De acordo com a investigação, além da pressão por conseguir o contrato, Sylvino também pressionava para que o governo Jonas Donizette (PSB) entregasse mais dinheiro público para a Vilate. A investigação da Operação Ouro Verde acredita em desvios de cerca de R$ 4 milhões da saúde pública de Campinas.
Um breve pesquisa na internet mostra uma grande cobertura do Correio Popular sobre a OS Vitale Saúde. Mesmo antes da Vitale assumir, o jornal já fazia matérias críticas contra a antiga administradora do Hospital, a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). As matérias podem corroborar as investigações do Ministério Público. O jornal acompanhava todos os passos da Prefeitura de Campinas com a Vitale Saúde.
Por exemplo, em 8 de abril de 2016, o jornal publicou notícia sobre um evento meramente burocrático, a homologação do contrato com a OS Vitale Saúde. Mas nessa mesma matéria, tem um trecho interessante no último parágrafo, quando relata a própria cobertura do Correio sobre a antiga administradora do hospital: “Em dezembro, o Correio fez uma série de matérias relatando problemas no hospital“, diz a reportagem e cita os temas abordados na série. Em 11 de fevereiro de 2015, publicou uma matéria relatava ação do Tribunal de Contras do Estado (TCE) sobre a antiga administradora do hospital (foto).
No dia 3 de julho de 2017, apenas 5 meses antes do escândalo de corrupção, o jornal publicava uma notícia eufórica a favor da Vitale Saúde com o título: “Nova gestão impulsiona atendimento hospitalar“. A reportagem relata os ‘feitos’ divulgados pela própria OS Vitale Saúde. O jornal abandonou o tom crítico usado com a antiga gestora do hospital.
Até solicitação da Vitale na prefeitura de Campinas virava reportagem no Correio Popular. Em 25 de janeiro de 2017, o jornal publicava matéria sobre uma solicitação da Vitale Saúde para que a Prefeitura de Campinas construísse uma base da Guarda Municipal com dinheiro público. O secretário parece ter ficado indignado com o pedido e respondeu com ironia, relatada na própria matéria. “Fazer a segurança do estacionamento dele? Desculpa: é o concessionário que paga. Faz parte do serviço que ele tem que prestar”, teria respondido o secretário de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública de Campinas, Luiz Augusto Baggio.
A relação entre a empresa de mídia e a Vitale Saúde apareceu no relatório do Ministério Público. Em uma conversa entre o Ronaldo Foloni, diretor da Vitale, e Tata Bertoncello, presidente da empresa, há o relato de que o médico Gustavo Khatar Godoy, filho de Sylvino teria afirmado que a Vitale só foi contratada pela Prefeitura de Campinas “graças à intervenção de Sylvino junto ao prefeito Jonas Donizette, em troca de cessar as matérias negativas que eram realizadas pelo jornal contra a SPDM”.
Em agosto deste ano, Ronaldo Foloni, recebeu outra ligação de Gustavo, que na sequência passou o telefone ao pai, o empresário do ramo de comunicação Sylvino de Godoy Neto, proprietário do Correio Popular. “A Ronaldo, Sylvino relata duas conversas que teria tido com o secretário de Assuntos Jurídicos, Silvio Bernardin, e com prefeito de Campinas, Jonas Donizette, para pressionar a aprovação de um adiantamento ao contrato da Vitale para o pagamento de dívidas com fornecedores. Segundo Sylvino, Jonas teria dito que “têm recursos que estão entrando e que até o final de novembro deve estar com uma situação melhor de caixa”, diz o texto e esse é um dos motivos que coloca o prefeito de Campinas como investigado.
Segundo as investigações, a escolha da Vitale para administrar o Hospital Ouro Verde estaria condicionada ao fim das reportagens do grupo RAC e Correio Popular contra a administração o hospital.
Os envolvidos negam qualquer participação.
Na Câmara de Campinas, alguns vereadores assinaram uma CPI para investigar o caso do Hospital Ouro Verde, mas a maioria bloqueia a investigação. Hoje foram revelados alguns áudios.