Sob a regência do maestro Victor Hugo Toro, os músicos interpretam, na primeira parte do programa, uma série de danças barrocas francesas, seguidas de uma Suíte de Coppélia (um dos mais famosos balés da história), além de danças húngaras de Brahms, cheias de virtuosismo e influência cigana.
A “América Latina é sempre uma festa e por isso, na segunda parte, a Orquestra apresentará obras que são referências desta forma de arte”, adianta o regente Toro. Do tango argentino a uma valsa mexicana, de uma seleção de danças brasileiras de Ernesto Nazareth a uma suíte de mambos de Perez Prado, “a Sinfônica de Campinas quer terminar a temporada oficial em grande estilo”, diz o maestro. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Abaixo, considerações das obras que serão apresentadas feitas pelo pesquisador Leonardo A.C. de Oliveira.
Jean-Philippe Rameau (1683-1764)
Orquestração de Felix Mottl (1856-1911)
Suíte de Balés
Rameau foi, ao lado de Couperin, um dos compositores mais importantes da música francesa de seu tempo. Ficou conhecido pela publicação de um tratado de harmonia em 1722. Suas obras ficaram esquecidas por muito tempo e apenas no início do século XX foram relembradas. Mottl foi um dos defensores de suas composições. A primeira dança apresentada é de sua ópera Platée, que conta a história de uma proposta de casamento feito à ninfa de um pântano para curar o ciúme de Juno por Júpiter. Os movimentos que seguem remetem a instrumentos musicais – uma gaita de fole e um pequeno tambor – e são de sua ópera Fêtes d’Hébé, que tem como temática movimentos independentes que envolvem a poesia, música e dança.
Léo Delibes (1836-1891)
Suíte de Coppélia
Swanilda e Franz, um casal que está prestes a se casar, vivem em uma aldeia onde o Doutor Coppélius cria bonecos de tamanho real. Entre eles, Coppélia. Seu desejo é fazer com que a boneca transforme-se em um ser vivo e para que isso aconteça, necessita de um sacrifício humano. Coppélius tenta matar Franz. Swanilda, ao perceber, engana o doutor que nota apenas depois o ocorrido. O matrimônio, assim como a reconciliação de todos, se realiza ao final. Léo Delibes utiliza danças nacionais difundidas no cenário da época e incorpora o caráter impressionista de cores e imagens em sua obra.
Johannes Brahms (1833-1897)
Danças Húngaras
Desde muito cedo, o compositor teria tido contato com a música húngara e se encantado com seu estilo. Não tinha uma afinidade com a revolução política que ocorria na Hungria naquele momento e seu interesse se restringia ao estilo musical. As danças não são de caráter exclusivamente étnico húngaro, mas de influências dos ciganos daquele país. A orquestra apresenta transcrições das obras escritas pelo compositor para piano a quatro mãos que ganharam posteriormente sua versão para orquestra. A primeira teve como motivo a canção folclórica Isteni Csárdás e a quinta, Batfai Emlek.
Astor Piazzolla (1921-1992)
Orquestração de Rodrigo Morte (1976)
Bordel 1900
A música de Piazzolla é apaixonada, cheia de saudade e, ao mesmo tempo, atual. O compositor conseguiu elevar o tango a um nível nunca antes alcançado, incorporando em sua obra influências das cidades onde viveu: Buenos Aires, Paris, Nova Iorque. Sua variação na formação instrumental é uma preocupação contemporânea e sua voz serve como inspiração para outros compositores. Bordel 1900 é primeiro movimento de uma suíte do compositor: Histoire du Tango. O compositor procurou fazer uma síntese desse estilo musical desde o surgimento em bordéis em Buenos Aires até conquistar as salas de concerto.
Ángel Villoldo (1864-1919)
Orquestração de Rodrigo Morte (1976)
El Choclo
Villoldo foi um dos principais músicos da primeira fase do tango argentino e considerado por muitos historiadores o pai do gênero. El Choclo foi apresentado em um restaurante como dança crioula, já que os tangos eram proibidos pela elite. Traduzida livremente como O Milho, o compositor usou seu ingrediente favorito do puchero – ensopado a base de carne e legumes muito comum em casas humildes argentinas – para o nome da obra. Estava certo de que o sucesso do tango traria comida e prosperidade a sua mesa. O uso desse referencial denota forte significado social.
