“Quando se lê a declaração, você fica cada vez mais surpreso com a recorrência das violações no Brasil de hoje e o quanto muitos discursos conservadores ferem artigos muito básicos definidos por ela”, disse a coordenadora do memorial, Marília Bonas, ao contar como surgiu a ideia da mostra. “Hoje vemos grandes retrocessos nesses pressupostos básicos [da declaração] que vão fazer 70 anos”, acrescentou.
As gravuras expostas pertencem à coleção da Pinacoteca e são de artistas como Aldemir Martins, Claudio Tozzi e Amélia Toledo.
A exposição traz uma reflexão sobre a importância e o impacto de cada um dos artigos da declaração e um alerta às constantes ameaças da naturalização de diversas formas de violência, além de mostrar a necessidade de luta constante pela defesa de direitos. “O fato de você ter a declaração não significa que você tem só direitos garantidos”, disse a coordenadora.
Marília Bonas lembra que o memorial fica ao lado da Cracolândia, região de concentração de usuários de drogas. “Estamos no território da Luz, ao lado da Cracolândia, onde vemos todo dia uma brutalidade muito grande, crescendo na porta do lugar em que trabalhamos com esses temas”, disse. Além das gravuras, o público vai conferir o projeto do artista Raphael Escobar, que atua pela defesa dos direitos na Cracolândia. Nessa parte da mostra, uma rádio ficará o tempo todo ligada, trazendo as vozes de pessoas que sofrem violações, como indígenas e a população LGBT. As gravações ficarão disponíveis também no Spotify do Memorial da Resistência.
Em uma terceira parte da exposição, haverá atualização diária de notícias relacionadas às violações dos direitos humanos. “Será atualizada com notícias sobre discurso de ódio, proposta de retirada de direitos e também ações de resistência de grupos articulados, a própria resistência da sociedade a essas violações”, disse a coordenadora.
A exposição fica em cartaz até 1º de março do ano que vem, de quarta a segunda, das 10h às 18h, no Memorial da Resistência (Largo General Osório, 66), com entrada gratuita. (Camila Boehm/Agência Brasil)