A exposição esteve em cartaz de agosto de 2015 a janeiro de 2016, e trouxe para o público o olhar fotográfico de Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo de renome internacional, que aborda imageticamente a contracultura e em especial a sociedade indígena.
A ideia da exposição surgiu quando os curadores Eduardo Sterzi e Veronica Stigger notaram a relevância do trabalho fotográfico que Viveiros apresentava em seus livros, e tendo duas linhas de pensamento, balizaram o material pelo período em que o antropólogo colaborou com artistas ligados à contracultura, como o cineasta Ivan Cardoso, o artista plástico Hélio Oiticica e o poeta Waly Salomão; e do outro lado pelo acervo etnológico desenvolvido junto aos índios Araweté, Kulina, Yanomami e Yawalapíti.
O corpo, que por si só é fotografável, ganha na íris de Viveiros de Castro uma multiplicidade plástica que extravasa a previsível narrativa ocidental, e a variabilidade desse corpo é o cerne da exposição que transcendeu os espaços expositivos do Sesc Ipiranga, e alcançou pontos comerciais do bairro e trechos do Parque da Independência.
“No Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é”, a frase perturbadora do pensador reverbera muito dos seus estudos sobre a questão indígena no Brasil. Em seu trabalho como etnólogo, Viveiros pode registrar imagens de diversas tribos brasileiras, e propôs diversas discussões como o “perspectivismo ameríndio” e o viés ontológico da definição indígena.
Eduardo Batalha Viveiros de Castro nasceu em 19 de abril de 1951, no Rio de Janeiro. Cursou a graduação em Ciências Sociais pela PUC-RJ e, em 1974, ingressou no Programa de Pós-graduação do Museu Nacional (UFRJ), com um projeto de Mestrado em Antropologia Urbana. Dois anos depois, em uma breve visita à tribo dos Yawalapíti, teve seu caminho desviado para a etnologia indígena.
“São fotos de pausas, minhas e deles, de quando eu deixava o bloquinho de lado e me permitia olhar um pouco em volta”, explica o antropólogo sobre a captura das imagens. Ao lado do cineasta Ivan Cardoso, Eduardo pode trabalhar como fotógrafo de cena e argumentista, registrando os clássicos: O segredo da múmia (1982), o documentário HO
(1979), sobre Hélio Oiticica, e outros trabalhos filmados pelo cineasta na década de 1970.
Numa captura que ainda não compreende o universo indígena, Viveiros fez registros do poeta Waly Salomão e da líder comunitária Nininha da Mangueira. Esses dois olhares convergem num pensamento mais amplo sobre a compreensão do corpo e sua visualidade, e estas perspectivas se alinham editorialmente no catálogo sobre a exposição.
Janeiro. A performance é baseada no texto de Viveiros publicado pela editora n-1 na série Pandemia e foi concebida por Fernanda Silva e Sonia Sobral. Fernanda Silva é trans, atriz e diretora; conduz há 23 anos o Grupo de Teatro Metáfora que, desde 2005, mantém o Teatro Metáfora como espaço de resistência em Parnaíba, litoral do Piauí. Sonia Sobral é gestora cultural de artes cênicas. Atualmente integra grupos de pesquisas cênicas e dramaturgias.
Bate-papo às 20h com Viveiros de Castro e os curadores da exposição e do catálogo: o escritor, crítico literário e professor Eduardo Sterzi e da escritora, crítica de arte e professora Veronica Stigger. Logo em seguida, às 21h, ocorre a performance “Involuntários da Pátria”, criação de Sonia Sobral e Fernanda Silva. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Lançamento do catálogo da exposição Variações do Corpo Selvagem: Eduardo Viveiros de
Castro, fotógrafo.
Quando: 26/9, às 20h.
Grátis, classificação etária: 16 anos.
Local: Teatro (200 lugares) – Retirada de ingressos com 1 hora de antecedência, na bilheteria
da Unidade.
Perfomance Involuntários da Pátria
Leitura cênica do texto de Eduardo Viveiros de Castro, série Pandemia, N-1edições.
Quando: 26/9, às 21h.
Local: Quintal
Grátis, classificação etária: 16 anos. Não é necessária a retirada de ingressos.
Sesc Ipiranga – Rua Bom Pastor, 822