diferença entre os súditos da rainha, aparentemente tão tristes e cabisbaixos em sua nublada rotina, e nós, solares, extrovertidos e sempre sorrindo para a vida ou dando de ombro aos revezes. Um povo prestativo e solícito, pronto a ajudar por vocação, não por obrigação.
O fato é que, da cinzenta ideia do Ministério da Solidão, surgiu ao Governo Federal a simpática iniciativa de instituir o Ministério da Solidariedade.
Como disse John Kennedy, com raro senso patriótico: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, e sim o que você pode fazer pelo seu país”. Nosso Brasil não suporta mais tamanha carga tributária, que tanto onera o preço final dos produtos e o orçamento dos mais necessitados. Assim, ao invés de criarmos novos e impopulares impostos, incentivaremos a solidariedade de nossos cidadãos, para que espontaneamente doem recursos aos cofres públicos – o que é bem diferente da taxação compulsória.
Sabe-se que todo o alto escalão do Ministério da Economia estará reunido hoje e nos próximos dias, em caráter de urgência, debruçando-se sobre as logísticas de arrecadação e os incentivos necessários a atrair o contribuinte.
Uma das ideias em pauta é a emissão, em papel moeda marcado com brasão holográfico da República, do certificado “Cidadão Solidário”, a ser entregue a todos os doadores de quantias superiores a R$1.500,00. Nele, o governo compromete-se a ser tolerante em demandas de fiscalização que não envolvam estelionato e outros delitos graves, como forma de recompensar a ajuda extra desembolsada pelo cidadão que aderir às doações. Obriga-se, ainda, a destinar os recursos provenientes da receita solidária exclusivamente à saúde, à educação e à segurança pública, com prestações de contas periódicas no Portal da Transparência.