Juventino Rosas (1868-1894)
Sobre las Olas
Juventino Rosas foi um dos compositores mexicanos mais famosos do século XIX. Desde muito cedo tocava pelas ruas da cidade para sua própria sobrevivência e a de sua família. Chegou a entrar para o conservatório da Cidade do México, mas acabou abandonando a instituição. Sobre las Olas foi sua obra mais conhecida, mesmo tendo escrito muitas outras valsas, mazurcas e danças. A melodia inicial nos cativa e seduz, além de trazer do imaginário coletivo o caráter encantador e envolvente das valsas. Certamente existe uma influência européia em sua música, mas não podemos deixar de recorrer às valsas dos bailes de quinceañera.
Ernesto Nazareth (1863-1934)
Três Danças
Nazareth é o reflexo de seu tempo e traz em sua trajetória alguns pontos significativos para o contexto da música carioca; o olhar para as cenas do cotidiano na música; o nacionalismo na produção cultural do período; e a função social da música. O compositor caminhava entre os estilos erudito e popular e sua produção híbrida é um reflexo dessa característica. Foi um grande difusor dos tangos nacionais e também compôs sambas, canções, quadrilhas, choros e outras. Turbilhão de Beijos é dedicada ao seu amigo Dr. Benevenuto de Paula Fonseca e uma de suas valsas mais conhecidas. Bambino faz referência ao caricaturista Arthur Lucas, que também fez algumas capas das músicas do compositor. Odeon é um dos choros mais conhecidos no país e está ligado ao Cine Odeon, onde o compositor tocava na sala de espera antes do início dos filmes.
Perez Prado (1916-1989)
Suíte de Mambos
Perez Prado é um ícone da música cubana. Por volta das décadas de 1940, seus mambos foram amplamente divulgados no cinema hollywoodiano e dançados por atores como Marlon Brando ou interpretados por músicos como Nat King Cole. O mambo foi uma mistura da música afro-cubana e a instrumentação das big bands dos Estados Unidos, popularizada pelo compositor. Suas obras eram sucintas e procurava usar poucas palavras de caráter proverbial nas letras das músicas, destacando seu minimalismo. A natureza do estilo, portanto, não está nas letras, mas sim em sua música.
Programa
JEAN-PHILIPPE RAMEAU (1683-1764)
Orquestração de Felix Mottl (1856-1911)
Suíte de Balés – 7’
Minueto de “Platée”
Musette de “Fêtes d’Hébé”
Tambourin de “Fêtes d’Hébé”
LÉO DELIBES (1836-1891)
Suíte de Coppélia – 13’
Valsa
Czardas
Prelúdio – Mazurca
JOHANNES BRAHMS (1833-1897)
Danças Húngaras – 14’
N.º 1 – Allegro molto
Nº5 – Allegro
ASTOR PIAZZOLLA (1921-1992)
Orquestração de Rodrigo Morte (1976)
Bordel 1900 – 3’
ÁNGEL VILLOLDO (1864-1919)
Orquestração de Rodrigo Morte (1976)
El Choclo – 3’
JUVENTINO ROSAS (1868-1894)
Sobre las Olas – 7’
ERNESTO NAZARETH (1863-1934)
Três Danças – 12’
Turbilhão de Beijos
Bambino
Odeón
PEREZ PRADO (1916-1989)
Suíte de Mambos – 12’
Peanut Vendor
Patrícia,
Quizás, quizás, quizás
História de um Amor
Orquestra Sinfônica de Campinas
Victor Hugo Toro, regente
Quando: sábado, 9 de dezembro, 20h;
domingo, 10 de dezembro, 11h
Onde: Teatro Castro Mendes (Praça Correa de Lemos, s/n. Vila Industrial. Campinas).
Telefone (19) 3272-9359.
Ingressos: sábado – R$30,00 (inteira), R$ 15,00 (estudantes, aposentados), R$ 10,00 (professores das escolas públicas e privadas de Campinas e das cidades da Região Metropolitana, pessoas com mobilidade reduzida e portadores de deficiências), R$ 5,00 (estudantes das redes municipal e estadual).
domingo – valor promocional: R$ 6,00 (inteira), R$ 3,00 (meia entrada); R$ 2,00 (professores das escolas públicas e privadas de Campinas e das cidades da Região Metropolitana, pessoas com mobilidade reduzida e portadores de deficiências); R$ 1,00 (estudantes das redes municipal e estadual).