Segundo publicações na imprensa a empresa americana Boeing, a segunda maior empresa de defesa e mercado aeroespacial do mundo, terá uma fatia de 51% de uma nova empresa, criada partir de uma fusão com a brasileira Embraer. Mas o que é a instituição Embraer e o que ela representa? A Embraer, para quem não conhece, é um conglomerado transnacional brasileiro, fabricante de aviões comerciais, executivos, agrícolas e militares. É a terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, a quinta maior de jatos executivos e a principal exportadora brasileira de produtos de alto valor agregado.
Aberta por iniciativa e esforço da Aeronáutica, na década de 1950, a empresa é detentora de importantíssimos projetos na área de defesa nacional, como a fabricação do KC-390, o maior avião produzido na América Latina e do Projeto FX-2, focado em um programa de reequipamento e modernização da frota de aeronaves militares supersônicas da Força Aérea Brasileira.
A determinação do governo ilegítimo de manter a famosa “golden share”, conhecida como ação de classe especial que permite vetar a transferência do controle acionário da ex-estatal é jocoso. É um ataque direto e mortal sobre a soberania nacional e uma cusparada na cara de cada brasileiro que se importa com o País.
A ingenuidade de certos brasileiro com síndrome de vira lata permite que o Brasil continue acumulando ex-estatais. O Brasil foi o último país a aderir ao neoliberalismo na América Latina graças ao Consenso de Washington e sua cruzada para transformar democracias progressistas legítimas em quitandas continentais, onde se tira o que quer a preço de banana.
Houve um golpe muito bem articulado (a direita só consegue sobreviver através de golpes) para introduzir uma ideia completamente infundada de que empresas estatais “lesam o povo brasileiro com toda sua burocracia e ineficiência econômica”. Será que alguém se lembra da Vale do Rio Doce, hoje conhecida apenas por “Vale”, e de seu inescrupuloso processo de venda?
A empresa, que foi taxada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) como “estatal ineficiente” era a maior empresa estratégica do Brasil e apresentava em suas reservas minerais valores que ultrapassavam os R$ 100 bilhões em 1997. A empresa foi vendida por R$ 3,3 bilhões. Inacreditáveis 3,3% do seu valor de suas reservas.
O mesmo aconteceu com a Eletropaulo, maior distribuidor de energia da América Latina. A controvertida privatização da Eletropaulo em 1998, resultou em uma CPI e várias ações populares. Os benefícios para os usuários nunca não ficaram evidentes. A compra foi por parte da companhia americana AES e foi parcialmente financiada pelo BNDES, totalizando R$ 2 bilhões.
A avaliação constatou que a empresa deveria ser vendida por algo em torno de R$ 22 bilhões. Ou seja, a AES comprou uma propriedade do Estado brasileiro, com dinheiro do Estado brasileiro, não pagou a dívida – pois o BNDES converteu US$ 1,3 bilhão do saldo devedor em ações e debêntures – e ficou com o lucro.
Foi igual com uma suposta Petrobrax (A estatal Petrobras, maior empresa do país e terceira maior da América Latina, quase mudou para PetroBrax no governo de FHC). E lá se foram Usiminas, Açominas, Banestado, Embratel, Light S.A, TELERJ, Rede Ferroviária Federal e tantas outras.
A entrega da soberania nacional e suas privatizações forçadas, a partir do início da década de 1990, tiveram como seu maior mentor Fernando Henrique Cardoso, presidente de eloquência sociológica e inglês esdrúxulo, incapaz de criar uma única Universidade Federal nos seus dois mandatos (democrático o primeiro e comprado, o segundo) e que passa seus intermináveis dias escrevendo livros inúteis e financiando o estudo de “filhos de amigas” em Paris.
O Brasil vive um momento extremamente delicado e nunca precisou tanto de seus filhos como agora. O Executivo é ilegítimo. O Legislativo é corrupto e corruptor, legislando em causa própria. Por sua vez, o Judiciário vem se apresentando como a nova forma de engendrar golpes em países democráticos. O fuzil deu lugar à toga.
Agora, com Temer na presidência, colocando em prática um programa de governo do PSDB, que foi recusado nas urnas, se faz necessário refletir sobre que tipo de país ou resto de país será deixado para o futuro. (Da RBA)